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Zitiervorschau

Momentos decisivos no início do novo ano No fim do mês de fevereiro encerraremos a campanha nacional UFOs: Liberdade de Informação Já. Em algumas semanas, o dossiê contendo o Manifesto da Ufologia Brasileira [ao lado] e o abaixo-assinado da campanha será entregue ao presidente Luís Inácio Lula da Silva e a seu gabinete civil e militar. Será um momento histórico para a Ufologia Brasileira, que se organizou, defendeu a proposta e mostrou que está coesa em torno de um ideal comum. Cerca de 20 mil pessoas já assinaram o manifesto que pede liberdade de informação sobre os UFOs. Se você ainda não o fez, há tempo. Não perca a chance de colocar seu nome na história de nossa Ufologia. Conhecer a ação de autoridades em relação ao Fenômeno UFO é um direito legítimo e inalienável de cada cidadão brasileiro. Se nosso governo pesquisa o assunto, temos que saber como e quais são seus resultados. Através do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já estamos mostrando nossa capacidade de organização ao Governo. A comunidade ufológica nacional está suficientemente amadurecida para requerer a abertura dos arquivos secretos de nossas Forças Armadas quanto às manifestações ufológicas que há mais de 50 anos acontecem e são por elas registradas. Esse fato está exaustivamente provado em mais de 400 páginas de documentos oficiais já obtidos por vias indiretas do Governo Brasileiro e disponibilizados no site da REVISTA UFO [www.ufo.com.br]. Ufologia Brasileira nunca mais será a mesma após este movimento. Ela emerge desta campanha fortalecida, mais madura e experiente, mostrando sua capacidade de ação em conjunto, com ufólogos das mais diversas linhas de pensamento falando a mesma língua: a da liberdade de informações e responsabilidade no tratamento do Fenômeno UFO.

A Comunidade Ufológica Brasileira, representada por ufólogos individuais e grupos de pesquisas, investigadores, estudiosos e simpatizantes da Ufologia, que firmam o presente abaixo-assinado, reúne-se através deste documento, sob coordenação da REVISTA UFO, para se dirigir às autoridades brasileiras, neste ato representadas pelo excelentíssimo senhor presidente da República e pelo ilustríssimo senhor comandante da Aeronáutica, para apresentar os seguintes fatos: 1. É de conhecimento geral que o Fenômeno UFO, manifestado através de constantes visitas de veículos espaciais ao planeta Terra, é genuíno, real e consistente, e assim vem sendo confirmado independentemente por ufólogos civis e autoridades militares de todo o mundo, há mais de 50 anos. 2. O fenômeno já teve sua origem suficientemente identificada como sendo alheia aos limites de nosso planeta, os veículos espaciais que nos visitam de forma tão insistente são originários de outras civilizações, provavelmente mais avançadas tecnologicamente que a nossa, e coexistem conosco no universo, ainda que não conheçamos seus mundos de origem. 3. Tais civilizações encontram-se num visível e inquestionável processo de contínua aproximação à Terra e de nossa sociedade planetária e, assim

MANIFE UFOLOGIA B

Versão ampliada a

agindo em suas manobras e atividades, na grande maioria das vezes não demonstram hostilidade para conosco. 4. É notório que as visitas de tais civilizações não-terrestres ao nosso planeta têm aumentado gradativamente nos últimos anos, segundo comprovam as estatísticas nacionais e internacionais, tanto em quantidade quanto em profundidade e intensidade, representando algo que requer legítima atenção. 5. Em virtude do que se apresenta, é urgente que se estabeleça um programa oficial de conhecimento, informação, pesquisa e respectiva divulgação pública do assunto, de forma a esclarecer à população brasileira a respeito da inegável e cada vez mais crescente presença extraterrestre na Terra. Assim, considerando atitudes assumidas publicamente em vários momentos da história, por países que já reconheceram a gravidade do problema, como Chile, Bélgica, Espanha, Uruguai e China, respeitosamente recomendamos que o Ministério da Aeronáutica da República Federativa do Brasil, ou algum de seus organismos, a partir deste instante, formule uma políti-

Todos os ufólogos, pesquisadores, leitores e entusiastas da Ufologia podem participa 4

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Janeiro 2005 – Ano 21 – Edição 106

ESTO DA BRASILEIRA

após o I UFO Minas

ca apropriada para se discutir o assunto nos ambientes, formatos e níveis considerados necessários. A Comunidade Ufológica Brasileira, neste ato representada pelos estudiosos nacionais abaixo-assinados, com total apoio da Comunidade Ufológica Mundial, deseja oferecer voluntariamente seus conhecimentos, seus esforços e sua dedicação para que tal proposta venha a se tornar realidade e que tenhamos o reconhecimento imediato do Fenômeno UFO. Como marco inicial desse processo, e que simbolizaria uma ação positiva por parte de nossas autoridades, a Comunidade Ufológica Brasileira respeitosamente solicita que o referido Ministério abra seus arquivos referentes a pelo menos três episódios específicos e marcantes da presença de objetos voadores não identificados em nosso Território: (a) A Operação Prato, conduzida pelo I Comando Aéreo Regional (COMAR), de Belém (PA), entre setembro e dezembro de 1977, que resultou em volumoso compêndio que documenta com mais de 500 fotografias e inúmeros filmes a movimentação de UFOs sobre a Região Amazônica, da forma como foi confirmado pelo coronel Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima.

(b) A maciça onda ufológica ocorrida em maio de 1986, sobre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros, em que mais de 20 objetos voadores não identificados foram observados, radarizados e perseguidos por caças a jato da Força Aérea Brasileira (FAB), segundo afirmou o próprio ministro da Aeronáutica na época, brigadeiro Octávio Moreira Lima. (c) O Caso Varginha, ocorrido naquela cidade mineira em 20 de janeiro de 1996, durante o qual integrantes do Exército brasileiro, através da Escola de Sargentos das Armas (ESA), e membros da corporação local do Corpo de Bombeiros capturaram pelo menos dois seres de origem não-terrestre, segundo farta documentação já obtida pelos ufólogos e depoimentos comprobatórios oferecidos espontaneamente por integrantes do próprio Exército, que tomaram parte nas manobras de captura, tratamento e remoção das criaturas. Absolutamente conscientes de que nossas autoridades civis e militares jamais descuidaram da situação, que tem sido monitorada com zelo e atenção ao longo das últimas décadas, sempre no interesse da segurança nacional, julgamos que a tomada da providência acima referida solidificará o início de uma próspera e proveitosa parceria.

Comissão Brasileira de Ufólogos

Exemplos a serem seguidos na América do Sul Em nosso continente a pesquisa científica e oficial do Fenômeno UFO já é uma realidade há décadas. No Uruguai, há nada menos que 25 anos, está estabelecida uma entidade oficial de pesquisas ufológicas alojada dentro da Força Aérea do país. Há mais de 8 anos o Chile, em exemplo idêntico, possui uma organização aberta e mista de pesquisas ufológicas sediada em sua Diretoria Geral de Aviação Civil. Esses países são exemplos pioneiros na América Latina em admitir às suas populações que o Fenômeno UFO é coisa séria, importante, que precisa e está sendo por eles investigado. Além dessas nações, França, Espanha, Bélgica, Rússia, China e, mais recentemente, o México admitem abertamente a existência de outras civilizações no universo – inclusive que diversas delas estão há tempos nos visitando e observando nossos passos. Não podemos ignorar a experiência dos vizinhos e devemos seguir seu exemplo. O Brasil, que tem maior Território, maior desenvolvimento econômico e maior população da América do Sul, pode vir a liderar as outras nações na forma como trata a manifestação ufológica. Isso não é utopia e depende apenas da boa vontade política de nossas autoridades e do incentivo que pode ser dado pela Comunidade Ufológica Brasileira, através do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já. Por isso, os ufólogos do país, através da REVISTA UFO, conduzem esse movimento com seriedade e determinação, e requerem que o Governo Federal se alinhe com as nações acima citadas, especialmente as de nosso continente, estabelecendo um projeto aberto de investigação ufológica e permitindo que dele tomem parte os pesquisadores civis.

ar da campanha. Veja como no texto e no site da Revista UFO: www.ufo.com.br Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

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A BUSCA DO RECONHECIMENTO Todos os entusiastas e interessados por Ufologia, diretos ou indiretos, assim como pesquisadores, estudiosos, autores e conferencistas, de qualquer linha de pensamento, ligados a qualquer grupo ufológico ou não filiados a nenhum, residindo em qualquer parte do Brasil ou do exterior, de qualquer idade, religião e ideologia, podem participar da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já e ajudá-la a crescer. Basta que reconheçam como legítimos os termos expressos no Manifesto da Ufologia Brasileira, que agora contém, além do requerimento oficial para liberação dos arquivos da Operação Prato e da Noite Oficial dos UFOs no Brasil, uma solicitação formal para que o

Governo admita e revele na íntegra o Caso Varginha, de 20 de janeiro de 1996. Para participar do movimento, o interessado deve firmar o abaixo-assinado publicado no site da REVISTA UFO [www.ufo.com.br] ou o da página ao lado (um ou outro). Um convite especial é feito aos leitores e assinantes da publicação, que conhecem sua seriedade e obstinação para com a verdade, em duas décadas de história, agora expressas na campanha que a revista veicula. Entretanto, mais do que simplesmente firmar o abaixo-assinado, pedimos uma participação mais efetiva dos leitores e assinantes de UFO, engajando-se diretamente na divulgação deste movimento.

Campanha UFOs: Liberdade de Informação Já

Endereço: Caixa Postal 2182 — 79008-970 — Campo Grande (MS) Fax: (67) 341-0245 — Site: www.ufo.com.br — E-mail: [email protected]

ABRACE DE VERDADE ESSA CAMPANHA

Você pode se engajar na campanha UFOs: Liberdade de Informação Já adquirindo os bonés e camisetas oficiais. As camisetas estão disponíveis nos tamanhos P, M, G, GG e EG e custam R$ 28,00 (branca) e R$ 30,00 (preta). Os bonés têm tamanho único e custam R$ 32,00 (branco) e R$ 34,00 (amarelo-ouro e preto). Os preços incluem remessa postal. Para fazer seu pedido, mande carta, fax ou

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e-mail ao Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) e faça pagamento através de cheque nominal ou vale postal. Também aceitamos Visa e Mastercard, cujos números, datas de validade e códigos de segurança devem ser informados no pedido. Endereço para pedidos: Caixa Postal 2182, 79008-970 Campo Grande (MS), Fax (67) 341-0245, E-mail: [email protected].

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Ficha para recolhimento de assinaturas para a campanha nacional









UFOs: LIBERDADE DE INFORMAÇÃO JÁ 2005















Petição ao Governo Federal para liberação de documentos sobre Ufologia relativos à manifestação do Fenômeno UFO em nosso país, e à tomada de medidas que permitam aos ufólogos civis brasileiros participarem de suas atividades oficiais na área Idade:





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Ponto de Encontro

O Papel do Ombudsman A respeito de seu ótimo artigo Ufologia: Buraco Negro do Incognoscível, de UFO 104, acredito que o motivo pelo qual a Ufologia não tem crédito perante a comunidade científica é o mesmo que a faz atrair tantos místicos, ou seja, o fato dela lidar com fenômenos incompreensíveis. Eles só deixarão de ser assim no futuro, com o avanço da ciência e da tecnologia. Enquanto isso não acontece, muita gente continuará a se aventurar em pesquisas sem o uso de métodos científicos e haverá espaço para manifestação religiosa em torno deste tema, pois os deuses e divindades sempre estarão além do “horizonte de eventos” do conhecimento atual. Elio Battista Porcelli, por e-mail

Quero parabenizar a Revista Ufo por ter em seus quadros a figura do ombudsman, característica de publicações avançadas e modernas, zelosas de sua reputação e da qualidade do que publicam. Em particular, noto nas crônicas do ombudsman Carlos Alberto Reis, que leio com regularidade, uma clareza muito grande de idéias, o que beneficia as atividades da revista. Joana Célia A. Almeida, São Paulo (SP)

Simplesmente fenomenal a matéria de Carlos Alberto Reis, Ufologia: Buraco Negro do Incognoscível. É impressionante como o ombudsman da REVISTA UFO consegue expressar-se de uma forma tão clara, passando a todos a verdadeira mensagem dos perigosos caminhos que a Ufologia vem trilhando. Assim como Reis, percebo – e com certeza muitos leitores também – que a Ufologia atual, justamente pela falta de um objeto de estudo, vem se guiando somente por hipóteses e teorias, a maioria 8

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Apesar de tão grande e fabuloso, muito pouca coisa se fala sobre UFOs no continente africano. Ao longo de seus mais de 20 anos, a REVISTA UFO publicou apenas alguns textos sobre o assunto, quase que ignorando a rica casuística daquelas terras. Acabei de vir de Angola e conheço muitos países africanos, e posso testemunhar que temos lá um manancial fabuloso e ainda quase inexplorado de casos ufológicos de observações e contatos. Mas eles são pouco conhecidos porque, além de não haver muitos ufólogos na África, as ocorrências com naves se dão em lugares selvagens e praticamente inacessíveis. Por essa razão, é de se valorizar o trabalho do consultor Pablo Villarrubia Mauso, por levantar a casuística africana no texto UFOs Sobre a África. O artigo é uma rica e inédita fonte de informações.

— ELÓDIO MOURÃO G. CEGARA, Recife (PE) infundada e sem crédito algum. Teorias devem existir, é claro, mas desde que tenham como base informações sólidas e verídicas, e não apenas conclusões precipitadas distorcendo os fatos e apressando uma solução que sequer conhecemos. Felipe Agnello, Maringá (PR)

DVDs da Revista UFO Simplesmente sensacionais os novos lançamentos da fase digital da VIDEOTECA UFO. Fui assíduo

comprador dos vídeos da referida coleção, que agora estão sendo relançados em DVD, e apenas me pergunto porque a REVISTA UFO demorou tanto para tomar a decisão de converter seus excelentes documentários. De qualquer forma, antes tarde do que nunca. Júlio César Almendres, Sorocaba (SP)

Finalmente nossa querida UFO entrou para era digital e lançou seus DVDs. Admirador de tudo que a E QUIPE U FO produz, já adquiri os meus e achei sua qualidade

Adquiri com algum receio os DVDs da trilogia Evidências Incontestáveis, através do site da REVISTA UFO. Primeiro porque raramente faço compras pela internet e temo extravios ou mesmo golpes. E segundo porque imaginava que as imagens de UFOs anunciadas seriam um apanhado de filmes desfocados e sem qualidade, velhos e descoloridos, que não dessem uma dimensão exata da natureza dos fenômenos, para aceitá-los como não-terrestres. Pois tive a grata surpresa de me enganar nos dois casos. Não somente fiquei muito satisfeito com o atendimento recebido após minha compra, com os produtos chegando rápida e seguramente ao meu endereço, como também com a qualidade das imagens dos DVDs. Fiquei abismado em saber que existe um acervo dessa natureza, com mais de 400 minutos de filmes de UFOs em condições tão fantásticas.

muito boa. Realmente, vocês não estavam exagerando nos anúncios da trilogia Evidências Incontestáveis quando disseram que os produtos teriam qualidade compatível com material importado. Compro sempre DVDs nos Estados Unidos e vi que o material da revista não perde em nada para o que recebo de lá. Milton Hermano Tomé, Uberaba (MG)

Mal recebi os DVDs recém lançados pela REVISTA UFO e passei todas as 7 horas e quase 20 minutos da duração da trilogia Evidências Incontestáveis na frente da tevê. Conforme avançavam as impressionantes imagens de UFOs em todo o mundo, em filmagens tão claras e bonitas, uma pequena multidão de parentes e vizinhos foi se achegando. Quando vimos, passava das 04h00 da madrugada... Fiquei muito feliz em poder mostrar a todos, em cores, porque acredito acirradamente no Fenômeno UFO. David Campos Puttini, por e-mail

Já abri um espaço de grande destaque na estante de minha sala de estar para recheá-lo com os DVDs ufológicos que a REVISTA UFO vai lançar daqui pra frente. Os primeiros três já estão lá e chamam a atenção de todo mundo que me visita. Décio Procov Stanislav, Cascavel (PR)

— IRACY COELHO D. CAMPOS, Sapiranga (RS) Janeiro 2005 – Ano 21 – Edição 106

Leitores se Manifestam Gostaria de parabenizá-los pela ousadia de levarem à frente este projeto fantástico que é a busca do novo, da procura por respostas aos segredos do universo. Somente pessoas com grande inteligência e senso de localização é que levariam adiante uma iniciativa tão inovadora quanto esta.

Nielton Silva Azevedo, por e-mail

Compro a REVISTA UFO já faz algum tempo e noto que sua parte gráfica está melhorando cada vez mais, mas os textos estão piorando muito. A edição 103 estava de péssima qualidade. Uma revista como a UFO não pode lançar uma edição assim. Ilton Leandro S. Júnior, Curitiba (PR)

Liberdade de Informação No atual estágio evolutivo da humanidade, há pessoas que não somente acreditam que estamos sendo visitados e monitorados por seres de outras esferas, como para elas estes são eventos normais e corriqueiros. Portanto, não apresentam motivo algum para questionamentos nem reações de espanto, medo ou dúvida. Qualquer pessoa com mente aberta consegue vislumbrar o cenário à sua volta e, com um pouco de bom senso, concordará com estas colocações. Mas, infelizmente, a corrida desenfreada atrás de bens materiais, status e poder muitas vezes não deixa as pessoas voltarem seus olhos para o alto e verem que cada estrela que brilha acima de nós é um sol, e que cada um deles certamente possui um sistema planetário à sua volta, similar ao nosso, com planetas girando ao redor e aumentando as chances

de existir vida inteligente. Frente a tudo isso, vamos torcer para que a EQUIPE UFO tenha êxito na campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, para que de uma vez por todas a população seja informada a respeito deste assunto fascinante. Hélio Antonio Seidel, Araranguá (SC)

Acho válida a campanha feita pela REVISTA UFO para a divulgação dos incidentes envolvendo UFOs, porém creio que os esforços serão em vão. O governo dos Estados Unidos controla todas as informações a respeito dos UFOs e não permitirá que os fatos cheguem ao público. Se o Governo Brasileiro liberasse dados sobre os muitos eventos ufológicos que ocorrem em nosso país, que são camuflados por ele e pelos norte-americanos, haveria represálias por parte dos Estados Unidos. Seriam sanções de ordem econômica e política, ameaçando o Brasil. Por isso não vejo perspectivas positivas para o sucesso desse empreendimento, mas valem a iniciativa e a intenção desta publicação para que um assunto tão polêmico possa ser compartilhado por toda a população deste país. Cláudio Bestetti Costa, por e-mail

UFO 105 A REVISTA UFO fechou 2004 com chave de ouro. Os textos da edição 105 estavam simplesmente excelentes, com destaque para mais uma brilhante matéria do co-editor Marco Antonio Petit, Ufologia, Espiritualidade e Reencarnação. Também apreciei muito a entrevista com Joshua Shapiro. E de pensar que o Brasil é um dos grandes produtores de crânios de cristal... Priscilla Ocampos Shimaru, Brasília (DF)

Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

Como apreciador de ficção científica e Ufologia, sempre achei que a revista era falha em não associar essas áreas. Afinal, a ficção ajuda – e muito – a compreender os fatos reais ligados à presença extraterrestre em nosso planeta. No entanto, qual não foi minha surpresa ao encontrar o texto sobre a série The 4400 em UFO 105. O artigo Hollywood Expõe as Abduções só pecou numa coisa: foi muito curto. Sugiro que a REVISTA UFO explore mais o talento do consultor Renato Azevedo e publique matérias sobre os inúmeros filmes e seriados de ficção científica que surgem a cada mês na tevê. Bernardo Luís Limoncelli, Campinas (SP)

É notório o fato de que UFOs eram regularmente vistos durante os tempos bíblicos, assim como ETs conviviam com nossos antepassados de maneira bem mais aberta de como ocorre hoje. A interação de nossa raça com outras, que vinham à Terra e seus seres eram confundidos com divindades, deverá um dia ser admitida e melhor explicada pelas autoridades religiosas mundiais. Enquanto isso não acontece, vamos aprendendo mais sobre esses aspectos de nossa história com textos como Aliens nas Sagradas Escrituras, do bispo dom Fernando Pugliesi. Parabéns ao autor por sua clareza e coragem em levantar esses fatos. Elaine V. Mathias, por e-mail

Planos para o ano que começa Em 2005 nossas atividades serão intensificadas de diversas formas. A UFO ESPECIAL, que voltou a circular em março passado com periodicidade bimestral, desde janeiro deste novo ano passa a ser mensal, com conteúdo cada vez mais aprofundado dentro da temática ufológica. A série dará apoio à tradicional UFO, veiculando textos mais extensos e material específico sobre os mais varados aspectos da Ufologia. Até abril próximo teremos outra novidade para os leitores: a volta de nossa também querida UFO DOCUMENTO, que teve sua circulação encerrada prematuramente há quase 10 anos. Esta série será trimestral, mas conterá farto material documental sobre a presença alienígena na Terra. Estas notícias são sinal de que teremos muito trabalho em 2005, quando completamos 21 anos de existência. Mas não são

as únicas boas novas. Também faremos lançamentos regulares de produtos de duas séries já consagradas: as coleções BIBLIOTECA e VIDEOTECA UFO. A primeira será reativada ainda no primeiro semestre, com a produção de novos títulos de autores selecionados. Em cerca de oito anos, a biblioteca teve 14 lançamentos – quase dois por ano. Nossos consultores já estão com seus trabalhos em andamento para breve publicação. Da mesma forma, a videoteca, que conta com 34 títulos lançados em 12 anos de atividades, está sendo convertida para formato digital e receberá adições de novíssimos documentários recém produzidos nos Estados Unidos, Japão, Europa e Austrália. Com todas essas atividades, certamente faremos de 2005 um dos anos mais profícuos para a Ufologia Brasileira.

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Diálogo Aberto Maharaja Chandramukha Swami

A vida alienígena na visão védica “V

ibhishana chegou com o carro aéreo, que parecia uma montanha, e disse: ‘Entrai a bordo, ele está aqui’. Quando todos se achavam a bordo, o imenso carro alçou vôo com o estalar de fogos de artifício e cataratas. Em seguida, silenciosamente, quando já subira a uma boa altura, virou-se para o norte, descrevendo ampla curva ascendente”. Essa curiosa descrição de uma viagem num disco voador poderia se encaixar perfeitamente em centenas de relatos modernos de experiências de seres humanos com ETs. No entanto, esse é um trecho da obra épica hindu Ramayana, que tem mais 8 mil anos. Ele é apenas um exemplo de como a humanidade terrestre tem convivido com seres de outros pontos do universo ao longo de sua existência. E entre os povos da Terra que têm mais consciência disso está, justamente, o hindu, cujas tradições religiosas e históricas descrevem os UFOs como vimanas. No Brasil, uma das maiores autoridades em hinduísmo é o maharaja Chandramukha Swami, profundo estudioso da cultura védica que representa em sua religião – a Vaishnava, que a maioria das pessoas identifica como Hare Krishna – praticamente o mesmo que um bispo representa para a Igreja Católica. Chandramukha Swami atua na comunidade Vrajabhumi, situada no município de Teresópolis, na região das serras cariocas, estando instalada

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num vale onde os adeptos e simpatizantes da filosofia Vaishnava podem participar de cerimônias, palestras, cultos e ritos em meio a uma paisagem paradisíaca. Ele recebeu nosso enviado, o consultor João Oliveira, para uma longa entrevista, em que fala abertamente de objetos voadores não identificados e seres extraterrestres. “O maharaja é uma pessoa de grande cultura e sabedoria, e ainda assim simples e acolhedora. Ele tem profundos ensinamentos sobre nosso relacionamento com ETs no passado”, relatou Oliveira, que também é comunicólogo, publicitário e graduando de psicologia em Campos dos Goitacazes (RJ). Vamos à entrevista. UFO — Maharaja, o que é o hinduísmo e como ele funciona no Brasil? CHANDRAMUKHA — O termo hinduísmo não é encontrado na literatura védica, por ser mais recente. A história nos conta que existia um rio chamado Sindhu, que dividia a antiga Pérsia da Índia, e os persas que tentavam pronunciar seu nome, quando não conseguiam, falavam hindu. Por isso, começaram a chamar os povos do lado de lá daquele rio de hindus. Hoje em dia, o que se chama de hinduísmo é um complexo religioso, pois a literatura védica é muito profunda e reconhece diferentes níveis de consciência dos seres humanos – além de diferentes

UFO — Poderia nos descrever como são esses caminhos? C HANDRAMUKHA — Karma é o caminho da motivação material, mas também religiosa, no qual a pessoa se aproxima de Deus ou de seus agentes – os semideuses – em troca de benefícios materiais. Na Índia você encontra adoração a Kali, Shiva e a Ganesha em diferentes templos, praticada por adoradores que já têm com tais entidades uma relação e aceitam sua autoridade superior. Eles passam a ter um intercâmbio e recebem deles opulências materiais. É depois disso – e muitas vezes esse processo pode durar várias vidas – que a pessoa chega ao segundo estágio, Jnana. Nesse ponto a pessoa já não está mais interessada em benefícios materiais, grosseiros, mas sim em conhecimento espiritual, que é justamente a Jnana. Existem outros caminhos para se chegar lá, com austeridade, penitências, meditação e sacrifícios. A fase final é Bhakti, também conhecida como Prema ou o amor a Deus. Neste ponto a pessoa tem um caminho ligado diretamente à adoração a Deus, quando a renúncia e o desapego às coisas grosseiras, se tornam algo natural. João Oliveira

Entrevista concedida a João Oliveira



O Ramayana é repleto de referências a UFOs, como ‘...e de Brahma ele recebeu o imenso carro aéreo, que era movido pelo pensamento e capaz de voar com cavalos ou sem eles, do tamanho de uma cidadezinha e coberto de flores’



— CHANDRAMUKHA SWAMI tipos de caminhos espirituais que cada um tem a capacidade de seguir. Existe uma divisão muito grande de opções religiosas para que uma pessoa vá gradativamente se elevando, até chegar no nível de perfeição que é o amor a Deus, a prática mais elevada. Existem três caminhos: Karma, Jnana e Bhakti.

UFO — E como esse processo se reflete no movimento Hare Krishna? CHANDRAMUKHA — Bem, são várias as formas e os processos disponíveis, e todas elas misturadas passam a ser chamadas de hinduísmo. Já o movi-

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UFO — Como podemos saber quando buscar a Deus ou a um semideus? CHANDRAMUKHA — Mesmo que uma pessoa tenha desejos materiais a serem satisfeitos – e isso é normal – ela pode tentar atingi-los buscando a Deus. Por exemplo, uma criança, na medida em que se desenvolve e cresce, começa a pedir coisas para o pai, que vai achar o fato interessante e até apreciar, pois isso faz parte do avanço natural da criança. Porém, chegará um momento em que a criança cresce a tal ponto que não tem mais que pedir, e sim servir. Ela desenvolverá com o pai uma amizade e depois ela o servirá. Existe um estágio em que você é motivado materialmente a inverter sua posição, quando Deus passa a ser um servo e as pessoas vão à igreja com uma lista de coisas que gostariam que Ele lhes desse. Há muitas religiões que colocam as coisas justamente assim, sendo Deus meramente como um supridor de seus desejos. Mas na verdade, como crianças, se formos filhos mais maduros e evoluídos, vamos também nos preocupar com o pai e ver o que ele precisa. E ele quer que tenhamos esse relacionamento de amor, para que também possamos ajudá-lo a distribuir esse conhecimento espiritual e alertar outros filhos. Essa é a nossa função. UFO — Na literatura védica existem casos de observações de objetos voadores não iden-

tificados, assim como é freqüentemente citada a existência de outros planetas e criaturas vivendo neles. Fale-nos um pouco sobre isso. C HANDRAMUKHA — No conceito da cosmologia védica, nosso universo material, embora muito grande, é limitado. Temos uma divisão entre planetas superiores, que são chamados de celestiais, os intermediários – dos quais a Terra faz parte –, e os inferiores, chamados de infernais. Nos planetas superiores vivem os Devas, que são seres muitos qualificados e têm nível de consciência superior. Nos inferiores existem os Asuras, seres que agem sob influência de uma natureza demoníaca, nefasta. E nos intermediários, como o nosso planeta, há um meio-termo, uma paixão material. Assim, embaixo há a ignorância, acima está a bondade e aqui predomina a paixão. UFO — Como a Terra se situa ante os planetas superiores e os inferiores? CHANDRAMUKHA — Os planetas ditos intermediários, como a Terra, são sempre visados pelos Devas e pelos Asuras. Todos a desejam, assim como outros mundos intermediários, e há uma forte competição. A literatura védica, que remonta há milhões de anos, traz muitas histórias sobre tal disputa. Os Puranas, escribas que contam as histórias mais antigas da tradição védica, deixam claro que essa luta entre os demoníacos Asuras e os Devas sempre aconteceu – e ambos sempre tentaram conquistar a Terra, porque

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ela é um lugar positivo, agradável e cheio de recursos naturais. Em outras eras – hoje estamos na era Kali, que começou há 5 mil anos – os semideuses e os humanos viviam numa grande comunhão e havia um intercâmbio de visitas entre seus mundos. Naquelas épocas, os humanos eram mais qualificados, detinham poderes místicos e viajavam através de naves chamadas vimanas, que não eram grosseiras, mas feitas de elementos sutis. Mana significa mente e a palavra vimana quer dizer “nave de elemento refinado e sutil, quase mental”. UFO — A humanidade terrestre convivia com outras civilizações? CHANDRAMUKHA — Sim, os seres humanos tinham acesso aos planetas celestiais quando executavam atividades piedosas, que chamamos Punya ou Sukrti. Quando acumulavam tais qualidades, eles eram premiados com visitas aos mundos superiores. Por sua vez, os semideuses também visitavam a Terra para poder não somente transmitirem conhecimento e uma tecnologia espiritual, mas

também para se associarem com os sábios de nosso mundo, da mesma forma que, em planetas inferiores, outros seres faziam visitas exploratórias – é a prática dual do explorar ou servir, ou se faz uma coisa ou outra. Os que vivem em planetas inferiores querem explorar, e os que vivem nos superiores querem servir. Essa realidade sempre existiu. Por exemplo, quando Krishna veio à Terra, há 5 mil anos, a situação era exatamente essa. Em nosso planeta havia, naquela época, uma deidade chamada Bhumi, muito pesarosa. Os reis que governavam a Terra eram demoníacos e faziam de tudo para destruir seus recursos, quando então Bhumi se aproximou de um dos seres mais elevados da hierarquia celeste – Brahma – e, juntamente com outros semideuses, orou e pediu ajuda. UFO — E o que aconteceu a partir daí, então? CHANDRAMUKHA — Brahma ouviu as preces de Bhumi e conduziu seu pedido a Deus, Vishnu, que tomou providências. Segundo as traduções védicas, Vishnu teria mandado uma mensagem à Terra, de que viria até aqui para dar proteção aos seus habitantes. Disse também que todos os semideuses deveriam nascer em nosso planeta para ajudá-lo na missão de proteger seus habitantes bem-intencionados e remover os elementos perturbadores. Remover significava matar tais elementos, só que, como a alma é eterna, eles apenas abandonariam seus corpos terrenos e seriam transferiBritish Heritage

mento Hare Krishna está ligado a este último caminho, Bhakti, a parte da devoção amorosa a Deus, numa visão politeísta. Existem na cultura védica os semideuses, como os Devas, que são agentes de Deus com funções específicas. Também temos Surya (o deus do Sol), Indra (da chuva) e Vayo (do vento), e assim por diante. São todos agentes de Deus.

Escultura hindu de mais de 6 mil anos, mostrando o povo e dignidades da época observando a chegada de uma carruagem espacial, uma vimana

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Diálogo Aberto dos para planetas infernais. Essa batalha entre o bem e o mal ocorreu com a ajuda dos semideuses, que vieram à Terra e participaram desse processo. Existe um diálogo muito famoso no Baghavad Gità, que descreve o que teria acontecido alguns minutos antes desse conflito devastador, que acabou sendo chamado de Batalha de Kuruksetra. UFO — Foram utilizadas naves espaciais nesta batalha? CHANDRAMUKHA — Sim. Eram armas as quais nós não tínhamos acesso e mesmo hoje não podemos entender, artefatos com poderes completamente sobrenaturais. Por exemplo, a Bramastra, que significa arma espiritual, era na verdade um dispositivo lançado contra as pessoas, com grande poder de destruição. Muitos semideuses participaram do conflito. UFO — Essa batalha é relatada nas escrituras védicas. Mas também está lá que os semideuses chegavam à Terra em naves espaciais? CHANDRAMUKHA — Sim. Para nós, que estudamos os Puranas e o Srimad Baghavatam, esse é um assunto completamente aceito e não nos surpreende. Para quem conhece as tradições védicas, a vinda de naves com semideuses ao nosso planeta é assunto quase banal. Assim como nós temos nossos veículos e os usamos para visitar alguém, seres superiores que faziam o mesmo no passado – ainda fazem. Eles têm seus veículos, só que não são iguais aos nossos, pois não possuem a mesma tecnologia limitada que possuímos na Terra. Seus veículos são muito superiores, até porque as distâncias que eles precisam percorrer são muito maiores. Há centenas de histórias relatadas na literatura nas quais se descreve como os sábios que viviam noutros planetas se valiam de seus veículos para nos visitar. 12 :: www.ufo.com.br ::

UFO — Interessante. Não há também uma história nas tradições hindus em que um semideus viria voando em sua nave e, passando sobre uma casa, teria visto um cidadão com sua esposa e resolvera roubar-lhe a mulher? CHANDRAMUKHA — Sim, existe um relato assim. Há até histórias mais curiosas, como aquela que descreve que um ser caiu de sua nave porque ficou contemplando uma mulher terrena. Isso está nos livros hindus de milhares de anos de idade. UFO — O que é Garuda? CHANDRAMUKHA — Garuda é uma palavra feminina. É o transportador de Vishnu, que tem a aparência de uma águia, rosto de águia e corpo de ser humano. Garuda é também considerada um Deva ou ser divino. Assim como Brahma é transportado por um cisne e Shiva por um touro, todos os semideuses têm um veículo. Alguns dizem que são naves, outros têm a tendência de projetar sua experiência ao formato desses transportadores, vendo-os como aviões ou pássaros. Mas o fato é que são seres que têm uma consciência pessoal, porque inclusive nas escrituras védicas eles conversam entre si e dão até instruções espirituais.



As vimanas eram reluzentes e poderosas, mas acercar-lhes significava grande perigo. O prudente era esperar autorização de seus vistosos proprietários. Muitos de nós eram levados por eles para conhecer as belezas celestiais



— RAMAYANA

UFO — O senhor quer dizer que além de veículos as Garudas são seres vivos com consciência? CHANDRAMUKHA — Sim, com consciência completa. Essas naves são uma espécie de seres vivos que transportam os semideuses.

Representação artística das vimanas, poderosos meios de transporte de vários tamanhos, constantemente observados na Índia, há mais de 5 mil anos

UFO — No decorrer dos últimos 5 mil anos de história ainda é possível que tenha havido a manifestação destes objetos de transporte em nosso planeta ? CHANDRAMUKHA — Certamente. O problema é que hoje o mundo está muito conturbado e as pessoas são muito ignorantes. Por isso, as naves têm que se camuflar em suas ações na Terra, pois pode lhes acontecer de tudo se não o fizerem. E também, esse não é um momento tão importante para os semideuses. Estamos num “subperíodo” que teria começado há 10 mil anos, muito positivo e auspicioso do ponto de vista espiritual, embora também seja o final de uma era muito complicada. Este é um momento em que o divino e o demoníaco estão muito presentes e já começam a aparecer com mais regularidade. Quem sabe daqui a algum tempo, quando a natureza divina se manifestar, sua presença vai ser mais sentida. Até porque, nesse estágio teremos uma compreensão melhor de nossa condição e saberemos lidar com ela. Mas também haverá na Terra a presença de seres mal-intencionados. Nosso guru Prabhupada nos fala que muitos viriam de dentro da Terra e não seriam evoluídos, muito pelo contrário. E outros viriam de planetas superiores.

UFO — Outra questão intrigante sobre os seres que visitaram a Terra no passado, descrita em certas fontes bibliográficas, diz respeito ao tempo. Parece que o tempo para esses seres não tinha o mesmo sentido que tem para nós. É como se os nossos últimos 5 mil anos pudessem ter sido apenas algumas horas para eles. CHANDRAMUKHA — É verdade. E há outro exemplo desse fenômeno, que se dá quando uma pessoa entra em coma. Ela pode ficar nesse estado por muito tempo, mas o que acontece é que, quando isso ocorre, seu Karma não está definido. Ela pode permanecer assim, sem definição, porque a dimensão em que sua consciência está é outra. Da mesma forma, o tempo nos planetas celestiais é muito mais longo do que nos intermediários, como o nosso, assim como o dos planetas infernais também é diferente. Há insetos que vi-

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James Neff

Vem da Vida, no qual trata minuciosamente de ciência – que naquela época era muito materialista. Mas de 30 anos para cá isso mudou muito e a ciência já está bastante espiritualizada. Lógico, há sempre uma linha cética em seu meio, mas ela está se abrindo. Quando houver uma combinação da ciência material com o processo crescente de obter conhecimento empírico – descendente da literatura védica –, e a comprovação de certas realidades, teremos um momento especial em nossa história. Essa ponte entre Ocidente e Oriente, cada dia mais forte, é o que há de mais importante para nós. É o que realmente está criando uma revolução.

vem apenas algumas horas aqui na Terra e sua sensação é de uma vida inteira. UFO — Quantos universos existem de acordo com a literatura védica? CHANDRAMUKHA — Uma infinidade, qualquer coisa sem número. Não é possível contar. E, incontáveis, eles saem dos poros de Vishnu, o Deus. Quando ele exala ar, os universos se manifestam. Quando ele inspira, eles são aniquilados. Só que a duração disso é inconcebível para nós. UFO — O senhor diria que a literatura védica e a física quântica estão muito próximas? CHANDRAMUKHA — A física quântica é um aspecto da filosofia védica. Um aspecto chamado Sankya, ligado à ciência védica. Quando nosso mestre espiritual Prabhupada esteve aqui na Terra, entre nós, ele escreveu um livro muito interessante, A Vida

UFO — O senhor diria que a literatura védica é algo mais subjetivo e introspectivo ou mais físico e científico. Os livros védicos podem ser considerados científicos? CHANDRAMUKHA — Existem inúmeros livros védicos, sobre todos os assuntos. Há os que são bem objetivos e científicos, pés-no-chão mesmo e até com uma visão material prática e pragmática das coisas. E há os que têm um aspecto completamente sutil e refinado, que tratam de espiritualidade pura. Lembre-se, Veda significa conhecimento, e sabemos que há todo tipo de conhecimento na literatura hindu – política, direito, cosmologia, astronomia, astrologia etc. UFO — Mas a literatura védica fala de universos interdimensionais muito antes

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da ciência tradicional. Como isso é possível? CHANDRAMUKHA — Sim, porque essa é uma realidade e tudo que é real você encontra nos Vedas. Assim como você pode se tornar um iogue, manter seu corpo aqui e viajar para outros planetas em espírito, sem naves. Isso é possível através do Yoga, embora não recomendável, por estar a situação externa desfavorável para tal prática. Porém, em outras eras os iogues se valiam de poderes místicos, viajavam a diferentes planetas, voltavam e seus corpos estavam onde os haviam deixado, tranqüilos. UFO — O senhor disse que podemos ser visitados por seres superiores e inferiores, mas existe alguma forma de sabermos como reconhecê-los a distância? CHANDRAMUKHA — O problema é que eles se disfarçam [Risos], pois querem se passar por divinos. Essa é uma característica que todos os seres neste mundo material têm – pelo menos os humanos e os inferiores. Os superiores não têm esse problema. Por isso não podemos ficar só presos a conceitos e devemos buscar um conhecimento referencial. Se você tem o conhecimento vé-



Os meios de transporte mais comuns eram o cavalo e os carros puxados por cavalos. Mas havia também carros aéreos de vários tamanhos, como o Pushpaka Vimana, que era grande como uma cidade e dirigido com a força da mente



— RAMAYANA

dico, tem o entendimento da verdade. Então, se um ser aparece a sua frente, o fato dele vir de outros planetas não importa. Se ele está agindo de acordo com o conhecimento védico, isso sim é que importa – e nesse caso ele é bem-vindo. Agora, é interessante que você tenha acesso ao Baghavad Gità, que é uma forma de contato direto com Deus. Você não precisa ter contato com outros seres intermediários. Vishnu veio à Terra há 5 mil anos e deixou todos os seus ensinamentos num livro, e este livro não é diferente dele. O contato com essa literatura é o contato direto com o Ser mais elevado do mundo espiritual, que nem é dos planetas celestiais, mas mais além. Esse contato direto podemos ter através do Baghavad Gità. UFO — Então não há duvidas quanto à existência de vida em outros planetas, de acordo com a literatura hindu. Mas quem sou eu e quem é o senhor, de acordo com tais tradições? CHANDRAMUKHA — Você é uma alma infinitesimal. Você não é fulano, você está fulano. Você esteve outras coisas antes e poderá estar novas coisas nas próximas vidas. Mas vive dentro de seu corpo, um Jivatma ou alma infinitesimal. Deus é Paramatma, a alma infinita. O que significa isso? Significa que você está dentro só deste corpo, não está dentro do meu corpo nem dentro do corpo de ninguém mais, e cada um de nós tem essa característica, que é estar limitado ao seu corpo e ter sua consciência limitada à sua atual condição. O maharaja Chandramukha Swami pode ser contatado através do autor da entrevista, João Oliveira, pelo endereço: Caixa Postal 114.334, 28001-070 Campos dos Goitacazes (RJ). E-mail: [email protected].

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Joaquim Fernandes especial para a Revista UFO, de Porto, Portugal

A

interiorização e a impregnação das famosas aparições marianas de Fátima, em 1917, no tecido mítico-cultural português são geralmente entendidas no contexto da tradição religiosa do catolicismo popular, abastecida por sedimentos arcaicos de cultos. Ao longo dos seus quase 90 anos de história, a difusão dos fenômenos de Fátima floresceu na sociedade portuguesa, sem discussões nem alternativas, e estabeleceu-se nos estreitos limites dicotômicos da aceitação ou da recusa. Como sabemos, sistemas de

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crença geram mecanismos de autodefesa, fortificando-se na impossibilidade de sua averiguação lógica e determinando o modo como percebemos e reconstruímos a “realidade”, de acordo com condições sensoriais e culturais e em moldes e limites que se vão reconhecendo e identificando. Recentemente, acentuou-se a curiosidade e o interesse nas aparições marianas, por parte de investigadores de ciências físicas, humanas e sociais, causando uma reflexão em torno de questões decorrentes dos episódios de 1917. Essa convergência concreta e desapaixonada na abordagem de fenômenos reputados como extraordinários, na alçada do “miraculoso”, não pretende colidir com o objeto religioso e devocional conferido pelo sistema de crenças relativos aos eventos da Cova da Iria, do início do século passado. Seja como for, essa iniciativa em realizar novas pesquisas dos fatos, por parte da

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nhecimento e da curiosidade humana, em sua vocação natural, vai desmentindo sucessivas impossibilidades.

RELEITURA DE FATOS RELIGIOSOS — Tendo como ponto de partida uma análise nãoconformista dos fenômenos religiosos chamados marianos, proporcionada por obras históricas publicadas a partir da década de 80, e amparados por exames realistas dos acervos originais dos fatos, este autor e a historiadora Fina d’Armada lograram fazer e podem hoje apresentar uma releitura dos fatos de Fátima, tidos como religiosos. Fina já publicara, em 1980, a obra O Que se Passou em Fátima em 1917 [Livraria Bertrand], onde questionava a natureza divina ou miraculosa dos fatos registrados pela igreja. E esse autor fizera o mesmo pouco depois, em 1982, publicando o livro Intervenção Extraterrestre em Fátima – As Aparições e o Fenómeno OVNI [Livraria Bertrand], também

Fotos cortesia Luís Eduardo Oliveira

comunidade científica nacional e internacional, acabou por desmentir a alegada impossibilidade de se enquadrar e de analisar objetivamente os fenômenos deduzidos a partir dos testemunhos do que aconteceu em Fátima. A investigação científica dos acontecimentos tem o objetivo de indagar sua natureza em profundidade, sem os limites definidos pelos eternos territórios próprios dos poderes religiosos. Sobretudo, tem importância significativa ao superar a clássica dicotomia entre crença e descrença, fé e razão, quando se desenham sinais renovadores de crenças religiosas. A investigação também não se intimidou com supostos conhecimentos elitistas, marcados por um “cientificismo positivista”, argumento sempre invocado a quem não interessa a exposição e confrontação de novos dados e perspectivas que a marcha do tempo torna viáveis. A integração de novas formas de realidade nas searas do co-

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Virgem Maria: identidade e origem investigadas mostrando que uma outra explicação havia para os fatos registrados na Cova da Iria. É com a legitimidade desses antecedentes, entre outros, que partimos para uma releitura da fenomenologia das aparições marianas de Fátima. Ao fazê-lo, gradualmente verificamos que nossas hipóteses e suposições iam ganhando fôlego e angariando companhias de peso das mais variadas origens, do ponto de vista da participação científica, com destaque para o continuado e produtivo diálogo a distância que desde cedo se estabeleceu com professor Auguste Meessen, físico teórico da Universidade de Louvaine, Bélgica, e correspondente da REVISTA UFO em seu país. Este investigador, apesar de sua condição de católico indefectível, abraçou o notável sentimento de “não se sentir aprisionado num dogmatismo qualquer e crer que o nosso dever será sempre o de procurar a verdade”, para conduzir as investigações junto desse autor e de Fina. Nossas fontes de informação são constituídas pelos interrogatórios originais dos três videntes de Fátima, além de depoimentos em primeira mão sobre os fatos, datados e selecionados em função da sua riqueza informativa. Com esta base documental – cerca de uma centena de testemunhos – constituímos um suporte informativo que apresenta um retrato representativo e historicamente verificável dos acontecimentos de 1917, naquele ermo lugar do interior de Portugal.

1917, fala de uma “...senhora muito brilhante que trazia nas mãos uma bola luminosa e virava as costas aos videntes quando partia”. Uma bola luminosa? Suas características e efeitos, como se vê neste texto, são muito interessantes.

S ER L UMINOSO —

Fatima News

Pontificcianum

Uma reavaliação das descrições dos fatos, dadas pelos videntes do suposto milagre, nos permite lançar hipóteses sobre o método de locomoção da tal senhora luminosa, seu aparecimento no topo da azinheira [Árvore de médio porte típica do norte de Portugal] e sua retirada do ambiente, após o contato. Sabemos pelos testemunhos que tais processos se deram através da manifestação gradual de um feixe luminoso e cônico, de forma retrátil e procedente do alto, originário de uma suposta nuvem dotada de um movimento peculiar – que se deslocava contra o vento – e que envolvia a figura feminina. Na literatura disponível, existem exemplos diversos de SUPOSTO MILAGRE — Por sua riqueza in- como esse tipo de feixe luminoso se manitrínseca, esta documentação foi alvo de uma festa próximo a UFOs, sendo por alguns investigação sistemática e minuciosa, com- autores designados de “luz sólida”. Entre parada com as características de observações os estudos consultados sobre tal curioso próximas de fenômenos aéreos não identifi- fenômeno estão os textos A Comparative cados – tais como o Analysis of 62 Solid Light Beam Cases Fenômeno UFO – e [Análise Comparaticom quadros sintomáva de Casos de Luz ticos de comunicação e Sólidas de 62], de aucontatos registrados no toria de Jan Heering e decurso dos últimos 50 publicado no periódianos. Uma das peças co UFO Phenomena, investigativas mais cuem 1977; e Physioloriosas e intrigantes que gical and Radiation temos em mãos é a desEffects from Intense crição original de LúLuminous Unidenticia, uma das pastorinhas que teve contato Lúcia, uma das videntes da aparição ma- fied Objects [Efeitos com o suposto milagre, riana de Fátima, ao lado do Papa. Desde Fisiológicos e Radioquando, no documento o fato, ela ficou totalmente reclusa num ativos da Intensa Luminosidade de ObjeInquérito Paroquial, de convento e isolada do mundo 16 :: www.ufo.com.br ::

tos Não Identificados], de R. C. Niemtzov, veiculado na revista UPIAR Research in Progress, de 1984. Outro fator determinante para o sucesso da investigação foi a busca de um eventual padrão na distribuição das pessoas que testemunharam o chamado “Milagre do Sol”, uma parte específica dos fenômenos marianos de Fátima, ocorrido em 13 de outubro de 1917. Pudemos conferir, tanto por localização direta quanto por extrapolação indireta, que a maioria das testemunhas se encontrava numa faixa com cerca de 70 m de largura na área da Cova da Iria, ligeiramente orientada no sentido norte-sul. Todas as pessoas que deram testemunhos dos fatos e que alegaram ter sentido efeitos físicos e fisiológicos durante a manifestação do tal Milagre do Sol – nos cerca de 10 minutos em que um objeto voador não identificado se aproximou da multidão – estavam contidas nesta área específica de terreno. Durante a manifestação do fenômeno, as sensações descritas foram desde um calor súbito e intenso à secagem imediata e inexplicada das roupas das testemunhas e do solo – alagado pela chuva intensa –, e efeitos fisiológicos instantâneos, que muitos descreveram como “curas milagrosas”. Todas essas reações se deram imediatamente após a aparente descida do artefato luminoso sobre a Janeiro 2005 – Ano 21 – Edição 106

Duas obras polêmicas de artistas italianos do século XV, ambas chamadas Anunciação. Na página anterior, a pintura de Filippo Lippi, que mostra um personagem direcionando um raio de luz à Virgem. A outra imagem, de Carlo Crivelli, mostra de maneira mais clara de onde parte o raio de luz: de um objeto voador suspenso no ar

British Museum

ser compreendida pelas a elaboração de uma hipótese que justifica o testemunhas de sua triplo e simultâneo processo fenomenológiaparição sobre a azi- co ocorrido no ápice do Milagre do Sol, e nheira sem mover os lá- explica seus efeitos de calor intenso, secabios é algo quase sem- gem da roupa e do solo, além das reações pre atribuído às comu- fisiológicas. Essa relação fundamental de nicações entre humanos causa-efeito havia sido inicialmente aventae tripulantes de UFOs, da pelo físico nuclear norte-americano Jaocorridas de maneira te- mes McCampbell, que, sabendo de nossas lepática entre as partes. investigações, reforçou a validade da hipóAté pouco tempo tese nas suas deduções acerca dos efeitos atrás, tal analogia não produzidos por uma fonte eletromagnética teria outra utilidade se (EM) daquela grandeza em seres vivos e no não a de servir de pito- ambiente. McCampbell publicou seus esturesco detalhe, próprio dos a respeito da reação a efeitos EM de do folclore da região da UFOs em humanos na obra Ufology [JaySerra de Aire, onde os mac Company, 1973]. fatos se deram. As descrições dos fatos, hoje VIVÊNCIAS EXCEPCIONAIS — Ainda que bases para muitas con- sujeita a uma futura reavaliação, a hipótetestações de sua inter- se da radiação EM ofereceria a possibilipretação religiosa, fo- dade – fundamental no ponto de vista da ram dadas através de escassez de hipóteses – de ter servido de testemunhos mais ou “canal” de comunicação entre a tal senhomenos ingênuos, feitos por crentes que con- ra luminosa e a vidente Lúcia, tal como viveram com os episódios ao redor da pe- sustentam as experiências já referidas. De quena azinheira. Só que o fenômeno do fato, desde McCampbell, experiências lazumbido, repetido inúmeras vezes em ob- boratoriais levaram a indícios não despreservações próximas de zíveis de que o modelo UFOs e em cenários culagora exposto é válido, Um fator determinante se considerarmos como turais distintos, poderia representar um indício fato que as testemunhas para o sucesso da razoável de que algo de Fátima registraram investigação foi a busca sensações auditivas não-convencional se passou em 1917. A aucomo o tal zumbido de de um padrão na dição de tal ruído podeEntre os supordistribuição das pessoas abelhas. ria somar-se às seqüelas tes adicionais a estas que testemunharam o colaterais de uma outra conclusões, estão ainda “fonte”, esta responsável experiências conduzichamado “Milagre do pelas demais evidências das pelo Canadian InsSol”, uma parte físicas descobertas nos titute of Electrical and eventos de Fátima. A Electronic Engineers, específica dos primeira associação de pelos fenômenos marianos de particularmente fatos que nos surge é pesquisadores James C. Fátima, ocorrido em 13 uma manifestação de raLinn, Sergio Sales Cudiação eletromagnética, nha, Joseph Battocletti de outubro de 1917 no espectro das microe Anthony Sances, na ondas, cujos efeitos fíobtenção do que é cosicos e biológicos vêm sendo estabeleci- nhecido por microwave auditive phenodos e aferidos desde a década de 50 por menon ou MAP [Fenômenos auditivos reequipes científicas em laboratórios fran- lacionados a microondas]. ceses, canadenses e norte-americanos. O conceito de MAP poderia, inclusive, Este indício – por muitos anos diluído ajudar-nos a discernir o tipo de comunicanas expressões emocionais dos religiosos pre- ção envolvido nas aparições de 1917, além sentes em Fátima – é o ponto de partida para de outras vivências excepcionais de caráter

multidão ali reunida. O triplo efeito descrito parece sugerir a hipótese de uma manifestação de grande amplitude energética, procedente de uma fonte externa às testemunhas e ligada ao tal objeto. Seus movimentos anômalos, que supostamente imitavam o Sol – daí sua denominação – foram simultâneos aos de efeitos físicos descritos. E ambos corroboram a natureza extraordinária dos fatos, em detrimento de diferentes modelos explicativos que advogam uma natureza alucinatória para os acontecimentos.

COMUNICAÇÃO TELEPÁTICA — Com estas

premissas em mãos, estamos em condições de promover a necessária e objetiva reavaliação dos fatos, que permitem transcender a característica sociológica e antropológica da religiosidade popular na interpretação dos eventos da Cova de Iria. Entre os já aludidos elementos materiais documentados, é importante mencionar um conjunto de referências produzidas pelos pequenos videntes e simples testemunhas circunstanciais das aparições de Fátima, como a audição de um tipo de ruído emitido pelo fenômeno e descrito nos documentos da época como um “zumbido de abelha no interior de um cântaro que se produzia sempre que a senhora falava com os videntes, sem mover os lábios”. A capacidade da senhora luminosa de expressar-se e Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005





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A ciência pode ser usada como instrumento de interpretação de fatos tidos exclusivamente como religiosos, através de áreas como a neuroteologia e a neurobiologia

Giusto Faroni

não-religioso, ambos os casos marcados por alterações de estado de consciência das testemunhas. Seja em sua matriz religiosa – como o exemplo de Fátima e outros ao redor do mundo – ou no âmbito laico, os experimentos de contato com entidades nãoterrestres são caracterizados pela recepção de algum tipo de mensagem por parte dos contactados, não raro considerados especiais ou “eleitos”, que acabam tornando-se recipientes e zeladores da mesma. O psiquiatra da Universidade de Harvard John Mack, falecido há poucos meses, estudou detidamente os casos nãoreligiosos de contatismo do ponto de vista da psicoterapia, tendo publicado os resultados na obra Abduções [Educare Brasil, 1997]. Mais recentemente, o próprio Mack ampliou seu estudo e publicou novas conclusões em Passport to the Cosmos: Human Transformation and Alien Encounters [Passaporte para o Cosmos: Transformação Humana e Encontros Alienígenas, Crown Publishers, 1999].

munho de Carolina, armazenado nos arquivos originais depositados no Santuário de Fátima, foi uma das mais importantes etapas de nossas investigações. A quase desconhecida – mas significativa testemunha – descreveu-nos pessoalmente ter recebido uma espécie de “ordem” no interior de sua

cabeça, quando observou um “anjo de cabelo louro” com pequena estatura nas imediações da azinheira, que acompanhava a descida da tal senhora luminosa. Essas ordens eram repetitivas em sua formulação à Carolina: “Vem cá e reza três Ave-Marias. Vem cá e reza três Ave-Marias”. A este cada vez mais sugestivo quadro de referências são acrescidas ainda novas descobertas científicas, que nos foram pessoalmente transmitidas por Jean Pierre Petit, as-

Há lugar na ciência para as aparições marianas e experiências religiosas? Joaquim Fernandes

ANJO DE CABELO LOURO — Sobre as expe-

Ésquilo

riências canadenses descritas, é importante registrar que elas determinaram a reverberação de ruídos no interior do crânio dos sujeitos testados, a partir de curtas descargas de radiação de microondas. O grau de percepção obtido em tais testes consistiu numa combinação de sons audíveis quando as cabeças dos sujeitos foram colocadas em linha reta com uma antena cônica, dentro de um compartimento apropriado e estático. Os estudos mostraram que os indivíduos que se submeteram ao processo ouviram um zumbido no interior de suas cabeças – especialmente quando expostos a uma radiação de microondas entre 200 e 3.000 MHz e com uma potência média de 0,4 a 2 mW/cm2, para uma densidade de nível abaixo dos 300 mW/ cm2. As freqüências moduladas variaram entre 200 e 400 Hz. Como regra geral, os sons eram percebidos especialmente na parte do occipital da cabeça dos sujeitos testados. Sobre essa sensação auditiva, cabe lembrar o depoimento da quarta vidente de Fátima, Carolina Carreira, ignorada por muitos anos pelos registros oficiais dos fenômenos de 1917. A descoberta do teste18 :: www.ufo.com.br ::

É bem conhecida a devoção do culto mariano no mundo católico, uma crença que resulta da longa sedimentação de remotas referências ligadas aos cultos matriciais femininos da deusa terra, dominantes nas culturas mediterrâneas. A longa solidificação dessas influências nas variantes da religiosidade popular, ao longo de milênios, conduziu à forte convicção de que as experiências religiosas implicadas nas chamadas “aparições marianas” seriam totalmente alheias a qualquer tipo de interpelação científica, sobretudo por parte das disciplinas mais físicas, entre as quais a psicofisiologia, a medicina, a psicologia clínica e correlatas. Se, em 1917, em Fátima, no ignorante e rural interior português, as precárias condições e impotências do conhecimento científico da época acabaram por

remeter para o mundo da fé todo um potencial conjunto de fenômenos físicos e psicológicos, já mais recentemente foi possível reverter essa lógica de abdicação graças à inquirição médica desencadeada a pretexto das aparições marianas de Medjugorje, antiga Iugoslávia, no início da década de 80. A longa resistência das atitudes mentais destilou a idéia – ainda majoritária na opinião dos católicos marianos – de que as facetas extraordinárias das tais aparições marianas estariam perfeitamente limitadas ao domínio confessional, impedidas de serem investigadas racionalmente. É curioso que essa idéia de impossibilidade ou interdição de uma investigação por parte de várias modalidades científicas procedeu tanto de vozes pseudo-racionais e agnósticas, como de fiéis e prosélitos da leitura fundamentalista das visões marianas. Em vez disso, recebemos estimulantes incentivos por parte de setores da intelectualidade católica, independentes da hierarquia da igreja de Roma.

A obra do pesquisador Joaquim Fernandes, Fátima e Ciência, resultado da investigação multidisciplinar do recente Projeto Marian, coordenado pelo Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC)

PROJETO MARIAN — Para investigar cientificamente os fenômenos marianos foi criado o Projeto Marian, sigla de Multicultural Apparitions Research International Academic Network ou Rede Acadêmica Internacional e Multicultural de Pesquisa das Aparições. E é importante esclarecer, no entanto, que não existe por parte desse autor nem dos investigadores do fenômeno qualquer animosidade quanJaneiro 2005 – Ano 21 – Edição 106

tos. Estes são fatos, como também são os estágios experimentais atingidos na investigação científica e laboratorial na área do chamado controle da mente, amplamente descrito na literatura disponível – ainda que nem toda informação sobre a matéria tenha sido integralmente divulgada.

to ao modo como as grandes instituições religiosas tentaram subjugar, no passado, territórios que pertenciam, em exclusivo, à ciência. A avaliação que fazemos no contexto do Projeto Marian pretende ir além dessa dicotomia artificial. Não se rejeita o lugar da fé nem a importância da espiritualidade na vivência integral dos seres humanos. Infelizmente, esta última é uma dimensão pouco visível no atual comércio em que se transformaram as graças e os milagres, na troca de benesses materiais imediatas que fazem lei nos santuários marianos de todo o mundo. Quem se sente em condições, hoje, de ditar o que é matéria de fé, excluindo-o de outras interpelações, esquece que o trovão e o relâmpago já foram considerados manifestações de divindades raivosas com o comportamento humano. Assim, na abordagem dessas modalidades incomuns da experiência humana, o que nos importa é o real comportamento do ser humano frente aos seus próprios limites e à experimentação global, psicofísica e espiritual daquilo que é inefável e misterioso. Importa, isso sim, é não subestimar uma regra que tem dado provas de sua eficácia no decurso dos milênios da existência do ser humano – o progresso da ciência, de que a respectiva história é testemunha. Por isso, estamos hoje em condições de propor novas perspectivas de entendimento das aparições marianas que vão além do escopo tradicional das ciências humanas e sociais, ou seja, às abordagens da antropologia física, religiosa, cultural e da sociologia, cujos estatutos de intervenção têm sido tolerados nas tímidas incursões a esse rico legado das “experiências humanas extraordinárias” – como são as do foro da religião popular, entre as quais se contam os episódios clássicos de Fátima, de 1917. E sabemos que são tímidas e limitadas as investigações levadas a cabo pelos institutos católicos, a quem caberia boa parte das responsabilidades nesta matéria. Uma

ou outra tentativa de análise detalhada tem-se defrontado com o compromisso de caráter religioso e confessional, que é a interpretação católica oficial dos eventos ocorridos na Cova da Iria, em Fátima. Daí decorrem as dificuldades de se isolar todo o vasto acervo relativo às aparições marianas portuguesas do começo do século passado.

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EXPERIÊNCIAS APARICIONAIS — O pesquisador português Raul Berenguel elenca um histórico de pesquisas nesse âmbito, realizadas em ambiente militar e de defesa, tanto nos Estados Unidos quanto na extinta União Soviética. Como se vê, a discussão das hipóteses e modelos explicativos que possam confirmar as relações de causa/efeito de ordem física, aqui considerados, é potencializada pelo crescente reconhecimento do trabalho de cientistas em diversas novas áreas da exploração científica. O biólogo suíço Claude Rifat, considerando as modalidades de “experiências aparicionais”, sugere que devemos estar atentos

PROGRESSO DA CIÊNCIA — A antologia Fátima

e a Ciência – Investigação Multidisciplinar das Experiências Religiosas [Editora Ésquilo, 2003] resultou da reunião de propostas de investigação multidisciplinar decorrentes do Projeto Marian, coordenada pelo Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC), alojado na Universidade Fernando Pessoa, em Porto, Portugal. À sua frente estão este autor, além de Fernando Fernandes e Raul Berenguel, que assinam como organizadores da obra, uma vez que ela conta com a participação de inúmeros estudiosos de várias nacionalidades e especialidades. O Projeto Marian, de caráter internacional, tem o objetivo de obter mais e cada vez melhores resultados que possam ser usados no aperfeiçoar do ser humano e seu entendimento do desconhecido. Apesar de todos os obstáculos para se chegar lá, movidos por intolerâncias de todos os tipos, os integrantes do projeto estão certos de que a antologia Fátima e a Ciência ajudará a introduzir uma terceira via para compreensão das aparições marianas e manifestações visionárias em geral. A obra reúne 15 textos de investigadores que fazem uma análise das experiências humanas extraordinárias, como as populares viagens astrais (OBE), partindo do quadro fenomenológico de Fátima. Entre os

ao papel que o locus coeruleus – importante região do cérebro dos mamíferos – desempenha na eclosão dessas situações ditas irreais. Rifat se refere ainda à hipótese de os raios X de uma fonte luminosa – como a tal senhora – interferirem no normal funcionamento daquela região cerebral. Daí surgem as alterações e diferentes leituras, além de possíveis imagens induzidas e adaptadas em função dos conteúdos culturais dos sujeitos, estimulando a obtenção de mensagens específicas entendidas pelos protagonistas desses singulares acontecimentos, que estilhaçam a nossa subjetiva “normalidade”. Em A Theoretical Frame Working for the Problem on Non-Contact Between an Advanced Extraterrestrial Civilization and Mankind [Uma Hipótese Teórica de Trabalho sobre o Problema do Não-Contato entre Avançadas Civilizações Extraterrestres e a Humanidade], publicado no periódico UFO Phenomena, em 1978, Rifat explica detalhadamente o funcionamento de sua teautores estão o matemático franco-americano Jacques Vallée e o professor belga Auguste Meessen, físico teórico da Universidade Católica de Louvaine. Meessen é conhecido por sua investigação dos pressupostos neurofisiológicos da visão implicados no chamado “milagre solar”, de 13 de outubro de 1917, em Fátima. Fátima e a Ciência é a primeira abordagem do gênero que inclui interessantes análises do ponto de vista da sociologia, história, antropologia, biologia e medicina, que resultou do Projeto Marian. Os colaboradores da obra foram convidados a partilhar suas teses e hipóteses sobre essas questões, e o fizeram de um modo espontâneo, com o objetivo de aprender uns com os outros. Quem sabe os leitores façam parte desta partilha. Os interessados podem consultar e adquirir a obra através do site da Ésquilo Editora: www.esquilo.com/esquilo.html. A devoção à Virgem Maria é um reflexo do trabalho da Igreja em transformar o fato de Fátima em motivo religioso

Enrique Diaz

trofísico do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), de Paris, e diretor adjunto do Centro de Cálculo da Universidade de Provénce. Petit nos descreveu experiências realizadas em 1979, em Toulouse, onde se confirmou a recepção por via não-auditiva desse tipo de sensação, ao se expor um sujeito a uma emissão modulada de freqüência EM. Assim, as situações descritas nos autorizam inevitáveis comparações: algo idêntico foi verificado no laboratório francês e na Cova da Iria, em Fátima, 1917. Ainda que não tratemos aqui da eventual intencionalidade ou autoria dos sinais emitidos, é lícito admitir uma natureza idêntica nos processos. Qualquer que seja o agente implícito em sua realização, é fácil reconhecer que as sensações auditivas dos videntes implicam na existência de uma fonte radiante ou “energética” nas imediações dos fatos, externa e não subjetiva, que de algum modo serviu de “canal” para um tipo de comunicação não-verbal entre a entidade luminosa e Lúcia dos San-

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oria e dá exemplos dos mecanismos que envolvem o locus coeruleus, sugerindo que ele é o importante centro anatômico do cérebro que teria envolvimento direto com os aspectos mais bizarros do Fenômeno UFO. Noutras palavras, o cientista crê que o ser humano tem um ponto nevrálgico em sua anatomia que é especialmente sensível ao contato com UFOs, desempenhando vários papéis. Do mesmo modo, é interessante observar o desenvolvimento de um novo mecanismo de análise desses fenômenos, inspirado nos recentes avanços das neurociências e que pretende abordar de um modo original as relações entre o cérebro humano e os efeitos de experiências de caráter religioso e transcendental. Com tais experimentos, a novíssima área da neuroteologia começa a se afirmar por dar valiosas contribuições ao entendimento de várias funções orgânicas que antes eram compreendidas apenas no âmbito emocional. À frente dessas novidades estão os trabalhos pioneiros do psiquiatra Eugene d’Aquili e do neurologista Andrew Newberg, investigadores da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos. Suas análises têm se concentrado no comportamento das funções cerebrais e do fluxo sanguíneo do cérebro durante a prática de meditação de budistas tibetanos. novos e consideráveis indícios que reforçam uma eventual pista em torno das interferências do efeito EM nos seres humanos, recentemente obtidos nos chamados círculos nas plantações ou círculos ingleses, por uma equipe chefiada pelo biofísico norte-americano, C. Levengood, do BLT Research Team. Investigando as zonas do interior dos agroglífos, foi possível observar em laboratório que as alterações fisiológicas dos vegetais – secagem, desidratação, atrofiamento etc – eram idênticas às produzidas por uma emissão de radiação eletromagnética de microondas e que correspondem a diferentes níveis de absorção da citada radiação pelas plantas. Levengood publicou junto a Nancy Talbot, na revista Physiologia Plantarum, de 1999, o artigo Dispersion of Energies in Worldwide Crop Formations [Dispersão de Energias em Círculos de Plantações ao Redor do Mundo], no qual

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Prefeitura de Fátima

CÍRCULOS INGLESES — Há ainda

nhas do fenômeno de Fátima. Ainda mais quando são deficientemente colhidos e muito imprecisos, afetados por um universo de constrangimentos como os que sofreram os depoentes naqueles tempos. Contudo, uma análise mínima dos fatos, com base em noções de coerência e objetividade, já apresenta interessantes resultados. O grande problema metodológico da investigação das aparições marianas de Fátima – entre outras – em meio a fenômenos evanescentes, incontroláveis e dificilmente reproduzíveis, é lograr determinar, com a melhor consistência possível, sua coerência interna, atestada por um razoável número de observações independentes. Em quadros complexos, como os do chamado “domínio do sobrenatural”, é muito importante considerar três variáveis: a confiabilidade das informações pessoais prestadas, o número de casos similares em registro documental e a análise científica dos efeitos físicos que estão em jogo. A seqüência dos aspectos físicos desses acontecimentos, eventualmente modeláveis por investigações futuras, não pode ser descartada ou minimizada. Do mesmo modo, a exploração dessas relações, ao nível da neurologia e lingüística, poderá vir a revelar-se uma via aberta para a análise da formação das supostas mensagens captadas e transmitidas pelos chamados contactados, antigos e atuais, religiosos ou leigos, em diferentes espaços e tempos culturais. Destacam-se, em especial, as implicações da neuroteologia ou neurobiologia da religião na interpretação de fatos antes religiosos ou mesmo ufológicos, agora mais próximos de uma compreensão. O futuro dessas ciências nos promete estimulantes descobertas sobre aqueles fatos considerados atualmente como inexplicáveis, que estão à margem do conhecimento e dos sistemas de crenças humanos.

Imenso vitrô do Santuário de Fátima, em Portugal, onde está representado o chamado “Milagre do Sol”, de 1917. Pesquisadores sabem, hoje, que nada se passou com o astro na época, mas que um UFO foi avistado sobre a região

ambos fazem a apresentação de sua surpreendente descoberta – que se revela altamente significativa na interpretação dos fatos alusivos ao citado Milagre do Sol, de 13 de outubro de 1917. Mas, infelizmente, nem tudo é acessível ou linear quando se trata de criar modelos e hipóteses de trabalho com base em depoimentos subjetivos, como os de forte apelo emocional prestados pelas testemu-

Joaquim Fernandes é historiador da ciência e dirigente do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC) da Universidade Fernando Pessoa, um dos autores de Fátima e a Ciência – Investigação Multidisciplinar das Experiências Religiosas e correspondente da REVISTA UFO em seu país. Seu endereço é: Praça 9 de Abril 349, 4249-004, Porto, Portugal. E-mail: [email protected]. Janeiro 2005 – Ano 21 – Edição 106

Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

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ombudsman

A

TRINÔMIO CONFUSO — Independente desses fatos – ou de complementá-los –, a figura do senhor Dino Kraspedon sempre suscitou muitas dúvidas, a começar pelo nome, que seria um pseudônimo de Aladino Félix ou ainda, de Sábado Dinotos. Um trinômio

Oswaldo Pedrosa

lgumas edições atrás, a seção Espaço do Ombudsman comentou o “caso” Dino Kraspedon, em função de um leitor que se manifestou sobre aquele acontecimento. Como ele teve a sua merecida – embora curta – réplica, caso contrário o silêncio do ombudsman poderia significar omissão ou conivência, a partir daí criou-se uma discussão a qual não tínhamos o menor interesse em alimentar. Em função daquela resposta, outro leitor partiu em defesa do protagonista do caso, e ambos fizeram insinuações desagradáveis sobre este autor no tratamento do caso. Entretanto, como surgiu um fato novo, e é nosso dever não faltar com a verdade, até onde a história é conhecida, vamos então colocar as coisas em seus devidos lugares para esclarecer o meu ponto de vista e trazer à luz alguns elementos não inteiramente conhecidos, para pôr um ponto final neste caso. Para minha surpresa, recebi um pequeno dossiê contendo, além de uma carta explicativa, cópias xerográficas de reportagens, um livro, documentos jurídicos e outros materiais, porque o remetente deve ter acompanhado os acontecimentos daquela época, e informa ter sido amigo pessoal de Dino Kraspedon, falecido no início dos anos 90. Junte-se a isso meu arquivo pessoal, a experiência de 30 anos de pesquisa, lembranças de longas conversas com o falecido professor Guilherme Willi Wirz, um dos expoentes da Ufologia Brasileira nas décadas de 60 e 70, pesquisador deste e de muitos outros casos. Temos aí um ponto de partida. Até onde minha memória não me trai, ainda é bastante nítida a expressão do professor

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confuso que dificultava saber quem era quem. Um quarto nome envolvia o senhor Oswaldo Pedrosa, suposto autor do livro Contato com os Discos Voadores [Instituto Dino Kraspedon, ano 1992]. De acordo com os referidos documentos que me chegaram às mãos, e alguns que já eram do conhecimento da REVISTA UFO, Oswaldo Pedrosa se apropriou indevidamente da autoria daquela obra, sofrendo uma ação ordinária contra perdas e danos. Esse processo tem o número 70.198.007.434-1 e circulou na 3ª Vara Cível da Comarca de Uberaba (MG), tendo sido instaurado em 22 de agosto de 2000. Portanto, o leitor Rodrigo Perretti, que informou através de carta publicada pela edição 94 da REVISTA UFO, de dezembro de 2003, ter conhecido Dino Kraspedon, fica sabendo agora que o encontro foi, na verdade, com o “falso” Dino – o Oswaldo Pedrosa – que incorporou aquele personagem e andou se apresentando em vários congressos, sempre com muito alarde por parte dos organizadores, que acreditavam estar diante de um autêntico contatado em um caso de indiscutível veracidade. Não sabiam da farsa e do imbróglio que envolvia este personagem. Em agosto de 1995, uma matéria publicada na revista Istoé reacendeu o caso, contribuindo para alimentar a crença na história rocambolesca desse falso contatado, e gerando ainda mais confusão ao informar que Dino Kraspedon – Oswaldo Pedrosa – havia sido preso pelo então Ministério da Guerra, acusado de terrorismo, nos idos dos anos 60. Um erro jornalístico imperdoável, como veremos adiante. Falou-se muito também sobre uma condecoração que lhe teria sido dada pela Academia de Ciências da então União Soviética. Conversa fiada. O que houve foi uma carta de agradecimento pela tradução do livro, dizendo que as informações “técnicas” ali contidas seriam José Eduardo C. Maia

Carlos Alberto Reis

Wirz quando o assunto era Dino Kraspedon, um misto de aborrecimento, insatisfação e prenúncio de uma explosão de raiva – fato raríssimo nele. Segundo ele, o absurdo das declarações do alegado contatado era tal que, se fosse verdade tudo aquilo, ele, Wirz, nunca mais sairia a campo para pesquisar coisa alguma. Havia certamente mais detalhes – que não eram do meu conhecimento – que contribuíam para aquele estado de inconformismo. A conclusão de Wirz não era isolada. Se bem me lembro, outros pesquisadores que acompanharam as investigações partilhavam da mesma opinião. O médico Max Berezovsky e o professor Rubens Junqueira Villela, além do professor Flávio Pereira, muito provavelmente viveram de perto este caso e dariam uma contribuição significativa se pudessem se manifestar a respeito.

Dois livros conhecidos sobre Dino Kraspedon: Contato com Discos Voadores, escrito por ele mesmo e pivô da polêmica, e Dino Kraspedon, Quem é Esse Homem, do ufólogo José Eduardo C. Maia e de Suely Braz Costa

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DESTINOS DA HUMANIDADE — Uma repor-

tagem publicada pelo jornal paulista Diário da Noite, datado de 16 de junho de 1966, noticia uma intimação sofrida por Aladino Félix por parte do Serviço de Ordem Política e Social (posteriormente DOPS) a respeito de uma tradução feita por ele das Centúrias de Nostradamus, documento esse que, segundo aquele órgão, seria atentatório ao regime político da época. De acordo com a versão do depoente, a tradução estaria fiel à versão original, e traria importantes revelações sobre a queda do senhor Adhemar de Barros, a subida ao poder do senhor Laudo Natel e ainda, comentários sobre o governo do presidente Castello Branco. Nostradamus devia estar muito preocupado – 500 anos antes – com os rumos de uma nação que mal havia nascido e que poderiam mudar os destinos da humanidade. Entretanto, Aladino Félix teve mais participação em atos anti-governo do que se supunha. O livro Combate nas Trevas – A Esquerda Brasileira: Das Ilusões Perdidas à Luta Armada [Editora Ática, 1987], de Jacob Gorender, revela um fato interessante: “Também em São Paulo, um bando de soldados e sargentos da Força Pública, liderados por Aladino Félix, vulgo Sábado Dinotos – mescla de guru místico e marginal – promoveu 12 explosões de bombas e um assalto a banco”. E continua: “Preso e torturado pelo DEIC, Aladino Félix denunciou à Justiça Criminal que agiu por orientação do general Jayme Portella, chefe da Casa Militar da Presidência da República”. Em outra obra, 1968 – A Paixão de Uma Utopia [Editora Espaço & Tempo, 1988], de Daniel Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

Aarão Reis Filho e Pedro Moraes, a história se repete, contada de outra forma: “Em 01 de setembro, a polícia paulista prendeu um cidadão chamado Sábado Dinotos, também conhecido por Aladino Félix. O homem confessou exercer a chefia de um grupo de graduados da Força Pública que havia cometido dezenas de atentados e assaltos em São Paulo”. E continua a obra: “Acusou o general José Paulo Trajano como mandante e envolveu nas acusações o general Freitas, do Departamento de Polícia Federal, subordinado direto da Casa Militar da Presidência da República, chefiada pelo general Jayme Portella, também secretário geral do Conselho de Segurança. Dias depois, por uma distração dos carcereiros, o presumido chefe do grupo terrorista simplesmente sumiu da cadeia...”

ATENTADOS POLÍTICOS — Gentilmente,

o colega e pesquisador Claudeir Covo, coeditor de UFO, nos forneceu ainda cópias de outras reportagens da época, 1968, relatando atividades que incluíam atentados ao presidente Costa e Silva e ao governador Abreu Sodré, a outras autoridades civis e militares de vários estados, e a ele próprio, Aladino, como “queima de arquivo”. A falha jornalística da revista Istoé, mencionada acima, se deve ao fato

Arquivo UFO

analisadas pela comunidade científica. Até o pesquisador inglês Gordon Creighton veio em defesa de Kraspedon, achando que ele estava sendo perseguido pelo governo por revelar a verdade sobre os discos voadores. Em resumo, esse personagem farsante caiu de pára-quedas no episódio e contribuiu de maneira significativa para fortalecer negativamente o lado messiânico da Ufologia. Fim do primeiro ato.

Oswaldo Pedrosa, ainda “no papel” de Dino Kraspedon, em 1994, durante um congresso de Ufologia. Já estava debilitado, quase cego e com dificuldade de movimentos. Depois dessa fase, perante um juiz, declararia sua mentira

da repórter, Gisele Vitória, ter envolvido erroneamente o nome de Oswaldo Pedrosa naqueles acontecimentos políticos, muito embora sejam compreensíveis as razões do seu erro. Diante disso, concluímos que Aladino Félix e Sábado Dinotos eram, de fato, a mesma pessoa. Resta saber qual a ligação entre Aladino, Sábado e o famigerado senhor Dino Kraspedon. Cai o pano do segundo ato. Com a documentação recebida, o círculo se fe-

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ÚLTIMAS CONSEQÜÊNCIAS — Como já referi, os leitores que escreveram protestando contra a reabertura do caso sugeriram que este autor estava usando de artimanhas para “desviar a atenção do público para assuntos de maior gravidade”, ou que estaria “existindo pressões de fora para se encerrar de vez a questão”, conforme alguns emails recebidos. E ainda, que poderia estar a serviço de “manobras de descrédito encetadas contra este nosso estimado companheiro”. Aí estão os melhores exemplos de ingenuidade e estreiteza de visão. O professor Wirz já alertava, em meados dos anos 70, que casos dessa natureza exigiam muito cuidado, precisavam ser ex24 :: www.ufo.com.br ::

As redatoras da Revista UFO entrevistam Oswaldo Pedrosa durante evento de Ufologia. Ele afirmara ter o reconhecimento da Academia de Ciências da ex-URSS, ainda se passando por Dino Kraspedon

UFO apresenta, manifestando-se dentro de um contexto frágil, manipulador, patético, acintoso à inteligência e ao bom senso. Pior que isso, só a atitude intempestiva e caricata de determinados segmentos que afirmam, de forma indiscutível, que as “naves que nos visitam são definitivamente extraterrestres e seus ocupantes, alienígenas mais evoluídos tecnológica e espiritualmente”. Se tudo é assim tão simples, para que continuar pesquisando? Qual o sentido de existir Ufologia se as respostas aos mais insondáveis mistérios já foram dadas? Qual a razão da REVISTA UFO existir, por exemplo? Por que perder tempo pressionando governos, autoridades, cientistas, órgãos de pesquisa, a NASA, a Aeronáutica etc, se o mistério pode ser revelado simplesmente lendo uma ou duas dessas obras? Arquivo UFO

cha e esclarece o mistério. Primeiro, no memorial do Ministério Público, segundo processo número 116.799, datado de 21 de novembro de 1997, tendo como acusado o senhor Oswaldo Oliveira Pedrosa, por ter infringido o parágrafo 4º do artigo 184 do Código Penal. “Realizada a instrução criminal, o referido acusado, no interrogatório da folha 54, confessou descaradamente o delito, isto é, confessou que escreveu e editou o livro Contato com Discos Voadores, violando assim o direito autoral do verdadeiro proprietário da aludida obra, senhor Aladino Félix, pseudônimo Dino Kraspedon”. Conforme consta dos autos do processo mencionado, na audiência de conciliação, página 01, a informação não deixa dúvidas: “As partes compuseram à vista de que, independentemente de qualquer outro fato do processo, o senhor Aladino Félix detém os registros da obra para fins de edição e que passaram à família pelo espólio que ora é o autor. Diante de tal, os requeridos se abstém de doravante utilizar o pseudônimo Dino Kraspedon em qualquer obra literária...” Estes são os fatos documentais sobre o personagem central da discussão. Como se pode deduzir, Aladino Félix e Sábado Dinotos eram a mesma pessoa e, por desdobramento, também Dino Kraspedon. Este e Oswaldo Pedrosa eram pessoas de reputação duvidosa, e por essa razão, qualquer situação que envolva seus nomes levanta plena e justificada desconfiança. Aceitar como autêntica a história farsesca dos alegados contatos de Dino Kraspedon é declarar-se ingênuo e de visão estreita para a realidade dos fatos. Fim da peça. Fecham-se as cortinas.

plorados em todas as suas nuances, esmiuçados até as últimas conseqüências. Foi o que ele e outros pesquisadores fizeram, com competência e responsabilidade. O recado atravessou o século, pois continuam acontecendo casos de contatados recebendo supostas mensagens interestelares, e não há ninguém que se mostre preocupado em verificar a verdadeira procedência dos fatos, aceitando tudo com um assustador, perigoso e irresponsável primarismo. Essa é uma das facetas mais estúpidas que o Fenômeno

UFO se manifesta A REVISTA UFO vem se pautando, desde o princípio, por divulgar democraticamente todos os assuntos relacionados ao Fenômeno UFO, seja pelos seus aspectos positivos, seja pelos negativos. O preceito que norteia esta linha editorial é, mais que um direito do leitor, a necessidade que ele tem de manter-se bem informado, para que possa formar um juízo de valor consonante com suas convicções. Entretanto, tudo o que é publicado não representa, necessariamente, a opinião do editor, coeditores, membros do Conselho Editorial ou corpo de redatores, e é por isso que erros e acertos caminham lado a lado, mais estes que os primeiros. Se acertar é um dever, errar é um direito. E, diante dos fatos apresentados pelo seu ombudsman, concernentes ao caso Dino Kraspedon, que não deixam dúvidas quanto à sua natureza fraudulenta, a REVISTA UFO, por respeito ao leitor, em defesa da verdade e pela ética que a fundamenta, reconhece que, no passado, cometeu equívocos no tratamento dado ao episódio, embora algumas das particularidades reveladas pela matéria não fossem de seu conhecimento. Fica assim demonstrada, mais uma vez, a seriedade e o compromisso da EQUIPE UFO com a Sociedade brasileira, em especial a comunidade ufológica, e assim será sempre que as circunstâncias convocarem a manifestação da revista.

AO ALCANCE DAS MÃOS — Está tudo aí, ao alcance das mãos, diante dos nossos olhos. Basta folhear algo como Contato com Discos Voadores, já citado, ou Eu Viajei num Disco Voador [Instituto do Paranormal de Cataguases, 1995], do também suposto contatado Chico Monteiro, ou ainda Transcomunicação via Rádio com ETs [Edição particular, 2000 ], de Denizard Souza, e tudo estará resolvido. Só não venham dizer depois que não foram avisados... Peço licença ao escritor Ivan Ângelo para usar um trecho de uma crônica sua, fazendo alguns acréscimos – entre parênteses – para melhor ilustrar nosso pensamento: “É preciso sabedoria para ajudar os ignorantes (e compreender os inteligentes), calma para impedir os exaltados (e para não se exaltar também), disposição para enfrentar os cretinos (e cuidado para não se tornar um deles), visão para encorajar (ou desencorajar) os visionários, paciência para aturar os gênios (e cautela para não se julgar um) e força para meter o braço”. Carlos Alberto Reis é designer gráfico, ombudsman da REVISTA UFO e autor de Os Portais do Santuário [Veja na área de Suprimentos de Ufologia dessa edição]. Seu e-mail é: [email protected]. Janeiro 2005 – Ano 21 – Edição 106

Guillermo Giménez

D

entro da casuística ufológica argentina há numerosos incidentes que monopolizaram a atenção não só em nível nacional mas também internacional, pelas características de seus fatos. Um deles é, sem dúvida, o Caso Vidal, que teria ocorrido na província de Buenos Aires, em maio de 1968, quando uma família de sobrenome Vidal viajava de automóvel pela Estrada Nacional 02, indo de Chascomús para Maipú, e teria perdido a consciência ao entrar em uma espessa faixa de névoa. A história dá conta ainda de que eles despertaram, 48 horas após desaparecidos, nas proximidades da cidade do México, na América do Norte. O incidente ganhou a atenção de todo o mundo e, semanas depois, um manto de silêncio cobriu os fatos. Nem jornalistas nem Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

investigadores puderam ter contato com os protagonistas diretos, pois uma cortina de silêncio caiu sobre o caso e ninguém se atrevia a falar qualquer coisa. Apenas conjecturas e suposições rodeariam o incidente. O Caso Vidal seria considerado um dos mais espetaculares incidentes argentinos de teletransporte, termo usado na Ufologia para se referir a situações em que pessoas ou objetos – neste caso o veículo, junto com seus ocupantes–, são transladados em curto tempo, por meios desconhecidos, de um lugar para outro. Tal fenômeno viola por completo as barreiras de espaço-tempo e constitui um mistério para a Ufologia. No Caso Vidal, teria havido teletransporte da Argentina, na América do Sul, para o México, 6.400 km de distância. :: www.ufo.com.br ::

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Rick Stan

de Buenos Aires, Argentina

TELETRANSPORTE INUSITADO — Ainda segundo o ufólogo, os Vidal tomaram a Estrada Nacional 02. À sua frente seguia, noutro carro, um casal amigo que também tinha família em Maipú. Este outro casal, cujos nomes não se conhece, chegou a Maipú sem o menor incidente. Mas o mesmo não ocorreu assim com os Vidal, cujo atraso começou a preocupar quem os esperava. Então, os amigos que chegaram antes ao destino decidiram regressar pela mesma estrada para ver se os encontrava, sem sucesso. Não se achou o menor traço do carro ou de seus ocupantes. 48 horas depois do suposto desaparecimento, uma chamada telefônica teria sido recebida na residência de uma certa família Rapallini, em Maipú, procedente do consulado argentino na cidade do México. No telefonema, Geraldo Vidal informara seus amigos que ele e a mulher estavam bem, que se encontravam de malas prontas para voltar à Argentina e fornecendo-lhes a hora exata de sua chegada ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires. Segundo a versão mais comum desse caso, quando chegou à cidade, o casal Vidal era aguardado por amigos e familiares, e Raffo Vidal foi levada diretamente do aeroporto para uma clínica privada, pois se achava em estado de choque. Foi nesse instante que o homem teria contado a seus familiares o estranhíssimo acontecimento que haviam protagonizado. Disse ele que, quando se achavam já nas 26 :: www.ufo.com.br ::

Arquivo UFO

proximidades de Unidos para estudos. Chascomús, na noite Os norte-americanos de seu desapareciteriam ficado tão gramento, uma densa tos com a atenção dos névoa materializouVidal que decidiram se de repente à frente presenteá-los com do veículo e que a um veículo novo da partir daquele instanmesma marca e mote ambos não sabiam delo, que seria envio que lhes tinha aconado diretamente para tecido, pois eram inBuenos Aires. capazes de entender o Neste ponto da que ocorreu durante história, novamente as 48 horas seguintes. uma cortina de silênQuando recobraram a cio cobriria o caso, o Todo mundo naquela consciência, teriam que era confirmado então avaliado o que pelo mesmo Gallinépoca conhecia alguém que ocorria ao seu redor. déz. Ele teria inforSó nesse momen- assegurava ter conversado com mado que ninguém to viram que já era se atrevia a falar soos protagonistas do caso, os dia e que seu carro, bre o ocorrido, por Vidal. Mas quando se tentava mais que se insistiscom eles no interior, buscar dados mais sólidos se achava estacionase, mas que era nedo numa estrada descessário buscar a versobre o suposto episódio, dade sobre o incidenconhecida. Os Vidal nada se conseguia te. Naqueles dias, a não tinham qualquer imprensa argentina arranhão, mas ambos sentiam dores na — ALEJANDRO AGOSTINELLI continuava publicando informes sobre o nuca e tinham uma sensação de ter dormido durante muitas episódio e o diário La Razón confirmara horas... Estupefatos, saíram do carro e ob- que a família Vidal havia se comunicado servaram que a pintura da carroceria pare- do consulado argentino no México com cia ter sofrido os efeitos de um maçarico, uma família de sobrenome Rapallini, resiembora o motor funcionasse perfeitamen- dente em Maipú. Fazendo-se uma busca te. Puseram o automóvel em marcha e no município por pessoas com esse sobreavançaram pela estrada desconhecida, que nome, chegou-se ao tabelião Martin Raatravessava uma paisagem que não era nem pallini, que seria amigo ou familiar dos um pouco familiar. Perguntaram a diversas Vidal. Para acrescentar mais mistério à trapessoas que encontraram pelo caminho sobre sua localização e todos lhes respondiam a mesma coisa: no México! Os relógios dos Vidal tinham parado, mas com a ajuda de um calendário puderam estabelecer que se achavam ausentes da Argentina há pelo menos dois dias. Em pouco tempo, mantendo contato com autoridades locais, ambos foram levados à cidade do México, onde perguntaram o endereço do consulado argentino e para lá se dirigiram. Ali relataram sua incrível aventura e o cônsul de seu país, don Rafael López Pellegrini, estupefato, decidiu então ligar para o tabelião Martin Rapallini, em Maipú.





FAMOSA VERSÃO DA FRAUDE — Em seguida, don Pellegrini pediu-lhes que mantivessem total silêncio sobre o caso, para dar tempo às autoridades de efetuarem uma investigação de todas as circunstâncias do estranhíssimo incidente. O automóvel do doutor Vidal era um Peugeot modelo 403, que, ainda segundo a versão mais famosa desse caso, teria sido enviado aos Estados

Argentina Turística

Numerosos periódicos argentinos repercutiram a notícia. O diário de Buenos Aires La Razón publicou a informação sob o título O Que é Isso? Os demais também o fizeram com algum estardalhaço, como o La Nación, que apenas não mencionou o detalhe da estranha névoa, e o La Mañana, único jornal a informar a presença de um UFO no caso. Outros periódicos abordaram o incidente com mais ou menos detalhamento. O destacado ufólogo argentino Oscar A. Gallindéz, que investigou a suposta abdução, relatou o episódio na revista inglesa Flying Saucer Review, de setembro de 1968, sob o título Teleportation from Chascomús to Mexico [Teletransporte de Chascomús ao México]. “No começo de maio de 1968, o doutor Geraldo Vidal, conhecido advogado argentino, decidiu assistir a uma reunião familiar em companhia de sua esposa, a senhora Raffo, que deveria acontecer na cidade de Chascomús, a menos de 120 km de Buenos Aires. Saíram da reunião pouco antes da meia-noite e decidiram ir de automóvel até Maipú, localidade a uns 150 km ao sul de Chascomús, pois tinham ali amigos e parentes”, relatou Gallindéz.

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nervosos causados pelos fatos acontecidos, num hospital local. Esse detalhe, ainda que nunca confirmado, ganhou corpo e chamou a atenção de ufólogos e autores pelo mundo afora. Até o francês Patrice Gaston, em sua obra Desapariciones Misteriosas [Editorial Plaza & Janes, 1975] detalhou o fato. “Mas, então, o que fizeram conosco durante aqueles dias? Em mãos de quais criaturas estivemos?”, teriam sido as palavras da senhora Vidal, narradas por Gaston em sua obra. Enquanto isso, outros autores detalhavam o falecimento da senhora Raffo em 1969, supostamente de câncer, mais precisamente de leucemia – produto dos acontecimentos vividos. Como se vê, o fantástico caso continuava somando mistérios.

TUDO MENTIRA — Foram necessários 28 anos para que a verdade sobre o famoso Caso Vidal fosse finalmente descoberta – e 36 anos para se divulgar tal verdade à comunidade ufológica internacional. Pelas fantásticas características do incidente e por terem sido tantos os impedimentos para se acessar os verdadeiros protagonistas envolvidos, o caso se converteu num clássico da Ufologia mundial. Autores de todo o mundo o tomariam como exemplo de um espetacular caso ufológico. E isso acabaria por estimular o surgimento de numerosos outros relatos de teletransporte, acontecendo no mundo inteiro. Tanta coisa foi escrita em jornais e, posteriormente, em livros sobre o assunto – assim como apresentado em conferências e programas de tevê – , que até os céticos também o comentavam vibrantemente. Peter Rogerson era um deles. No artigo Recovering the Forgotten Records [Relembrando Fatos Esquecidos], publicado na revista Magonia de setembro de 1994, Rogerson informaria que na cidade de Buenos Aires lhe confirmaram que o caso tinha sido uma grande mentira para ocultar – e assim justificar – os dias de desaparecimento da seJoseph Strauss

ma, alguns periódicos depois afirmariam que Vidal não seria o legítimo sobrenome dos protagonistas do caso, mas sim um pseudônimo para proteger os verdadeiros envolvidos. Outros jornais, ciosos de sua responsabilidade, tentaram entrevistar Rapallini, mas o tabelião declarou desconhecer totalmente o assunto ou os envolvidos com ele. Curiosamente, a negativa do rapaz, que se tornaria insistente, funcionou ao contrário do que se previa e acabou por ser um elemento confirmador do suposto incidente. Os que defendiam o caso alegaram que Rapallini tinha recebido ordens de não falar coisa alguma – e quanto mais ele negasse saber dos fatos, mais essa teoria ganhava peso. Apenas algumas semanas depois surgiria uma testemunha favorável à tese do teletransporte: um jovem de apelido Mateyko, que seria familiar dos Vidal. Ele compareceu a um programa de rádio de grande sucesso na época Sábados Circulares de Mancera, conduzido pelo jornalista Pipo Mancera, falando do fato. Segundo algumas fontes, como o próprio Gallindéz, também se aventava que a senhora Vidal, supostamente de nome Raffo, havia sido internada com problemas

A Estrada Nacional 02, no trecho entre as cidades de Chascomús e Maipú, ao sul de Buenos Aires, onde teria havido o desaparecimento do casal Vidal e seu teletransporte até uma estrada isolada do México. Os argentinos teriam sido levados com seu veículo, um Peugeot 403 branco, como este acima Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

nhora Vidal, enquanto na verdade ela teria estado internada em um hospital psiquiátrico. Essa seria uma versão falsa de explicação, cunhada sobre um caso por si só ilegítimo. Como ela, várias outras versões surgiriam, algumas adicionando detalhes para tornarem o Caso Vidal mais impactante, e outras, baseadas em informações falsas, desmentiam a ocorrência de forma ainda mais descabida. Mas a verdade cedo ou tarde viria à tona. O jornalista e investigador argentino Alejandro Agostinelli investigou detidamente o Caso Vidal e confirmou que tudo foi armado para promover um filme de ficção científica daquela época. Agostinelli, em seu trabalho Coches Voladores: Fraudes, Rumores y Ciencia Ficción [Objetos Voadores: Fraudes, Boatos e Ficção Científica], desenvolvido junto a Luiz R. Gonzáles e publicado na revista Cuadernos de Ufologia de abril de 1997, diz que entrevistou o cineasta Aníbal Uset, em 1996, e que ele teria reconhecido a fraude. O jornalista ouviu de Uset que ele próprio inventou a notícia do Caso Vidal com a ajuda do gerente de espetáculos Tito Jacobson e outros amigos, com intuito de promoverem o filme que estreou dois meses depois do alegado incidente, chamado Che UFO. Do filme participaram os atores Marcela López Rey, Jorge Sobral, Perla Carón, Juan Carlos Altavista, Javier Portales, Érika Wallner, entre outros, atuando sob direção de Uset. Che UFO foi um fracasso total e acabou sendo destruído pela crítica da época. O filme passou praticamente despercebido do público e só teve reconhecimento anos depois, quando algumas pessoas o converteram numa espécie de marco da ficção científica argentina. O filme retrata um cantor de tangos que em plena noite de Buenos Aires, enquanto passeava, é recolhido para bordo de um UFO com seu Peugeot 403, tal como o Caso Vidal. Ele teria sido abordado na rua por uma linda loira e, logo após muita conversa e uma cena de amor, conduziria o veículo na direção de uma potente luz proveniente de um disco voador, que o detém e o adormece.

MORENA EXTRATERRESTRE — A loira, assustada, sai do carro e é despida por alguma força estranha emanada do UFO. O filme continua mostrando o motorista conduzindo o veículo, porém já de dia e com uma morena ao lado, supostamente extraterrestre, por uma estrada nos arredores de Madri, Espanha. Che UFO apresenta ainda outras cenas e casos de teletransporte em Londres, acabando no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, quando seu intérprete é atraído para um avião, suposta:: www.ufo.com.br ::

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MECANISMO DE FORMAÇÃO — Apesar dis-

so, a busca da compreensão de todos os meandros de sua engendração continua, pois a riqueza da lenda que se criou em torno do Caso Vidal merece melhor esclarecimento. Ele tinha sido tão espetacular e tanto se escreveu a seu respeito, que eu queria saber ainda mais sobre o mesmo. E assim, em janeiro de 2004, entrei novamente em contato com Agostinelli, hoje editor do site Portal Hispano [www.dios.com.ar],

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dedicado a crenças extraordinárias. Ele voltou a admitir que o caso era intrigante e popular, quase convincente, quando começou a se interessar pelo tema UFO, em meados dos anos 70. “Qualquer um conhecia alguém que assegurava ter conversado com os protagonistas do fato, os Vidal. Mas quando se tentava buscar dados mais sólidos sobre o suposto episódio, nada se conseguia”, disse Agostinelli, que ainda descreveu o caso como um emaranhado infinito de notícias vagas.

mília com o misterioso casal do tal teletransporte ao México. Quando o tabelião Martín Rapallini afirmava desconhecer todo o assunto, os diários La Razón e La Capital, meios que alimentaram a fraude, reproduziram seu desmentido com um estudado ar de ceticismo, fazendo-o escorregar nas entrelinhas de modo que, ao negar tudo, em realidade ele estava reforçando o Caso Vidal. Segundo se argumentava nos meios jornalísticos da época, “havia uma estreita proibição de continuar difundindo o caso”. Foi o periódico La Capital, de Mar Del Plata, o diário que batizou de Vidal o até então anônimo casal teletransportado.

PSEUDÔNIMO — O sobrenome poderia ter se originado de Coronel Vidal, uma localidade próxima ao cenário dos presumidos acontecimentos. Foi dito na ocasião que aquele era um pseudônimo para proteger os envolvidos da voracidade da imprensa, já que o “doutor Vidal era um prestigiado profissional”. “Foi justamente este anonimato inviolável que garantia a inverificabilidade do caso, essencial para que se tornasse uma lenda urbana”, comentou Agostinelli. Assim, pelo que se apurou desse incidente já se pode assegurar, com folgada margem de certeza, dada pelo esforço de muitos estudiosos do tema e pela passagem do tempo, que jamais houve evidência alguma da existência de um casal que tivesse protagonizado uma aventura com essas características, nesse lugar e naquela época. Também está confirmado que dois meses depois do suposto teletransporte estreou Che UFO, um filme com ingredientes baseados no caso, cuja produção tinha começado muito antes que se lançasse a público a “notícia” da viagem dos Vidal. “Havia a desconfiança de que o caso tinha sido uma farsa, até 1996, quando localizei Uset e começamos a nos reunir. Entre o segundo e terceiro encontro, quando tínhamos conquistado confiança mútua, ele começou a desenrolar sua versão sobre como os fatos ocorreram. O testemunho de Uset foi crucial”, complementou Agostinelli. Mas ainda que Uset não tivesse cooperado com as investigações, o paralelismo entre o conteúdo do filme – o teletransUFO Photo Archives

mente um UFO camuflado e cheio de lindas aeromoças. Uma história realmente fantástica, mais até do que aquela que se inventou para promovê-la! Uset também revelou ao jornalista Agostinelli que a suposta testemunha do Caso Vidal que havia se apresentado no programa Sábados Circulares de Mancera tinha sido ninguém mais, ninguém menos que seu ajudante pessoal, um ator secundário do filme, Juan Alberto Mateyko, hoje famoso animador de televisão. Mas o diretor declarou-se alarmado com a forma como a história do Caso Vidal havia assumido notoriedade e que o efeito “bola de neve” que o envolveu foi uma das razões que o levaram a se calar e não revelar a verdade. “Veio tanta gente contar-me o que tinha conhecido com o tal casal Vidal que comecei a acreditar na história, imaginando que a mentira que inventei coincidia com algo que havia se passado realmente”, declarou. A Uset não interessa remexer o passado e voltar a esse assunto, e foi muito difícil conseguir seu testemunho, segundo informou Agostinelli. “Toda a história foi criada por Jacobson e Uset durante uma viagem entre Montevidéu e Buenos Aires”, declara o jornalista. Enfim, o que se sabe é que se passaram quase 40 anos daqueles fatos e hoje a verdade vem à tona: tudo foi uma grande farsa! Mas é importante se destacar o mecanismo dessa mentira e como ela ganhou vida própria. Apesar de ter sido um clássico da Ufologia mundial, hoje o famoso Caso Vidal passará para a história como uma triste lembrança, onde a mentira reinou desde o início, tramada por jornalistas que pretenderam dar fama a um filme trash de ficção científica argentino.

A Argentina rivaliza com o Chile e o Brasil, na América do Sul, como tendo maior quantidade de casos ufológicos. O Brasil, no entanto, ocupa a primeira posição, embora, no país vizinho, algumas observações registradas sejam de grande significado

O mecanismo de criação e propagação da lenda viria à tona junto da verdade sobre ela. “Até então, não só ignorávamos tudo sobre as características e o processo de transmissão de um boato, quanto o alimentávamos ativa e inocentemente”, disse Agostinelli. Ele afirma também que foi estimulado a investigar o caso pelo também ufólogo argentino Alex Chionetti, que em 1980 viajou a Maipú para entrevistar integrantes da família Rapallini – que, para a imprensa, eram os únicos protagonistas indiretos e localizáveis do caso. Nunca se soube como nem quem relacionou essa fa-

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Na maioria das vezes, abduzidos são devolvidos aos mesmos locais onde foram capturados. Mas há casos em que são deixados pelos raptores a centenas de quilômetros, numa circunstância chamada teletransporte

FRAUDE JORNALÍSTICA — Há suficiente evidência para se afirmar que um dos casos que contribuíram para originar a onda ufológica que teve lugar na Argentina, em 1968, foi uma fraude jornalística para promover um filme. E que, graças à precisa construção do relato e à predisposição cultural que havia nessa época para aceitá-lo, ela cresceu em credibilidade e conseguiu instalar-se no imaginário social, convertendo-se no que agora se conhece como lenda urbana, um mito que ganhou vida própria. O ponto mais persuasivo da lenda fez com que ela escapasse das mãos dos seus criadores, crescendo sem parar. Ainda hoje, na Argentina, se acredita amplamente no incidente. Essas conclusões nos dizem algo sobre como se constroem mitos na Ufologia. Mesmo os ufólogos que brilhavam na época deram o caso como verdadeiro, sem que ninguém jamais tivesse entrevistado os Vidal. Publicaram-se artigos em revistas como a Flying Saucer Review inglesa ou Lumières Dans La Nuit francesa. Escreveram-se livros e o relato foi citado mil e uma vezes em conferências, programas de rádio e televisão. Na outra ponta do espectro da lenda, claro, também apareceram os céticos de plantão, como o citado Rogerson. Ele, alegando ter conhecimento do paradeiro de um informante anônimo, escreveu que o

tar nela, isso quer dizer que o mistério é capaz de sobreviver a qualquer refutação. Por isso, aparentemente, os mitos parecem invencíveis. Hoje o Caso Vidal, que teria ocorrido em maio de 1968, está esclarecido. Sabemos que a história é outra sobre este episódio supostamente ufológico, que tanta atenção chamou do mundo inteiro, e a verdade surpreenderá a comunidade ufológica mundial. Tudo isso demonstra como é importante levar a cabo “reinvestigações” e “releituras” de incidentes envolvendo a presença alienígena na Terra – mesmo nos casos considerados clássicos da Ufologia. Devemos todos estar abertos às possibilidades, ser flexíveis e conduzir novas investigações, desprendendo-nos de conceitos inquestionáveis e reformulando, sempre que possível, nossos próprios conceitos, se assim for necessário. Ver a outra realidade, por mais obscura que seja, e ir depurando os casos são condutas saudáveis e imprescindíveis. Tudo isto conta a favor da verdadeira Ufologia, que deve ser separada da mentira e da malícia. Steve Neil

porte para um país distante de um automóvel que vai por uma estrada solitária, que tanto no caso Vidal como na película fora um Peugeot 403 branco – e a estrutura do relato fornecido pelos meios de comunicação indica claramente que a relação entre a “notícia” e o filme, que estreou pouco depois, era óbvia.

caso tinha sido “uma fraude para justificar a ausência da senhora Vidal, enquanto estava internada em um hospital psiquiátrico”. Essa foi outra lenda urbana criada com base no Caso Vidal, por si só um mito. “Mas o que talvez mais me surpreendeu tenha sido um comentário que Uset me fez de passagem. Quando se deu conta da magnitude da história, o diretor disse que chegou a considerar que o caso tinha mesmo acontecido”, disse Agostinelli. “A confusão entre mentira e realidade era tão grande que cheguei a pensar que nossa história coincidia com algo que tinha se passado realmente”, disse-lhe Uset.

UM PONTO FINAL — Esse é um caso que

ajuda a compreender como se arquitetam algumas histórias ufológicas e muitas outras mitologias modernas. Se até o próprio criador da fraude é capaz de acredi-

Guillermo Giménez é analista de sistemas e professor. Trabalha atualmente numa companhia argentina de energia elétrica em Necochea e é consultor da REVISTA UFO. Seu endereço é: Av. 74, número 3347, Necochea, Buenos Aires, 7630 Argentina. E-mail: [email protected]. Este texto foi traduzido por Neide Tangary, da EQUIPE UFO.

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Alexandre Calandra e Equipe GPU

S

ão Tomé das Letras, cidade mineira situada a 35 km de Três Corações e 55 km de Varginha, é um dos mais notórios epicentros da atividade ufológica no Brasil. O local é repleto de histórias contadas por moradores e turistas, que se confundem com lendas e uma boa dose de misticismo. O Grupo de Pesquisas Ufológicas (GPU), de Americana (SP), realizou investigações de campo em vários pontos do município, além de outras atividades relacionadas à Ufologia, e coletou uma vasta quantidade de relatos ufológicos, confirmando a fama da cidade e estimulando o lançamento de teorias que expliquem uma eventual preferência de ETs por aquela bela região mineira.

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São Tomé foi edificada em uma elevação situada na borda da Serra da Mantiqueira. O local conhecido como Cruzeiro é o ponto mais alto da cidade, com 1.444 m de altitude. O município tem 368 km2 e faz fronteira com as cidades de Três Corações, Luminária, Cruzília, Baependi e Conceição do Rio Verde. Seu clima é tropical de altitude – com verões amenos, úmidos e invernos secos. A temperatura média durante o ano varia entre 14 e 26 graus. Cercando a elevação onde está a cidade encontra-se um belo vale verde. Estima-se que cerca de 6 mil pessoas vivam no município. Conforme sua história oficial, tudo começou com os bandeirantes paulistas expulsando os índios cataguases, habitantes primitivos da região sul de Minas Gerais. A origem de São Tomé das Letras está ligada à construção de uma capela em 1770, por iniciativa do padre Francisco Alves. Em torno dessa construção, erigida ao lado da Gruta São Tomé, desenvolveu-se um arraial, e assim foram surgindo seus primeiros habitantes. Em 1785, o português João Francisco Jun-

queira mandou construir outra igreja no lugar da capela, a atual matriz. João foi sepultado nela em 1819, e mais tarde seu filho, Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. Em 1837, São Tomé estava subordinada à Vila de São João Del Rei. Mas pouco depois o arraial foi desmembrado de Carrancas, sendo elevado a distrito. Em 1840 foi transferido para Baependi, em 1841 para Lavras, e em 1842 novamente para Baependi.

CIDADE DAS PEDRAS — O município foi criado tempos depois, no ano de 1962. A mineração é a principal atividade da região, empregando boa parte da população de São Tomé e das cidades vizinhas. A grande quantidade de quartzito existente naquelas terras fez com que o minério ficasse conhecido como Pedra São Tomé e o município como Cidade das Pedras. O quartzito é exportado para a Europa e Japão, e concorre com o mármore e o granito. É usado em tampas, bancadas, muros, fachadas, passeios, decoração interna etc. Além de ser uma pedra de muita beleza, é antitérmica e

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pesca, frutas silvestres e raízes, abundantes na época pela região. Um certo dia chegou a ele um senhor de boa aparência e trajando roupas de cor clara. Então João lhe contou o motivo de estar refugiado. Em seguida, o misterioso senhor escreveu um bilhete e o entregou, afirmando que se levasse essa mensagem ao seu amo ele seria perdoado. Antão seguiu o conselho e, quando o bilhete foi entregue, João Francisco se surpreendeu com a bela caligrafia e boa ortografia. Ouvindo a história sobre quem e onde a mensagem havia sido escrita, o capitão ficou intrigado e, então, formou uma comitiva ordenando que Antão os guiasse até aquele lugar. Quando chegaram na gruta não viram ninguém, apenas uma pequena imagem em madeira do apóstolo São Tomé num canto. O capitão, por ser de profunda religiosidade, levou a estatueta para sua casa. Mas daí um fenômeno sobrenatural sucedeu: a imagem sumiu, reaparecendo na Gruta São Tomé. E isso se repetiu por várias vezes. João Francisco, crendo estar diante de um milagre, mandou erguer uma igreja

Alguns pontos turísticos de São Tomé: uma pirâmide de vidro, uma casa de pedra à beira de um abismo e a Igreja do Rosário, construída sem argamassa. Na foto de fundo, uma visão panorâmica do município, tendo ao centro a Igreja Matriz

Fotos cortesia Ubirajara Franco Rodrigues

antiderrapante. Infelizmente, sua extração tem saído cara para a natureza, pois em mais de 40 anos de mineração desordenada e sem fiscalização as elevações da região tiveram sua aparência alterada com enormes manchas brancas. No ano de 1996, pesquisadores mineiros iniciaram um projeto de conscientização dos mineradores e adequação ambiental da atividade de extração da Pedra São Tomé. Segundo a Cooperativa dos Extratores de Pedra do Patrimônio de São Tomé das Letras (Coopedra), seus 87 cooperados seguem, rigorosamente, o novo modelo de extração do quartzito. Eles perceberam que isso prolonga a vida útil das pedreiras, aumenta a produtividade e diversifica o mercado. O nome São Tomé das Letras originou-se de um estranho caso, acontecido pelos idos de 1700 naquela localidade. João Antão, escravo da Fazenda Campo Alegre, de propriedade do Capitão João Francisco Junqueira, não suportando mais os maus tratos fugiu, abrigando-se na gruta que hoje leva o nome de São Tomé. Ali viveu um bom tempo da caça,

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CIDADE DIMENSIONAL — Chico Taquara é

um outro personagem lendário da mística cidade. Filho de José Gonçalves de Góes e Maria Junqueira de Jesus, seu nome era Francisco de Góes Gonçalves. Nasceu no ano de 1840, num lugar chamado Cainana, e desapareceu em 1926. Sua história está cheia de mistérios, desde o nascimento. Conta-se que quando Maria estava gestante, ela se refugiou em uma caverna após ter uma discussão muito séria com José. Ali foi acolhida por seres luminosos que a levaram para uma “cidade dimensional”, onde fizeram o seu parto e lhe deram roupas novas. Então, Maria retornou para a fazenda, mas sem o filho. Quando José a viu, estranhou sua boa aparência, as roupas novas, além da fantástica história sobre os seres luminosos e a tal cidade. Ele reclamou do sumiço do filho que, conforme a mãe, havia ficado aos cuidados daqueles seres. 25 anos depois Chico Taquara apareceu de súbito na propriedade de seus pais e, sem falar quem era, ajudou-os na colheita de milho. José morreu sem saber que Chico era seu filho. Chico Taquara ficou conhecido pelas curas milagrosas que operava e outros eventos sobrenaturais que o cercavam. Sua aparência, segundo contam os antigos, era de um homem alto, branco, de barba e cabelos compridos – com argolas de ferro penduradas nas pontas. Chico conversava com os animais e, quando batia as mãos nos ombros, ou palmas, os passarinhos pousavam em seus ombros ou em sua cabeça. Ele andava pelo povoado com cerca de cinco vacas e cinco bezerros mestiços e, antes de entrar em algum estabelecimento, riscava um círculo, de onde os animais não saiam. Era acompanhado por abelhas e outros insetos, pois costumava untar seus cabelos com cera e mel. Sua casa, dizem, era uma gruta situada próxima à cidade. Cheio de virtudes, realizou muitas proezas. Certa feita um fazendeiro em São Tomé teve uma de suas vacas picada por uma cascavel. Daí, sem recursos, recorreu a Chico. O homem benzeu a vaca e dois dias depois ela estava curada. Outro caso é o de Ana, esposa de um fazendeiro, quando estava para ter seu terceiro filho. Entrando já no quarto dia em trabalho de parto, bateu o desespero na família quando constataram que a criança estaria nascendo pe-

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los pés. Naquele local ermo, longe da cidade, seu esposo não viu outra saída senão rezar. Enquanto orava lembrou de Chico e, então, pegou seu cavalo e correu até a gruta onde ele morava. Ali chegando, Chico estava na entrada da gruta e lhe disse para voltar que já estava indo, dando entender que sabia o que se passava. Meio contrariado com a recepção, o fazendeiro retornou levando cerca de uma hora e meia para chegar em sua propriedade. Ao avistar sua casa estranhou, pois como saía grande quantidade de fumaça da chaminé do fogão, pensou quem poderia estar utilizando-o, se ali só havia a esposa acamada. Imaginou que talvez fosse o seu filho mais velho, que, apesar de trabalhar numa roça distante e só chegar ao anoitecer, naquele dia poderia ter regressado mais cedo. Quando entrou em casa o homem viu, com espanto, sua esposa em pé à beira do fogão esquentando um tacho com água. No quarto, observou um recém-nascido que choramingando esfregava os pezinhos. “Louvado seja Deus!”, exclamou ele. “Chamei Chico Taquara sem necessidade”, completou. E sua mulher, alegre, lhe disse: “Como? Pois não faz dez minutos que Chico saiu daqui!”

SER INTRATERRESTRE — A terceira histó-

ria estranha envolvendo esse incrível personagem ocorreu com um antigo proprietário de uma venda de secos e molhados em São Tomé, mais dois amigos seus. Chico ia sempre a essa venda buscar querosene para a sua lamparina. Numa ocasião, aquele trio resolveu pregar uma peça nele. Quando Chico chegou ao estabelecimento, de tardinha, o comerciante pegou sua garrafinha e, ao invés de querosene, encheu-a de água. Então, combinou com seus dois amigos de seguirem Chico para ver como ele ia sair dessa. Seu gado pastava nas imediações da Gruta do Leão.

Daí, o trio escondeu-se ali perto e observou quando Chico colocava lenha na fogueira, quase debaixo da gruta. Depois, viram o mesmo pôr o conteúdo da garrafinha na lamparina e, com um pedaço de pau retirado da fogueira, atiçar fogo no pavio. Aguardando o resultado, testemunharam, estupefatos, a lamparina acender normalmente. Viram, ainda, que Chico estava de joelhos proferindo umas palavras estranhas, num tom parecido com um lamento. Existem outros casos enigmáticos sobre Chico Taquara. Contam que ele tinha poderes paranormais, como se transformar numa moita de ramos, árvore ou cupinzeiro, quando percebia que era perseguido por alguém intencionado em lhe perturbar. Alguns acham que ele não era nada de especial, simplesmente um homem de bom coração com problemas mentais, que vivia como um andarilho. Sua misteriosa história e desaparecimento dão margem a muitas teorias sobre a sua origem e o seu paradeiro. Esotéricos afirmam que ele era um ser intraterrestre com uma missão na Terra. Eles garantem ainda que na gruta onde Chico morava existe um portal para um mundo intraterreno. E que Chico não ficava sempre ali, e sim uma imagem holográfica de sua pessoa para que ele pudesse atravessar o portal e se ausentar sem suspeitas. Quando ele sumiu, em 1926, alegam que voltou para o seu verdadeiro mundo, uma vez que sua missão aqui havia terminado. O GPU realizou muitas entrevistas em São Tomé das Letras, oportunidade que pôde se inteirar da rica e importante casuística local. Não há dúvidas de que seres extraterrestres com suas naves têm realizado operações por ali. Nosso primeiro entrevistado foi Alexandre Calandra

ao lado da gruta. Em um paredão dessa gruta encontram-se inscrições em tons avermelhados, semelhantes a letras, feitas possivelmente pelos índios cataguases. Essas letras e o estranho caso de João Antão foram os responsáveis pelo batismo do município como São Tomé das Letras. Muitos acreditam que aquele senhor vestido de branco visto pelo escravo era o próprio apóstolo São Tomé.

Júlio César Souza Mendes, residente em São Tomé, teve vários encontros com objetos voadores não identificados. Ele informa que a incidência ufológica é intensa na cidade, com muita gente relatando contatos de vários graus

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o comerciante Ailton Donizete Pereira. Em 1994, de madrugada, ele estava nas proximidades da Igreja do Rosário, quando viu um UFO cruzar os céus do município. “O objeto movia-se retilineamente no sentido de Baependi, em silêncio. Era bem maior que uma estrela e apresentava cor amarelada”, relatou Ailton ao GPU. No centro da cidade conversamos com Fahá, que mora em uma comunidade situada no município. Ela descreveu várias experiências físicas e psíquicas com os UFOs e seres dimensionais. “Na semana passada mesmo, eu vi uma nave sobre a comunidade. Foi uma experiência física. Eles procuram as pessoas segundo uma compatibilidade espiritual. Vêm de diversos planetas e dimensões”, relatou Fahá. No Espaço Cultural São Tomé entrevistamos Júlio César Souza Mendes, de 37 anos, residente há um ano na cidade. Ele morava em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, e já freqüentava São Tomé há 15 anos. Atualmente realiza atividades no Espaço Cultural e também na parte de turismo. Júlio teve diversas experiências ufológicas, algumas inclusive de grau elevado, como a que se segue: “No dia 21 de junho de 1991, às 06h00, eu estava no Cruzeiro. Passei a noite ali, observando o céu. A incidência ufológica estava intensa e até aquela hora eu já tinha avistado algumas sondas cruzando a cidade. Era uma madrugada fria, perto de 3 graus negativos”. Ele conta que aguardava o nascer do Sol para bater umas fotos, quando viu no céu, vinda da direção leste, uma grande nuvem que fazia Edição 106 – Ano 21 – Janeiro 2005

um efeito como aquele do filme Contatos Imediatos do 3º grau. “Era estranho, pois ela parecia estar rolando. De repente surgiu uma luz lá embaixo no vale, sobre uma estradinha de terra que vai de São Tomé para as cachoeiras da Eubiose, do Flávio etc. Pensei que fosse um caminhão, mas a luz saiu da estrada e começou a sobrevoar a mata”. Aquilo foi deslizando sobre a encosta da elevação onde se encontra a cidade, ganhando altura até chegar nas proximidades da Pedra da Bruxa. Quando o UFO contornava a beira da elevação, a uns 20 m de distância de mim, o rapaz pôde ver que aquilo era um engenho com a forma de dois pratos sobrepostos, separados por um cinturão translúcido. Acima dele havia um domo, também translúcido. “É interessante como o UFO se deslocava, deslizando lentamente no ar, meio inclinado. Quando o objeto chegou mais perto, meu coração bateu acelerado. Observei que dentro do domo havia um ser de aparência humana, moreno, de cabelos pretos curtos e batidos. Estava em pé e apresentava uma feição serena. Vestia um macacão justo ao corpo, de cor prata fosco”. Da posição em que estava, só podia enxergar o ser da cintura para cima. Na parte inferior do UFO havia uma protuberância arredondada, que projetava uma luz intermitente nas cores violeta e alaranjada. Do domo da nave provinha um som baixo, parecido com o de um transformador. O rapaz notou, também, que a superfície do engenho era feita de algo como um papel alumínio liso. Ubirajara F. Rodrigues

Arquivo UFO

O Centro de Exposição Ufológica de São Tomé das Letras, onde o público pode conhecer detalhes da incidência ufológica da região e assistir a vídeos sobre o tema. Abaixo, fachada do templo da Eubiose, que tem no município grande atividade investigativa e cultural

DEDO NO DISPARADOR — O UFO se aproximou da ruazinha existente ao lado da Pedra da Bruxa e, em seguida, parou. “Naquele momento, como eu portava uma câmera Kodak 735, de foco fixo, pensei em fazer um flagrante da nave. Mas, quando coloquei o dedo no disparador, subitamente o tripulante do UFO se virou em minha direção e disse-me telepaticamente: ‘Feliz daquele que não viu mas crê’”. Naquele momento Mendes se sentiu

mal, muito envergonhado, e não teve coragem de bater a foto. Segundos após, a intensidade e intermitência da luz na parte inferior do UFO aumentou, além do som que provinha do domo e, então, abriu-se um portal no céu. A intermitência foi aumentando, até que o UFO virou uma energia e entrou no portal velozmente. Daí tudo desapareceu, e ele não viu mais nada de estranho naquela data. Júlio narrou um outro avistamento marcante que fez em São Tomé, no carnaval antecipado de 1992: “Numa certa hora da noite, a energia caiu repentinamente. Um estranho nevoeiro, vindo da direção de Três Corações, começou a tomar a cidade. Então, observei que, camuflado nele, havia um imenso objeto cilíndrico que movia-se lenta e silenciosamente. Apresentava um fundo metálico, de cor acinzentada. Não havia luzes no objeto. Voava à baixa altura, retilineamente, em direção à Pedra da Bruxa. Acho que aquilo era uma nave-mãe”.

A GRANDE VELOCIDADE — Outra experiên-

cia que Júlio relatou diz respeito a uma possível abdução: “Em 1994, estava na Pedra do Leão, lá pelas 05h30, quando fui tomado por um sono pesado. Então adormeci. Durante o sono, tive a visão de uns seres de corpo volumoso, pele rosada fina, altura de 90 cm, com uma bata de cores que variavam entre o marrom claro e o roxo”. Os seres tinham uma grande cabeça redonda, sendo que os olhos, a boca e o nariz eram simples riscos. A testemunha percebeu que eles estavam mexendo com ela. Depois de uns 40 minutos, aproximadamente, acordou vendo que o Sol já havia nascido. Sentiu um incômodo na orelha direita, parecendo que estava surdo, e procurou um otorrinolaringologista para fazer uma lavagem. “Quando o especialista realizava o seu trabalho, escutei algo bater na bandeja. Parecia um objeto cilíndrico com 1 cm de comprimento, dividido em três segmentos iguais. No segmento do centro havia algo como um filamento. Ao ver este objeto, o otorrino saiu correndo com a bandeja”. O GPU prosseguiu com as investigações, desta vez conversando com o casal Francisca e Moisés, do Rio de Janeiro. Eles sempre visitam São Tomé. No dia 06 de setembro de 1999 os dois estavam na Pedra da Bruxa, acompanhados de cerca de 12 pessoas. Era uma noite de céu limpo, com lua cheia. Por volta das 21h00 viram surgir uma nave com o formato de um charuto, vinda da direção de Cruzília. Esta “desovou” naves esféricas menores, que ficaram bailando no ar. A nave-mãe, por sua vez, projetava luzes de cores branca, laranja e azul, em direção a São Tomé. De repente, as naves menores voltaram à nave-mãe, e ela disparou em grande velocidade, desaparecendo. O último entrevistado foi o senhor Carlos Alberto Cata Preta, que tem uma pousa-

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INSCRIÇÕES RUPESTRES — Na maioria de

nossas caminhadas pelas trilhas de São Tomé fomos acompanhados pelo ufólogo Paulo Aníbal G. Mesquita, do grupo Exo-X,

A Pedra da Bruxa, um dos principais pontos turísticos de São Tomé, considerada assombrada por muitos moradores, que evitam se aproximar

ricos crêem que na região de São Tomé existam vários mundos intraterrenos, e que suas entradas seriam muito bem guardadas e camufladas. Uma das características da região que levariam à tal conclusão são as numerosas inscrições rupestres de São Tomé. Tratam-se de signos abstratos que se assemelham a sinais morfológicos, pintados em vermelho. Embora muitos atribuam os desenhos aos ETs, é possível que os seus autores tenham sido os índios cataguases. Fora as inscrições, há estruturas rochosas por todos os lados, algumas de aparência curiosa que os místicos alegam terem sido esculpidas por seres interplanetários. Mas, segundo os cientistas, nada mais são do que formações de quartzito metamórfico do período pré-cambriano – superior a 600 milhões de anos – desgastadas pelo vento e pela chuva. Enfim, sem dúvida alguma, São Tomé é uma viagem que vale a pena a todo interessado por Ufologia. O clima ufológico está no ar, por todos os lados daquele belo lugar, e são boas as chances de se obter um avistamento. É ver pra crer! Alexandre Calandra

da em São Tomé. Ele contou que na segunda quinzena de 1998, por volta das 20h00, viu surgir no céu 12 pontos de luz se misturando com as estrelas. As luzes baixaram de altitude formando um risco horizontal. Depois desceram mais um pouco fazendo um triângulo. Então, foram variando nas formações, entre o risco horizontal e o triângulo. Finalmente, formaram um cubo que ficou girando no céu. As luzes eram de cores azul, verde, amarela e vermelha. Não emitiam nenhum som, nem piscavam. De repente, veio um nevoeiro e encobriu o fenômeno. Quando a nuvem passou, as luzes já tinham desaparecido. Durante a estada em São Tomé o GPU visitou e entrevistou ufólogos locais, em especial Oriental Luis Noronha, o Tatá, que descreveu algumas experiências e pesquisas suas realizadas pela região. Ele é pioneiro no assunto no município e vive em São Tomé há mais de 30 anos, período em que teve a oportunidade de observar muitos fenômenos ufológicos. Esses casos estão expostos em livros de sua autoria, onde ele discorre também sobre seus estudos das inscrições rupestres da região, um contato imediato com um ser extraterrestre, além de uma abdução acontecida em sua infância. Tatá conhece São Tomé em detalhes e sabe de muitos pontos freqüentemente visitados pelos UFOs.

de São Paulo. Na noite de 22 de fevereiro realizamos a vigília de número 500 do Grupo de Pesquisas Ufológicas (GPU) no Cruzeiro, com a presença do amigo Paulo. Apesar de não percebermos nada de estranho, valeu pelo momento histórico do GPU. Nossas conclusões sobre a atividade ufológica em São Tomé, conforme as pesquisas que realizamos, é de que o município viveu um bom período de incidência na década de 80, havendo então uma queda de 50% nas décadas subseqüentes. A baixa nos casos não representa a ausência dos extraterrestres na região, uma vez que ainda hoje muitos eventos sobrenaturais e avistamentos ufológicos são reportados. Alguns místicos locais acreditam que o principal motivo da presença dos UFOs em São Tomé seja um imenso cristal existente no subsolo da cidade. Ele funcionaria como um capacitor, que recebe, acumula e irradia energia cósmica. Os seres por trás dos UFOs, na opinião desses pesquisadores, teriam este capacitor como um ponto de referência na Terra, além de se servirem dele para abastecer suas naves e abrir portais dimensionais. Os esoté-

Alexandre Calandra é presidente do Grupo de Pesquisas Ufológicas (GPU), editor do boletim UFO Informe e consultor da REVISTA UFO. Seu endereço é: Rua dos Pinheiros 476, Fundos, Jardim São Paulo, 13465-000 Americana (SP). Email: [email protected].

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Parece paradoxal fazer esta pergunta dentro da comunidade ufológica, que vem há quase 60 anos insistindo que alienígenas nos visitam e esperando o tão famoso e comentado dia do contato final, que na verdade deveria se chamar contato inicial, já que será o primeiro oficialmente reconhecido e registrado pela mídia. No entanto, cabe aqui um olhar mais atento a esta questão. Será realmente que a vontade que esse contato ocorra é unânime? Claro que muitas pessoas querem que isso se dê e vêm gastando tempo e dinheiro em pesquisas que aos olhos de outros podem parecer inúteis, indo contra a opinião de amigos e familiares e até mesmo tendo pro-

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que as distrai de seus próprios problemas pessoais? E as muitas pessoas que assumem a atitude de donos da verdade e sabedores de tudo, que afirmam que tudo sabem e conhecem? E as outras muitas pessoas que fazem da Ufologia um palco para um constante desfile de egos, disputando um lugar sob os holofotes para se sentirem importantes? Quem são essas pessoas que se alimentam da dúvida? Quem não quer que o contato aconteça? Faça a pergunta a você mesmo e ouça a sua resposta. Laura Maria Elias é economista, estudiosa da interpretação sociológica da Ufologia e consultora da REVISTA UFO. Seu endereço é: Rua Manaus 102, 09195-000 Santo André (SP). E-mail: [email protected].

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Gilbert Williams

Laura Maria Elias

blemas profissionais decorrentes de seu posicionamento em relação ao assunto. Porém a pergunta persiste. Será que realmente todos nós queremos este contato? A partir do momento em que governos e universidades passem a fazer suas pesquisas e estudos desse povo que nos contata, o que restará aos ufólogos? O que acontecerá quando o objeto estudado se confirmar, porém fugir ao alcance das mãos? É certo que muitas crenças desabarão, que certezas virarão fumaça e que muita gente que usa a Ufologia como meio de explorar as pessoas e tirar delas dinheiro e saúde vai se dar mal, ao menos temporariamente. Temporariamente porque quem é desonesto sempre arruma uma maneira de lesar o próximo. Contudo, ou talvez apesar de tudo, será que realmente queremos esse contato direto e inegável? E o que dizer das muitas pessoas que fazem da Ufologia uma muleta, algo

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Busca de Respostas

Muito se tem discutido em Ufologia sobre a índole dos extraterrestres, se são bons ou maus. Mas afinal, o que é ser bom e o que é ser mau? Muitos filósofos tentaram conceituar estes elementos e chegaram a um consenso, ou teoria majoritária, de que o bem e o mal são critérios valorativos, dependendo de cada um. Ou, como disse Krishnamurti, “tudo depende do observador e do objeto observado”. Então, o que pode ser bom para uns definitivamente não é para outros. Por exemplo, para um masoquista, é muito bom ser abduzido contra a vontade, espetado por agulhas e amarrado junto à uma mesa, recebendo implantes em seu corpo. Ou ter um filho removido da barriga e ser levado embora para algum lugar do espaço, ou ainda ser traumatizado pelo resto da vida – dentre outros dados resultantes do estudo das abduções. Para outras pessoas, estes são males irremediáveis. Mas também há casos de cura no contexto ufológico, nos quais os abduzidos que sofrem de doenças terminais receberam solução definitiva. Mas isso é bom ou mau? Foi produzido de maneira propositada ou como um “acidente”? Portanto, como se vê, deve-

mos ir além do conceito de bondade e de maldade para entendermos a ótica das abduções e procurarmos outros elementos elucidativos para resolver a questão. Devemos confiar em nossas análises e nos basearmos em estudos do fenômeno, usando critérios lógicos, analíticos e, se for o caso, intuitivos para desvendarmos este imenso emaranhado que é a abdução. André Luiz de Albuquerque, por e-mail

Surgimento da vida no universo Há muito tempo o ser humano vem se nutrindo de especulações que invariavelmente deixam a desejar, no tocante à criação do universo e do surgimento da vida na Terra, sobre todos os aspectos – inclusive sobre outros pontos deste mesmo universo, que ainda guardam muitos segredos para os habitantes da Terra. Com isso estamos até certo ponto estagnados, vendo cada dia mais extraterrestres invadirem nosso espaço aéreo, sem qualquer restrição. Falta-nos consciência e conhecimento sobre eles, o que nos deixa atônitos, abalados moral e fisicamente. A falta de um maior entendimento da realidade que a hu-

manidade enfrenta se dá em função da política de acobertamento dos governos quanto ao Fenômeno UFO, também praticada por alguns cientistas e pesquisadores, que sabem da verdade sobre nossa relação com aliens, mas não a divulgam. Com ressalvas, mesmo os mais renomados cientistas divergem em suas afirmações em relação à nossa origem, de onde viemos e qual a finalidade da nossa presença no planeta Terra. Isso acarreta perguntas sem respostas, ou respostas meramente vagas, sendo que nosso objetivo de preenchimento do âmago de nossas idealizações futuras acaba prejudicado. A partir de um melhor entendimento da nossa relação com outros seres do universo e de sua obscura participação em nosso passado, poderemos iniciar a construção de um entendimento sólido, que vai

dominar o futuro em todos os campos da sabedoria humana. Quem sabe um dia, assim, assimilaremos a tecnologia que hoje os extraterrestres possuem. Murilo Morais Maciel, Belo Horizonte (MG)

Reflexões sobre Cosmos e UFOs Nosso planeta, segundo estudos recentes, tem uma idade aproximada de 4,5 bilhões de anos, assim como a maioria dos planetas do Sistema Solar. O Sol, que abriga esse sistema, é uma das 200 bilhões de estrelas que fazem parte de nossa galáxia, a Via Láctea, e teria uma idade aproximada de 4,7 bilhões de anos. A título de ilustração, citamos que observações recentes indicam que, até onde nossos aparelhos podem alcançar – aproximadamente 15 bilhões de anos-luz –, haveria no Cosmos cerca de 200 bilhões de galáxias. A Via Láctea teria se formado há 14 bilhões de anos, é do tipo espiral e tem 100 mil anos-luz de diâmetro por 90 anos-luz de espessura. O Sol situa-se num dos braços mais externos desta espiral, próximo à borda da mesma, e está distante cerca de 26 Steven MacAllister

Afinal, os ETs são bons ou maus?

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anos-luz do centro da galáxia. Existem dúvidas, mas estima-se que o número de estrelas que podem possuir planetas ao redor estaria em torno de 1% desse total. Assim, aplicando-se essa porcentagem ao número de estrelas de nossa galáxia, encontramos 2 bilhões delas com planetas que as orbitariam. Finalmente, considerando-se que nem todas teriam planetas com condições que permitam o desenvolvimento da vida, e estimando-se que cerca de 10% deles tenham essas características, ainda assim encontraríamos o número de 100 milhões de estrelas com planetas em condições de desenvolver vida superior. Nossos cientistas já conseguiram detectar diversos planetas ou corpos orbitando estrelas mais ou menos próximas de nós. Mas não existe, por enquanto, um estudo que informe a idade dos planetas pertencentes a outros sistemas estelares de nossa galáxia. No entanto, por correlação lógica, podemos estimar que poderão existir dezenas de milhões de planetas mais velhos que a Terra, numa faixa que poderá ser de alguns anos até milhões de anos – em escala cósmica esses valores podem perfeitamente ser considerados. A Terra, sabemos hoje, demorou 4,5 bilhões de anos para resfriar-se e desenvolver vida, como a conhecemos. Há controvérsias sobre a origem e idade do homem, mas consideremos como sendo de um milhão de anos. Ora, faz apenas 90 anos que o homem elevou-se no céu, num aparelho mais pesado que o ar. Hoje, passado esse tempo, já fomos à Lua, enviamos sondas a Marte, Júpiter e aos confins do Sistema Solar! Agora, vamos conjecturar um pouco. Suponhamos que 50% dos planetas que têm condições ideais de desenvolver vida possam ter se formado há milhares – ou talvez milhões de anos – antes do nosso. Nesse caso, daria para se conceber o grau de desenvolvimento tecnológico des-

sas civilizações. Com essas contas, vemos a probabilidade da existência de civilizações planetárias mais desenvolvidas que a nossa, mas podemos também entender a probabilidade dessas civilizações viajarem até nós, levando-se em consideração o tempo despendido nessas viagens. Deixando de lado as incertezas metafísicas de viagens através de portais de tempo-espaço ou atalhos em buracos negros etc, vamos analisar apenas as viagens físicas através do espaço que nos separa desses planetas. Considerando-se o grau de desenvolvimento dessas civilizações, não é difícil imaginar velocidades de deslocamento compatíveis com a velocidade da luz ou mesmo acima dela. E tomando-se por base as estrelas mais próximas da Terra, encontramos 50 cujas distâncias estão entre 4 e 16 anos-luz. Se estendermos um pouco mais essa esfera imaginária do espaço para, digamos, 30 anos-luz, encontraríamos umas 300 estrelas ou mais. Aplicando-se esse dado ao percentual de estrelas com planetas aptos à vida, teríamos um número significativo de planetas com vida inteligente e capacitados a fazerem viagens interestelares até o Sistema Solar. Assim, quando vemos a imensa variedade de UFOs relatados pela imprensa e por observadores diretos, ficamos um tanto perplexos. Afinal, será que é assim tão grande o número dos pontos de origem desses aparelhos? Provavelmente, sim. Assim como deverá ser igualmente grande o número de planetas habitados no universo. É preciso não se esquecer que há ainda a possibilidade da existência de planetas ou satélites no Sistema Solar com as citadas condições essenciais à vida, o que vem a aumentar ainda mais o número de nossos visitantes desconhecidos.

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Francisco A. Pereira, por e-mail

Compromisso com os leitores Em razão da correspondência acumulada e do restrito espaço dedicado a ela, estou em débito com vários leitores, pelo que me prontifico a saldar este compromisso na presente edição. Ao leitor Roberto de A. Mendes, de Cachoeira Paulista (SP), peço que entre em contato com este colunista através do e-mail acima, para agilizarmos nossa correspondência. A leitora Maria Aparecida, de Ponta Grossa (PR), expressou sua “indigestão” ao ler a matéria sobre Marte em UFO 104, Novos Enigmas Investigados no Planeta Vermelho. Na sua opinião, além de comprometer a seriedade da revista, que deveria ter mais critério para publicação, a matéria “ultrapassou os limites do bom senso”. Mesma opinião têm os leitores Evandro Tavares, de Porto Alegre (RS) e Felipe San Tiago, de Barbacena (MG). Outra leitora, Solange G. Berdenelli, de Lençóis Paulista (SP), quer saber a opinião deste colunista sobre as séries de tevê Taken, The 4400 e Arquivo-x, e outros filmes do gênero. De forma geral, Solange, vejo estes filmes apenas como entretenimento, baseados no que a história ufológica já escreveu sobre o assunto, revestidos da linguagem cinematográfica e com o inevitável e compreensível apelo ficcionista comercial. Há quem os leve ao pé da letra, acreditando que os diretores, autores ou produtores “sa-

bem das coisas” e procuram retransmitir esse “conhecimento” através de sua arte. Não vejo desta forma e, pelo que entendi, você também não. É evidente que os seriados despertam o interesse do público na medida em que mostram cidadãos comuns se tornando personagens centrais de acontecimentos que transformam suas vidas. A série The 4400, por exemplo, mostra abduzidos retornando depois de anos com poderes extra-sensoriais, e isso acaba virando um prato cheio para as mais alucinantes teorias na vida real. Sobre isso não há nenhum dado comprobatório. Ao Márcio Montenegro, de Recife (PE), agradeço as palavras de apoio ao nosso trabalho, extensivas à Equipe de Redação. Esteja certo do esforço de todos para atender às suas expectativas e dos leitores em geral. Se na edição passada tecemos elogios a vários departamentos da REVISTA UFO, desta vez há uma reclamação – já encaminhada ao setor competente – procedente do assinante José Mauro Júnior, de Curitiba (PR), sobre o não-recebimento de vários exemplares com irritante freqüência. Acreditamos que seja um caso isolado e que o problema será resolvido o mais rápido possível, porque a credibilidade da revista não se limita apenas ao que ela publica, mas também – e principalmente – à forma como trata seus leitores.

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