Testes de Avaliação (Com Soluções) [PDF]

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Zitiervorschau

Testes de avaliação e sugestões de resposta

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2 Argumentação e lógica formal Formas de inferência válida e principais falácias: lógica silogística. GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. Toda a sardinha é um animal marítimo. Todo o salmão é um animal marítimo. Logo, todo o animal marítimo é sardinha. Estamos perante um: A. silogismo válido; B. silogismo inválido; C. falso silogismo; D. silogismo condicional. 1.2. O seguinte silogismo pertence à segunda figura: A. Todos os criminosos são sancionados. Ora, os ladrões são criminosos. Logo, os ladrões são sancionados. B. Os irlandeses não são ingleses. ingleses são indivíduos naturais de Inglaterra. Assim, alguns indivíduos naturais de Inglaterra não são irlandeses. C. Alguns pintores são expressionistas. Todos pintores são artistas. Logo, alguns artistas são expressionistas. D. Os avaros não são generosos. Os beneficentes são generosos. Portanto, os beneficentes não são avaros. 1.3. A seguinte alínea contém a definição correta da falácia das premissas exclusivas: A. Ocorre quando o termo menor se encontra distribuído na conclusão e não na premissa menor. B. Acontece quando se extrai uma conclusão de duas premissas negativas. C. Ocorre quando o termo maior se encontra distribuído na conclusão e não na premissa maior. D. Dá-se quando o silogismo não respeita a regra que determina que o silogismo tem três e só três termos. 1.4. É o conjunto de seres, objetos, membros que são abrangidos por um conceito/termo. Esta definição refere-se: A. à extensão; B. à compreensão; C. à intensão; D. ao quantificador existencial.

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GRUPO II 1. Coloque na forma canónica as seguintes proposições: a) Nem todos os arquitetos são criadores. b) Quem se deita cedo e cedo se levanta é saudável. c) Há indivíduos cuja única ocupação é simplesmente roubar. d) Ser voluntário é dedicar-se aos outros. 2. Refira quais os termos que se encontram distribuídos e quais os que não se encontram distribuídos nas seguintes proposições: a) Alguns doces não são açucarados. b) Alguma energia é renovável. c) Todos os bombeiros são benfeitores. d) Nenhum eletrodoméstico é máquina industrial. 3. Em cada um dos seguintes silogismos, identifique os termos, a figura e o modo. a) Os maus criadores não são imaginadores consequentes. Os arquitetos são imaginadores consequentes. Logo, os arquitetos não são maus criadores. b) Todos os felinos são vertebrados. Todos os gatos são felinos. Logo, alguns vertebrados são gatos. 4. Considerando as regras do silogismo, tire a conclusão de cada um dos seguintes pares de premissas: a) Os simples argumentadores não são grandes oradores. Os homens dedicados à causa pública são grandes oradores. b) Alguns cafés são descafeinados. Todos os cafés são bebidas. 5. O seguinte silogismo é inválido. Justifique a sua invalidade. A bateria é um instrumento musical de percussão. Alguns instrumentos musicais são baterias. Logo, os instrumentos musicais são de percussão. 6. Avalie os silogismos que se seguem. Se algum deles for inválido, justifique a sua invalidade. a) Os catalães são espanhóis. Alguns espanhóis são independentistas. Logo, os catalães são independentistas. b) As ruas não são quarteirões. As estradas não são ruas. Logo, as estradas não são quarteirões. 7. Partindo dos termos indicados, apresente um exemplo de silogismo categórico inválido em que seja cometida a falácia da ilícita maior: Termo maior: terráqueo.

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Termo menor: inglês. Termo médio: alemão. 8. Avalie cada um dos seguintes silogismos condicionais. Identifique-os. a) Se a encomenda não chegar, eu próprio vou buscá-la. A encomenda não chega. Logo, eu próprio vou buscá-la. b) Se o inverno é longo, os ursos hibernam. O inverno não é longo. Logo, os ursos não hibernam. 9. Construa, para a proposição a seguir expressa, os dois modos válidos do silogismo disjuntivo (disjunção exclusiva): Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. 10. Analise o seguinte silogismo: És arquiteto ou poeta. És arquiteto. Logo, não és poeta. 10.1. Pronuncie-se acerca da sua validade, justificando a sua resposta. 10.2. Se considerou válido o silogismo, construa a respetiva falácia; se o considerou inválido, construa o modo válido respetivo.

1.1. .......................................................... 5 pontos 1.2. .......................................................... 5 pontos 1.3. .......................................................... 5 pontos 1.4. .......................................................... 5 pontos GRUPO II

3 .............................................................. 10 pontos 4. ............................................................. 20 pontos 5. ............................................................. 15 pontos 6. ............................................................. 20 pontos 7. ............................................................. 15 pontos 8. ............................................................. 20 pontos 9. ............................................................. 20 pontos 10. 10.1. ........................................................ 10 pontos NCON11LP ©Porto Editora

COTAÇÕES GRUPO I 1.

10.2. ........................................................ 10 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 2 GRUPO I

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1. ............................................................. 20 pontos 2. ............................................................. 20 pontos

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1. 1.1. C 1.2. D 1.3. B 1.4. A GRUPO II 1. a) Alguns arquitetos não são criadores. b) Todos os que se deitam cedo e cedo se levantam são saudáveis. c) Alguns indivíduos são ladrões a tempo inteiro. d) Todos os voluntários são dedicados aos outros. 2. a) Encontra-se distribuído o termo «açucarados»; o termo «doces» não se encontra distribuído. b) Nenhum dos termos – «energia» e «renovável» – se encontra distribuído. c) Encontra-se distribuído o termo «bombeiros»; o termo «benfeitores» não se encontra distribuído. d) Ambos os termos – «eletrodoméstico» e «máquina industrial» – se encontram distribuídos. 3. a) Termo maior: «maus criadores»; termo menor: «arquitetos»; termo médio: «imaginadores consequentes». Modo: EAE. Figura: 2.ª.

a) Os homens dedicados à causa pública não são simples argumentadores. b) Algumas bebidas são descafeinadas. 5. O termo menor, «instrumentos musicais», está distribuído na conclusão mas não o está na respetiva premissa, violando-se assim a regra que determina que qualquer termo distribuído na conclusão tem de o estar também na premissa de que é parte integrante. Por esse motivo, a conclusão acaba também por não seguir a parte mais fraca (a premissa menor). 6. a) Inválido. O termo médio não está distribuído pelo menos uma vez. Além disso, a conclusão teria de ser particular, seguindo a parte mais fraca. b) Inválido. Com duas premissas negativas, nada se poderá concluir. 7. Todos os alemães são terráqueos. Nenhum inglês é alemão. Logo, nenhum inglês é terráqueo. 8. a) Válido. Modus ponens. b) Inválido. Falácia da negação do antecedente. 9. Modus ponendo tollens: Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. Ignoras os sintomas. Logo, não vais ao médico. Modus tollendo ponens: Ou ignoras os sintomas ou vais ao médico. Não ignoras os sintomas. Logo, vais ao médico. 10.

b) Termo maior: «gatos»; termo menor: «vertebrados»; termo médio: «felinos». Modo: AAI. Figura: 4.ª.

10.1. O silogismo é inválido porque, uma vez que estamos perante uma disjunção que não é completa (disjunção inclusiva), a afirmação de uma das alternativas não implica a negação da outra.

4.

10.2. És arquiteto ou poeta. Não és arquiteto. Logo, és poeta.

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3 Argumentação e lógica formal Formas de inferência válida e principais falácias: lógica proposicional. GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A proposição expressa pela frase «O Sol brilha» é considerada uma proposição: A. composta; B. simples; C. complexa; D. imperativa.

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1.2. O operador «ou» é um operador: A. singular; B. unário; C. monádico; D. binário. 1.3. A condicional é falsa se o antecedente: A. for verdadeiro e o consequente também; B. for falso e o consequente também; C. for verdadeiro e o consequente for falso; D. for falso e o consequente for verdadeiro. 1.4. À proposição (ou proposições) sobre a qual (ou sobre as quais) um operador incide chama-se: A. âmbito de um operador; B. operador principal;

C. função de um operador;

D. tautologia.

GRUPO II 1. Refira quais das proposições a seguir expressas são proposições simples e quais as complexas, justificando: a) Se corro, então tornar-me-ei um grande atleta. b) Os computadores não são realidades simples. c) O conhecimento é uma crença verdadeira justificada. d) Eu trabalho. e) Maria é cozinheira ou agricultora. f) Chove e está frio.

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g) Picasso não é um músico.

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2. Formalize as proposições a seguir indicadas, apresentando a sua expressão canónica e a respetiva interpretação: a) Tanto as árvores como as grutas são protetoras. b) Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante. c) Não ter talento artístico é condição suficiente para eu não ser pintor, se, e só se, os dicionários fornecem definições corretas. 3. Verifique, usando as tabelas de verdade, se as seguintes fórmulas proposicionais são tautologias, contradições ou contingências. a) (ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q) b) (ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P 4. Refira, usando uma tabela de verdade, se as seguintes proposições são ou não logicamente equivalentes. Justifique. – Se gosto de futebol, então tenho um clube. – Não gosto de futebol ou tenho um clube. 5. Considere os seguintes argumentos: a) Se vou à feira, então compro sapatos. Vou à feira. Logo, compro sapatos. b) Acredito em ti ou sou inteligente. Não acredito em ti. Logo, sou inteligente. c) Se a noite é tempestuosa, então fico confuso. A noite não é tempestuosa. Logo, não fico confuso. 5.1. Determine a sua validade recorrendo a inspetores de circunstâncias. Comece por apresentar a interpretação (dicionário) e a formalização respetivas. 5.2. Identifique cada um dos argumentos anteriores. 6. Identifique o seguinte argumento e traduza-o com recurso às letras proposicionais e às variáveis de fórmula: Se eu viajo e tu lês, então sabemos o essencial. Se sabemos o essencial, então a nossa vida tem sentido. Logo, se eu viajo e tu lês, então a nossa vida tem sentido.

COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 5 pontos 1.2. .......................................................... 5 pontos 1.3. .......................................................... 5 pontos 1.4. .......................................................... 5 pontos GRUPO II

1. ............................................................. 30 pontos 2. a) ............................................................. 10 pontos b) ............................................................. 10 pontos c) ............................................................. 10 pontos 3. a) ............................................................. 15 pontos

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b) ............................................................. 15 pontos 4. ............................................................. 20 pontos

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3 a)

5. 5.1. .......................................................... 30 pontos 5.2. .......................................................... 15 pontos 6. ............................................................. 25 pontos

P

Q

V

V

(ÿ P ⁄ ÿ Q) ´ ÿ (ÿ P ⁄ ÿ Q) FFFFVFFF FVVFFFV

V

F

V VVFFFVVF

F

V

F

F

VV

V

VV

VF

V

TOTAL ..................................................... 200 pontos

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 3 GRUPO I 1. 1.1. B; 1.2. D; 1.3. C; 1.4. A.

Conting ência. b)

GRUPO II 1. São proposições simples as expressas nas seguintes alíneas: c) e d). São proposições complexas as expressas nas seguintes alíneas: a), b), e), f) e g). Aquelas são simples porque não contêm qualquer operador. Estas são complexas porque contêm operadores. 2.

As árvores são protetoras e as grutas são protetoras.

Q

(ÿ P Ÿ ÿ Q) Æ ÿ P

V

V

F

F

F

V

V

F

F

F V

V

F

F

V

V F

F

V

V

F

F

V V V

V

V

F

Tautologia.

a) Expressão canónica

P

Interpretação P: As árvores são protetoras. Q: As grutas são protetoras.

Formalização

4.

PŸQ

P

Q

V

V

(P Æ Q) ´ (ÿ P ⁄ Q) V

V

F

V

F

V

FV

F

F

F V FF

b) Interpretação

Ou Deus existe ou o Universo é uma sombra errante.

P: Deus existe. Q: O Universo é uma sombra errante.

Formalização

V

VV

V

V

VV

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Expressão canónica

V

P⁄Q

São proposições equivalentes, porque a fórmula em causa é tautológica. 5. c) Expressão canónica

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Se não tenho talento artístico, então não sou pintor, se, e só se, os dicionários fornecem definições corretas.

Interpretação

Formalização

P: Tenho talento artístico. Q: Sou pintor. R: Os dicionários fornecem definições corretas.

(ÿ P Æ ÿ Q) ´ R

5.1. a) Interpretação

Formalização

P: Vou à feira.

PÆQ

Q: Compro sapatos.

P \Q

P

Q

P Æ Q, P |= Q

Testes de avaliação e sugestões de resposta V

V

VVV FVF

V

F

VFV

F

V

V

F

F

F

P: A noite é tempestuosa. P Æ Q Q: Fico confuso. ÿP\ÿ Q

F

O argumento é válido. b) Interpretação

Formalização

P: Acredito em ti.

P⁄Qÿ

Q: Sou inteligente.

P

P

Q V

P Æ Q, ÿ P |= ÿ Q) VFF FFV VV

V V

F

F

F

V

F

F

V

V

V

\Q

O argumento é inválido. P

Q

P ⁄ Q, ÿ P |= Q

V

V

VFV VFF V

V

F

VV

F

V

F

F

F

V

5.2. a) Modus ponens. b) Silogismo disjuntivo. c) Falácia da negação do antecedente.

F

6. Silogismo hipotético. (P Ÿ Q) Æ R RÆS \ (P Ÿ Q) Æ S

O argumento é válido. c) Interpretação

AÆB Formalização

BÆC \AÆC

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4 Argumentação e retórica GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. No âmbito da argumentação, é legítimo afirmar que: A. a opinião do orador é sempre indubitável; B. o auditório pode ser individual ou coletivo; C. o orador apresenta uma tese a favor da qual o auditório irá argumentar; D. o contexto de receção é irrelevante na adesão à tese e aos argumentos do orador. 1.2. O pathos: A. diz respeito ao auditório, a quem o orador quer convencer a aderir à(s) sua(s) ideia(s); B. reporta-se ao discurso, aos argumentos apresentados em defesa de uma determinada tese; C. refere-se ao orador, à sua credibilidade, honestidade e integridade;

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D. está relacionado com a linguagem utilizada, com o seu conteúdo e os aspetos formais que a caracterizam. 1.3. A credibilidade do orador, o seu carácter e a sua integridade moral dizem respeito: A. ao ethos; B. ao logos; C. à validade dos argumentos que apresenta para defender as suas ideias; D. ao pathos. 1.4. A validade de um argumento por analogia depende: A. da autoridade em que este se sustenta; B. da indução que nele se efetua; C. do facto de as semelhanças que existem entre as realidades comparadas serem mais relevantes do que as diferenças que as separam; D. da credibilidade do sujeito que o formula. 1.5. Todos os alunos do ensino profissional que até hoje tive são indisciplinados. Logo, todos os alunos do ensino profissional são indisciplinados. Trata-se: A. de um argumento de autoridade; B. de um argumento por analogia; C. de um argumento indutivo, por generalização; D. de uma previsão indutiva. 1.6. David Attenborough e Jane Goodall são defensores do controlo populacional. Assim, os números da população mundial deviam estar regulados. Trata-se: A. de um argumento de autoridade; B. de um argumento por analogia; C. de um argumento indutivo, por generalização; 1.7. Argumento que reduz as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as restantes alternativas. Esta definição corresponde à falácia: A. ad hominem; B. da derrapagem; C. do falso dilema;

D. do “boneco de palha”.

1.8. Santo Anselmo era um homem religioso. Logo, o argumento ontológico – que concebeu, para provar a existência de Deus – deve ser ignorado. Estamos perante a falácia: A. da derrapagem; B. do falso dilema;

C. do “boneco de palha”;

D. ad hominem. NCON11LP ©Porto Editora

GRUPO II 1. «A sociedade atual, caracterizada por uma importância crescente da comunicação, favorece um regresso da argumentação, e a emergência de uma nova retórica. Estes modos de expressão encontram lugar privilegiado na vida socioeconómica e política; considera-se doravante que a

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D. de uma previsão indutiva.

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ciência não explica tudo e regressa-se ao debate, à confrontação, ou seja, à “concorrência” entre ideias que tornam necessário o recurso à argumentação.» R. e J. Simonet (1990), L’Argumentation. Stratégie et Tactiques, Paris, Éd. D’Organisation, p. 14.

Justifique, com elementos do texto, a imprescindibilidade da argumentação no mundo contemporâneo. 2. «Numa demonstração tudo é dado. (...) Na argumentação, pelo contrário, as premissas são instáveis. À medida que se vai argumentando, elas podem enriquecer-se; mas estas são sempre precárias, a intensidade com que lhes aderimos modifica-se. A ordem dos argumentos é pois ditada, em grande parte, pelo desejo de destacar novas premissas, de distinguir alguns elementos e de obter certos compromissos da parte do interlocutor.» Chaïm Perelman e L. Olbrechts-Tyteca (1983), Traité de l’Argumentation, 4.ª éd., Bruxelles, Editions de l’Université de Bruxelles, p. 65.

Considerando o texto, distinga argumentação de demonstração. 3. Defina os seguintes conceitos: objetos de acordo e opinião pública. 4. «Aristóteles, pai fundador [da retórica] (...) compreende o que mais ninguém depois dele percebe: o ethos, o pathos e o logos estão em pé de igualdade na relação retórica.» Michel Meyer et al. (1999), História da Retórica, Lisboa, Temas e Debates, p. 266.

Mostre, com base nesta afirmação, a importância do ethos, do pathos e do logos no âmbito da relação retórica.

GRUPO III 1. Esclareça o significado de cada um dos seguintes argumentos informais: a) Argumento indutivo, por generalização. b) Argumento indutivo, por previsão. c) Argumento por analogia. d) Argumento de autoridade. 2. Identifique as falácias que seguidamente se expõem. Justifique a sua resposta. a) Se hoje ajudas este, amanhã terás que ajudar aquele. Se amanhã ajudares ambos, entretanto ajudarás outros tantos. Aos indivíduos seguir-se-ão as associações, de tal modo que, quando deres por ti, já para ti nada resta. Por conseguinte, o melhor é não ajudar ninguém. derrapagem b) O passado político do indivíduo X não lhe dá credibilidade alguma para propor qualquer solução para este país, por muito bem sustentada que ela possa estar. Logo, ignore-se, para a nação, qualquer sugestão sua. Ad hominem c) Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente. Como ele não surgiu por acaso, então resultou de um Criador inteligente. Falso dilema d) Os animais merecem ser respeitados. Logo, todos os animais são merecedores de respeito. Petiçao de principio

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pontos 1.7. .......................................................... 5

COTAÇÕES

pontos

GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 5 pontos 1.2.

..........................................................

5

pontos 1.3. .......................................................... 5 1.4.

pontos ..........................................................

5

pontos 1.5. .......................................................... 5

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1.6.

pontos ..........................................................

5

1.8. .......................................................... 5 pontos GRUPO II 1. ............................................................. 25 pontos 2. ............................................................. 25 pontos 3. ............................................................. 25 pontos 4. ............................................................. 25 pontos GRUPO III 1. ............................................................. 20 pontos 2. ............................................................. 40 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

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GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. A 1.3. A 1.4. C 1.5. C 1.6. A 1.7. C 1.8. D GRUPO II 1. A argumentação é imprescindível no mundo contemporâneo por fatores como a falibilidade dos modelos científicos (no texto afirma-se «a ciência não explica tudo»), a importância crescente do discurso publicitário e dos media (no texto fala-se de uma nova «vida socioeconómica»), o desenvolvimento das democracias, com a liberdade de expressão que viabilizam (no texto alude-se à atual «vida política»). Naturalmente, para lá desses aspetos, a necessidade da argumentação está constantemente presente no quotidiano sempre que o ser humano quer convencer alguém de que o seu ponto de vista é mais valioso do que outro. 2. Na demonstração, como se afirma no texto, «tudo é dado». De facto, ao contrário da argumentação, nela ignoram-se todos os elementos exteriores à estrutura formal do discurso, tais como a matéria que está em discussão, o contexto em que a mesma é levada a cabo – o tipo de auditório, por exemplo, com as emoções a que é suscetível –, o carácter pessoal dos intervenientes (orador e interlocutores) ou a equivocidade da língua natural que, sendo o veículo de transmissão da mensagem, pode originar múltiplas interpretações. Naquela estabelece-se, sob a forma do cálculo – o cálculo lógico-formal –, uma relação constringente e incontornável entre as premissas e a conclusão, nesta há tão-só a adesão do auditório, a tentativa de «obter certos compromissos da parte do interlocutor», o que obriga a um esforço de permanente adaptação do retor aos seus ouvintes. 3. Os objetos de acordo são premissas admitidas pelo auditório, podendo consistir em crenças, valores, verdades, factos, presunções, etc. Fazendo parte da opinião do auditório, os objetos de acordo encontram-se pressupostos durante o ato argumentativo. A opinião pública é o conjunto de pensamentos, conceitos e representações gerais dos cidadãos sobre as questões de interesse coletivo. 4. Para Michel Meyer – tal como para Aristóteles –, o ethos, o pathos e o logos são, na relação retórica, inseparáveis e constitutivos. Nela, todos estes elementos

estão, como se afirma no texto, «em pé de igualdade». Relativamente ao ethos, podemos dizer que um dos aspetos que nos levam a confiar no discurso de alguém e que se traduz numa disponibilidade para ouvir e para aderir aos argumentos que nos são propostos é o carácter do orador, associado à sua credibilidade. NCON11LP_F07

No que se refere ao pathos, para conseguir persuadir e convencer o auditório, o orador deve criar uma empatia com tal auditório, adaptar-se a ele, suscitando nele emoções que o predisponham a aceitar a tese que lhe é proposta. No que se refere ao logos, este encontra-se associado à consistência e à solidez do discurso, aspetos fundamentais do processo argumentativo. A maneira e a ordem como os assuntos são abordados e a consistência com que os argumentos são apresentados fazem toda a diferença no processo de adesão do auditório a uma tese. GRUPO III 1. a) Argumento que parte de casos particulares e aplica as verdades aí obtidas a algo mais geral; por outras palavras, raciocínio cuja conclusão é mais geral do que a(s) premissa(s). b) Argumento que parte de casos passados para prever casos não observados, presentes ou futuros. c) Argumento em que, partindo de certas semelhanças ou relações entre duas realidades, se depreendem novas semelhanças ou relações. d) Argumento que se sustenta no parecer de um especialista para assegurar a verdade do que se afirma. 2. a) Falácia da derrapagem. Esta falácia ocorre sempre que alguém, para refutar uma tese, apresenta, pelo menos, uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de consequências progressivamente inaceitáveis. O objetivo é mostrar que um determinado resultado indesejável inevitavelmente se seguirá. Neste caso, o que se perceciona é a intenção de alguém provar que não se deve ajudar ninguém, tomando como premissa os riscos associados a uma pequena ajuda, e estendendo esse exemplo indefinidamente, de um modo “escorregadio”, a universos cada vez maiores. b) Falácia ad hominem. Nesta falácia, tal como em qualquer outra do mesmo tipo, é a pessoa que o pronuncia e não o argumento pronunciado que é alvo de objeção. Neste caso, é o político que está em causa e não as propostas – que são o que, na circunstância em questão, se pretende avaliar. c) Falácia do falso dilema. Esta falácia consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando-se as restantes alternativas. Trata-se, portanto, de extrair uma conclusão a partir de uma disjunção falsa. É o que se passa

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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 4

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neste caso: «Ou o mundo surgiu por acaso ou resultou de um Criador inteligente» constitui uma disjunção falsa já que há mais alternativas possíveis – o mundo existir desde sempre, ter sido criado por uma equipa de deuses, etc.

d) Petição de princípio. Trata-se de um argumento circular no qual se toma por já provado o que ainda carece de prova. Neste exemplo é isso que se verifica, pois a conclusão – «Todos os animais são merecedores de respeito» – é antecipadamente usada como premissa – «Os animais merecem ser respeitados».

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5 Argumentação e Filosofia GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A retórica, ensinada pelos sofistas, visa: A. dotar as mulheres de habilidades linguísticas; B. formar os jovens cidadãos no sentido de estes participarem nas assembleias democráticas; C. desenvolver competências argumentativas nos escravos; D. treinar jovens atores para exibições de teatro. 1.2. Os sofistas mais destacados são: A. Górgias, Platão e Sócrates; B. Hípias, Górgias e Sócrates; C. Platão, Górgias e Protágoras; D. Protágoras, Górgias e Hípias. 1.3. Os sofistas eram professores itinerantes que: A. ensinavam a arte de bem falar aos jovens cidadãos em troca de uma remuneração; B. ensinavam aos jovens a arte elocutória a troco de posições políticas de destaque; C. ofereciam uma vasta formação integral de modo desinteressado; D. ofereciam uma formação integral sólida aos escravos por puro amor à sabedoria.

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1.4. As críticas aos sofistas são dirigidas por: A. Platão e Hípias; B. Sócrates e Górgias; C. Hípias e Górgias; D. Sócrates e Platão. 1.5. Um dos aspetos que distingue o sofista do filósofo: A. é a ênfase que o sofista coloca na forma do discurso, ao contrário do filósofo, que se centra no conteúdo; B. reside no facto de o sofista entender a verdade em si mesma, ao contrário do filósofo, que entende a verdade à medida das diferentes circunstâncias; C. baseia-se no facto de o sofista privilegiar a verdade e o filósofo a técnica; D. é a retribuição: enquanto o sofista busca desinteressadamente a verdade, o filósofo faz-se pagar pelos seus serviços.

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Testes de avaliação e sugestões de resposta

1.6. A manipulação caracteriza-se pela: A. prática do discurso que tem como finalidade a livre adesão do auditório à tese que o orador pretende que seja acolhida por aquele; B. prática abusiva do discurso – abusiva na medida em que obriga o recetor a aderir a uma dada mensagem (que um dado emissor deseja impor); C. prática do discurso que tem como finalidade a adesão do auditório a uma tese oculta; D. prática abusiva do discurso que visa retirar a liberdade ao orador de modo a que ele não possa defender a tese em que realmente acredita. 1.7. A retórica que corresponde a um uso ilegítimo do discurso, porque visa enganar, iludir e manipular o interlocutor, recebe a designação de: A. retórica branca; B. retórica manipuladora; C. retórica negra; D. retórica persuasiva. 1.8. A racionalidade argumentativa implica: A. o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, aliado ao reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. B. o reconhecimento de uma verdade e de uma realidade unívocas; C. a afirmação de uma verdade única, aliada a uma atitude dogmática; D. a afirmação de uma única realidade, aliada a uma atitude crítica.

GRUPO II 1. Refira a que se deve a visão depreciativa a que os sofistas começaram por estar associados.

Platão (1997), Górgias, Lisboa, Lisboa Editora, p. 69. Critique a retórica dos sofistas à luz da perspetiva presente neste excerto.

3. Refira os principais aspetos que distinguem os sofistas dos filósofos.

GRUPO III 1. «Proteger a liberdade de expressão é indispensável, mas proteger a liberdade de receção é-o também, e na mesma medida.» Philippe Breton (2001), A Palavra Manipulada, Lisboa, Editorial Caminho, p. 209.

Explique esta afirmação, clarificando as duas formas de liberdade nela referidas. 2. «A filosofia, mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade, associa-se à crença na verdade e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas (...). Ora, esta admissão, esta tentativa de fazer admitir certas teses, só pode ser realizada através de meios argumentativos.» Rui Alexandre Grácio (1999), “Introdução à Tradução Portuguesa”, in C. Perelman, O Império Retórico, Porto, Edições ASA, p. 10.

Testes

2. «A retórica, ao que me parece, é uma prática estranha à arte, mas exige uma alma dotada de imaginação, de ousadia e, naturalmente apta para o trato com as pessoas. (...) Não sei se entenderás bem a minha resposta: na minha opinião, a retórica é como o simulacro de uma parte da política.»

Testes de avaliação e sugestões de resposta

Caracterize, a partir do texto, a racionalidade argumentativa. . 3 .

COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1.

..........................................................

5

pontos 1.2. .......................................................... 5

pontos

1.3.

..........................................................

5

pontos 1.4. .......................................................... 5

pontos

1.5.

..........................................................

5

A . 1 . 4 .

pontos 1.6. .......................................................... 5 pontos 1.7. .......................................................... 5 pontos 1.8. .......................................................... 5 pontos GRUPO II 1. ...................................................... ....... 30 pontos 2. ...................................................... ....... 30 pontos 3. ............................................................. 30 pontos GRUPO III 1. ............................................................. 35 pontos 2. ............................................................. 35 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 5 GRUPO I 1. 1.1. B. 1 . 2 .

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D . 1

D . 1 . 5 . A . 1.6. B. 1.7. C. 1.8. A. GRUPO II 1. Os sofistas eram professores itinerantes que se dedicavam ao ensino dos jovens cidadãos mediante uma remuneração. Dominavam a arte de persuadir pela palavra e eram dotados de habilidade linguística e de estilo eloquente, surpreendendo pela sua vasta erudição e pelos seus discursos expressivos. Enquanto professores, os sofistas centravam o seu ensino mais na forma do que no conteúdo, ensinando, por isso, a técnica do discurso, a arte de fazer triunfar um discurso em função da conveniência de cada um. Sócrates, Platão e seus discípulos não podiam aceitar este relativismo da verdade, esta valorização da retórica como arte do discurso persuasivo em detrimento da sabedoria. Este aspeto, aliado ao facto de os sofistas se fazerem pagar pelos seus serviços, originou uma visão depreciativa dos sofistas. 2. Enquanto Górgias considera a retórica uma arte, Sócrates caracteriza-a como uma atividade

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Testes de avaliação e sugestões de resposta

empírica, destinada a produzir uma certa espécie de agrado no auditório. Com efeito, no diálogo «Górgias» de Platão, Sócrates, para além de tecer críticas aos sofistas, define a retórica como uma atividade empírica, que visa apenas o agradável, o prazer, uma prática que serve de simulacro à política, confrontando o discurso como instrumento de poder, próprio dos sofistas, com o discurso como instrumento de verdade, próprio dos filósofos. É neste diálogo que Sócrates alerta Polo para o contraste metodológico entre ele e os sofistas: enquanto os sofistas se refugiam na eloquência de longos discursos, Sócrates prefere o diálogo, a metodologia de pergunta-resposta. 3. Enquanto os sofistas são professores itinerantes que se fazem pagar pelos seus serviços, os filósofos, de acordo com Sócrates e Platão, são amantes, desinteressados, do saber. Por oposição a um discurso centrado na forma, na técnica e na eficácia, próprio dos sofistas, os filósofos preferem centrar o discurso no conteúdo, na sabedoria e na procura da verdade absoluta. Por último, ao contrário dos sofistas, que entendem a verdade à medida das circunstâncias individuais e baseiam o discurso em opiniões e aparências, os filósofos entendem a verdade como existente em si, baseando o discurso na Verdade e no Bem. GRUPO III 1. Nas democracias atuais, a liberdade de expressão é considerada um direito fundamental que não pode ser posto em causa. Contudo, para além da liberdade de expressão de um dado orador, é igualmente necessário que o auditório a que ele se dirige seja também livre, ou seja, é também necessário garantir a liberdade de um dado recetor. Tal exigência pode parecer, à primeira vista, despropositada porque partimos sempre do princípio de que o recetor tem liberdade de aceitar, ou não, a tese. Tal problema não se colocaria se o orador, no decurso do processo argumentativo, apenas visasse a persuasão do auditório, ou seja, levar o auditório a mudar de ideias, mas pressupondo a sua livre adesão à tese que o orador pretende que seja acolhida por aquele. Todavia, nem sempre o orador permite essa liberdade do auditório, sobretudo quando impõe, com recurso à manipulação, a sua tese. O discurso é manipulador quando abusivamente obriga o recetor a aderir a uma

dada mensagem (que um dado emissor deseja impor). Essa manipulação pode assumir a forma de manipulação dos afetos, centrada no apelo à emoção e aos sentimentos do recetor, e de manipulação cognitiva, que opera por falsificação do conteúdo do discurso. 2. A argumentação é fundamental para a atividade filosófica, que procura uma visão integrada do real, uma compreensão da realidade no seu todo, do ser, dedicando-se à busca da verdade. As teorias filosóficas estão, frequentemente, dependentes das suas perguntas e respostas. A filosofia socrático-platónica, por exemplo, exigia encontrar a Verdade – única, absoluta e universal, capaz de dizer uma realidade absoluta, perfeita e imutável – e, por isso, criticava fortemente a retórica sofística, por esta dar espaço ao subjetivismo e ao relativismo. Reconhece-se, contudo, que a diversidade dos discursos, quer estejamos a falar de sistemas filosóficos, quer nos estejamos a referir ao conhecimento científico, à religião ou à política, reflete a riqueza de perspetivas e leituras que podemos fazer da realidade. Nesse sentido, a razão não é mais entendida como a faculdade humana detentora de conhecimentos definitivos e unívocos, mas como faculdade humana plural, portadora de conhecimentos plurívocos e o mais próximos possível da verdade. Portanto, emerge uma nova conceção da racionalidade – uma racionalidade argumentativa. Muito embora a argumentação pressuponha a existência de diferentes teses e, também, a possibilidade da contradição, não quer isto dizer, no entanto, que com o novo modelo de racionalidade se caia num relativismo puro ou que se negue o esforço de universalidade dos nossos conhecimentos acerca do real. Pelo contrário, isso significa o reconhecimento do pluralismo que a racionalidade encerra, isto é, o reconhecimento de que se pode dizer/conhecer o real de diferentes maneiras. Impõese, por isso, para o filósofo de hoje, a afirmação de uma (ou várias) verdade(s) possível(eis), aliada(s) a uma atitude crítica, de abertura e questionamento face ao real. Para a filosofia contemporânea, a busca da verdade não é mais incompatível com a retórica; pelo contrário, há quem afirme poder encontrar nesta o método da filosofia. Daí que a filosofia, «mais do que encontrar-se ligada à posse da verdade», se associe «à crença na verdade e à aspiração de tornar a verdade, em que o filósofo crê, admitida por outras pessoas, e, eventualmente, por todas as pessoas». Tal admissão, como se refere no texto, «só pode ser realizada através de meios argumentativos», isto é, os

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meios argumentativos são o método da filosofia para fazer com que o auditório admita as suas teses.

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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva Estrutura do ato de conhecer GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. O conhecimento é: A. o resultado da relação que se estabelece entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido; B. a realidade considerada independentemente da sua relação com qualquer sujeito; C. uma crença, sem mais; D. o que resulta de qualquer movimento efetuado por um sujeito. 1.2. O sujeito jamais interage com o objeto. Esta afirmação é: A. verdadeira, porque a relação do ser humano com o mundo é sempre de natureza teórica e cognitiva; B. falsa, porque o sujeito coincide com o objeto; C. verdadeira, porque o conhecimento é um ato efetuado por um sujeito no estado puro que apreende um objeto no estado puro; D. falsa, porque representar o objeto é também, de certo modo, construí-lo. 1.3. O conhecimento baseado em juízos refere-se ao: A. saber-fazer; B. conhecimento por contacto; C. saber que; D. senso comum. 1.4. O seguinte exemplo corresponde a um exemplo de saber-que: A. conhecer, na primeira pessoa, uma dor de dentes; B. entender que, na sucessão monárquica, ocorre o direito de primogenitura; C. saber trabalhar, na ótica do utilizador, com um computador; D. saber, na qualidade de um taxista experiente e há muito a trabalhar em Coimbra, os percursos que vão da estação de comboio à Universidade. 1.5. A linguagem e o pensamento são: A. esferas independentes entre si; B. elementos indissociáveis; C. duas manifestações de dois processos bem distintos; D. independentes do campo cultural. 1.6. O conhecimento a priori é todo o conhecimento baseado em juízos:

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A. universais e necessários; B. sintéticos a posteriori; C. contingentes e a priori; D. universais e contingentes. 1.7. A seguinte frase expressa um juízo analítico:

A. A Joana é bela.

B. Os cães ladram. C. Estou triste. D. Os solteiros não são casados. 1.8. «As vacas poluem a atmosfera.» Estamos perante um juízo: A. a priori; B. a posteriori; C. sintético a priori; D. analítico a posteriori.

GRUPO II 1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento por contacto». 2. Mostre em que medida o conceito de «realidade» possui diversos significados. 3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém dizer: que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de explicação se encontra à margem do saber.» Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.

Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verdadeira acompanhada de explicação». 4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos, salientando em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas.

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COTAÇÕES GRUPO I 1.

1.1.

.......................................................... 7,5

pontos 1.2. .......................................................... 7,5

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Testes de avaliação e sugestões de resposta

1.3. .......................................................... 7,5 pontos 1.4. .......................................................... 7,5 pontos 1.5. .......................................................... 7,5 pontos 1.6. .......................................................... 7,5 pontos 1.7. .......................................................... 7,5 pontos 1.8. .......................................................... 7,5 pontos GRUPO II 1. ............................................................. 35 pontos 2. ............................................................. 35 pontos 3. ............................................................. 35 pontos

vez, o saber que não se encontra tão diretamente ligado à experiência, embora esteja obviamente relacionado com ela. Trata-se do conhecimento baseado em juízos, o conhecimento que tem por objeto proposições ou pensamentos verdadeiros. 2. Em princípio, o conceito de «realidade» refere-se àquilo que efetivamente existe ou é, equivalendo assim a «existente» ou «ser». Nesse sentido, «realidade» designa um ser particular ou os seres em geral. Mas esta leitura genérica esconde uma multiplicidade de aceções. Sendo o que é ou existe, a realidade é também o que se opõe ao nada, ao não ser. Mas o conceito aplica-se igualmente àquilo que se opõe ao aparente ou ilusório; ao que não é potencial ou apenas possível, mas sim atual; ao que existe independentemente do sujeito que o pensa ou conhece; ao que nos é dado na experiência em geral e ao que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento científico.

1.7. D 1.8. B

3. Edmund Gettier contestou a definição tradicional de conhecimento – a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião verdadeira acompanhada de explicação» ou, por outras palavras, que é uma crença verdadeira justificada – através de contraexemplos que nos mostram ser possível termos uma crença verdadeira justificada sem que tal crença equivalha a conhecimento. Isso acontece quando há crenças verdadeiras justificadas acidentalmente, o que significa que a relação da justificação com a crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da crença apenas o resultado da sorte, do acaso ou da mera coincidência. Em suma, é possível que alguém não possua conhecimento, ainda que sejam realizadas as três condições (crença, verdade e justificação).

GRUPO II 1. Enquanto «ser-no-mundo», o ser humano encontra-se exposto a uma pluralidade de experiências. A experiência pode ser definida como a apreensão, por parte de um sujeito, de uma realidade, um modo de fazer, uma maneira de viver, etc., constituindo, em muitos casos, um modo de conhecer algo imediatamente antes de todo o juízo que se formula sobre aquilo que se apreende. Ora, o conhecimento pode encontrar-se ligado de um modo direto e imediato à experiência ou pode ser baseado em juízos ou proposições. Ligados mais diretamente à experiência encontram-se o saber-fazer, isto é, o conhecimento prático ou conhecimento de atividades, associado à capacidade, aptidão ou competência para fazer alguma coisa, e o conhecimento por contacto, que se verifica sempre que há uma apreensão direta de alguma realidade, seja de pessoas, lugares ou estados mentais. Por sua

4. Utilizando como critério a inclusão (implícita) ou não do predicado no sujeito, Kant dividiu os juízos em analíticos e sintéticos. Os juízos analíticos são aqueles cujo predicado está implícito no conceito do sujeito, encontrando-se pela simples análise e explicação desse conceito. Estes juízos têm, portanto, origem na razão (são juízos a priori – a sua verdade é conhecida independentemente de qualquer experiência) e não contribuem para aumentar o nosso conhecimento. São universais e necessários. Por sua vez, os juízos sintéticos são aqueles cujo predicado não está implícito no conceito do sujeito, parecendo exigir sempre o recurso à observação ou à experiência, não sendo estritamente universais e sendo contingentes. Ao contrário dos anteriores, estes juízos são extensivos, isto é, ampliam o nosso conhecimento. No entanto, as verdades dos juízos sintéticos podem ser conhecidas a partir de duas

4. ............................................................. 35 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 6 GRUPO I 1. 1.1. A 1.2. D 1.3. C 1.4. B 1.5. B 1.6. A

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pontos

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fontes distintas, o que significa que tais juízos tanto podem ser a posteriori (aqueles que foram acima referidos) como a priori. Com efeito, segundo Kant, há juízos independentes da experiência, tendo uma origem racional – a priori –, mas cujo predicado não

está implícito no conceito do sujeito – sintéticos. Como tal, esses juízos aumentam o nosso conhecimento. São os juízos sintéticos a priori, caracterizados, tal como os analíticos, pela necessidade e pela universalidade.

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7 Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. De acordo com os racionalistas, o modelo do conhecimento ou do saber é a: A. experiência; B. matemática; C. indução; D. dedução a posteriori. 1.2. O conceito de «dogmatismo» enquanto confiança de que a razão pode atingir a certeza e a verdade opõe-se ao conceito de: A. realismo; B. ceticismo; C. criticismo; D. otimismo racionalista. 1.3. Uma das regras do método cartesiano é a regra da análise. Esta regra estabelece: A. que nada deve ser aceite como sendo verdade sem que se apresente com clareza e distinção; B. a necessidade de se conduzir, com ordem, o pensamento, partindo sempre das ideias mais simples para as mais complexas; C. que se deve sempre rever cautelosamente o trabalho efetuado, de modo a nada omitir; D. a obrigatoriedade de dividir as dificuldades por partes, para melhor as resolver. 1.4. Em relação às regras do método cartesiano, podemos dizer que elas: A. permitem guiar a razão na procura da verdade; NCON11LP ©Porto Editora

B. apenas se aplicam aos conhecimentos matemáticos; C. variam em função dos vários domínios do saber; D. resultam da necessidade de confirmar os conhecimentos veiculados pela tradição.

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1.5. A ideia de «carro» é, de acordo com a classificação de Descartes, uma ideia: A. factícia; B. inata; C. imaginária; D. adventícia. 1.6. O cogito de Descartes apresenta as seguintes características: A. é uma certeza inabalável; obtém-se por dedução; B. é um princípio evidente; obtém-se por intuição; C. é uma crença fundacional; obtém-se a posteriori; D. não é uma crença fundacional; obtém-se a priori. 1.7. Na filosofia de Hume, as relações de ideias são proposições analíticas e necessárias. Esta afirmação é: A. falsa, porque todas as ideias derivam da experiência; B. verdadeira, porque as relações de ideias se referem a factos concretos e necessários; C. falsa, porque o conhecimento é constituído apenas por proposições contingentes; D. verdadeira, porque as relações de ideias se descobrem pelo pensamento e se baseiam no princípio da não contradição. 1.8. Segundo David Hume: A. as várias perceções dividem-se em impressões simples e impressões complexas; B. as ideias complexas, referindo-se muitas vezes a realidades que não existem, não resultam de impressões; C. as ideias são imagens enfraquecidas de impressões; D. as impressões são imagens enfraquecidas de ideias.

GRUPO II 1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia. 2. Explique em que medida o dogmatismo se opõe ao ceticismo. 3. «Locke é o autor do texto “canónico” do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma página branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava Descartes.» AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113.

Diferencie, com base neste excerto, as perspetivas de Descartes e de Locke relativamente à origem do conhecimento.

GRUPO III 1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e

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distintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse dado de tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.» Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p. 70. Relacione as ideias do texto com o significado de Deus na edificação do sistema do saber.

2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o conhecimento desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particulares se combinam constantemente uns com os outros.» David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33.

Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido por raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária. 3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade, dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum princípio original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal princípio original, que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e convincentes.» David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.

Partindo do texto, compare as conclusões de Descartes e de Hume no que se refere à fundamentação do conhecimento.

COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1.

.......................................................... 5

pontos 1.2.

.......................................................... 5

pontos 1.3.

.......................................................... 5

pontos 1.4.

.......................................................... 5

pontos 1.5.

.......................................................... 5

pontos 1.6.

.......................................................... 5

pontos 1.7.

.......................................................... 5

pontos

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1.8. .......................................................... 5 pontos GRUPO II 1. ............................................................. 25 pontos 2. ............................................................. 25 pontos

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3. ............................................................. 25 pontos GRUPO III 1. ............................................................. 25 pontos 2. ............................................................. 30 pontos 3. ............................................................. 30 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 7 GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. B 1.3. D 1.4. A 1.5. D 1.6. B 1.7. D 1.8. C GRUPO II 1. No âmbito do dogmatismo ingénuo, não se coloca o problema de saber se o sujeito apreende ou não o objeto, ou seja, não se coloca o problema do conhecimento, partindo-se do pressuposto de que o sujeito apreende efetivamente o objeto. Ao não se aperceber do carácter relacional do conhecimento, o dogmático não coloca em dúvida a sua possibilidade, acreditando que os objetos nos são dados diretamente e de um modo absoluto, tal como são em si mesmos. Ora, isto não acontece na filosofia, porque todo o filósofo procede a um exame crítico daquilo que lhe é fornecido pelos sentidos, colocando a pergunta acerca do ser verdadeiro das coisas. 2. Há diversas aceções para o termo «dogmatismo». O dogmatismo opõe-se ao ceticismo enquanto se refere à perspetiva que, depositando confiança na razão, considera que é possível chegar à certeza e à verdade, traduzindo um otimismo racionalista. Trata-se, portanto, de uma perspetiva que responde afirmativamente à questão de saber se o conhecimento é possível. Já o ceticismo, na sua forma radical ou absoluta – o ceticismo pirrónico –, nega tal possibilidade.

3. Descartes foi um filósofo racionalista, o que significa que considerava a razão a principal fonte do conhecimento – o conhecimento universal e necessário. Ele defendia que a razão possui em si ideias inatas. Estas ideias, sendo claras e distintas, foram postas por Deus no espírito humano. Intuindo-as e raciocinando dedutivamente a partir delas, é possível chegar ao conhecimento de toda a realidade. Locke, por sua vez, foi um filósofo empirista. Para ele, a experiência é a fonte principal do conhecimento, não havendo ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O entendimento assemelha-se a «uma tábua rasa», a «uma página branca sem caracteres», onde a experiência irá «escrever». É na experiência – seja a experiência externa (sensação), pela qual se captam os objetos exteriores e sensíveis, seja a experiência interna (reflexão), pela qual se captam as operações internas da mente – que se encontram o fundamento e os limites do conhecimento. Segundo este filósofo, o conhecimento é limitado pela experiência em termos da sua extensão e da sua certeza. GRUPO III 1. De acordo com o texto, a faculdade de conhecer (a razão ou luz natural), tendo-nos sido dada por Deus, que não é enganador, «nunca apreende nenhum objeto que não seja verdadeiro (…) no que ela conhece clara e distintamente». Desde que bem usada, a razão pode alcançar conhecimentos evidentes. Deus, sendo o criador da faculdade de conhecer, é também o princípio do ser e do conhecimento em geral, garantindo a verdade objetiva das ideias claras e distintas. Criador das verdades eternas, origem do ser e fundamento da certeza, Deus garante a adequação entre o pensamento evidente e a realidade. Ao legitimar o valor da ciência, Deus confere solidez ao sistema do saber e objetividade ao conhecimento. 2. Escreve Hume que o conhecimento da relação de causa e efeito «não é, em circunstância alguma, obtido por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente da experiência». É perante a constatação de que determinados objetos se combinam entre si, ou de que entre dois fenómenos se verificou sempre uma conjunção constante (um deles ocorreu sempre a seguir ao outro), que concluímos ser um a causa e outro o efeito, tomando assim conhecimento da relação de causalidade. Ora, essa conjunção constante entre fenómenos não nos pode levar a concluir que entre eles haja uma conexão necessária (embora seja desse modo que a relação de causa e efeito é geralmente entendida), tanto mais que não dispomos

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de qualquer impressão relativa à ideia de conexão necessária entre fenómenos.

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3. Descartes e Hume são ambos fundacionalistas. Mas divergem no fundamento que adotam para o conhecimento. Hume encontra na experiência o fundamento do conhecimento. Como tal, na sua perspetiva, o conhecimento apoia-se em crenças básicas inseparáveis das impressões dos sentidos, que são «autoevidentes e

convincentes»: as crenças básicas são as crenças de que se está a ter determinadas experiências. Para Descartes, ao invés, o fundamento do conhecimento tem de ser procurado na razão. Descartes descobre-o no cogito, primeira verdade, o «princípio original» a que Hume se refere, assim como noutras ideias claras e distintas da razão. Todavia, este fundamento do conhecimento depende daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.

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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 O estatuto do conhecimento científico Conhecimento vulgar e conhecimento científico Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. Qual das seguintes questões não constitui um problema da epistemologia (ou filosofia da ciência)? A. O que é a ciência? B. Em que consiste a teoria científica da evolução por seleção natural? C. Como progride a ciência? D. Que significa o conceito de «objetividade científica»? 1.2. A atitude do cientista é essencialmente: A. problematizadora, racional e dogmática; B. problematizadora, racional e crítica; C. problematizadora, racional e acrítica;

D. problematizadora, racional e superficial.

1.3. O conhecimento científico é: A. subjetivo; B. imetódico e assistemático; C. explicativo; D. superficial. 1.4. O conhecimento científico procura ser objetivo porque: A. se encontra sujeito a correções e a alterações; B. se mantém como aceitável até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade; C. tem em atenção o facto, excluindo as apreciações subjetivas; D. visa ordenar a diversidade empírica. 1.5. O problema da demarcação pode ser formulado na seguinte questão: A. O que distingue a investigação nas ciências, como a biologia e a física, da investigação noutras disciplinas, como a história e a sociologia? B. Em que consiste a teoria científica do heliocentrismo?

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C. A clonagem humana é eticamente legítima? D. O que distingue as teorias científicas das que não são científicas? 1.6. Segundo o critério da falsificabilidade, o enunciado «A carne de ave não contribui para o aumento do nível de “mau” colesterol» é científico porque: A. pode ser confirmado por um conjunto finito de observações; B. é passível de ser refutado; C. pode confirmar-se a sua veracidade com uma única observação; D. só pode ser confirmado, não é passível de ser refutado. 1.7. Considere as proposições abaixo expostas. Selecione, depois, a alternativa que corretamente se lhes adequa. 1. Todos os metais oxidam. 2. Na sétima dimensão, alguns metais oxidam. 3. Este metal oxida. 4. Nenhum metal oxida. A. só as proposições 1, 3 e 4 são falsificáveis; B. só as proposições 2 e 4 são falsificáveis;

C. só as proposições 1 e 2 são falsificáveis;

D. só as proposições 3 e 4 são falsificáveis. 1.8. Na conceção indutivista do método científico: A. as teorias científicas surgem, por indução, a partir de factos e de observações; B. as teorias científicas surgem, por dedução, a partir de factos e de observações; C. as teorias científicas são propostas, por indução, sem ser necessário recorrer aos factos e observações simples;

GRUPO II 1. «O pensamento científico está no prolongamento do pensamento comum: é um aperfeiçoamento e um crescimento deste.» M. Gex (1964), Élements des Philosophie des Sciences, Neuchâtel, Éditions du Griffon, p. 18.

Qual dos autores estudados – Karl Popper e Gaston Bachelard – poderia subscrever esta afirmação? Justifique a sua resposta. 2. «Por não ser explicativo, o senso comum é absolutamente desnecessário.» Concorda com esta afirmação? Justifique e elabore um comentário, tendo em conta as características do senso comum. 3. Esclareça as duas críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método científico.

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4. Descreva as etapas do método hipotético-dedutivo (ou conjetural).

COTAÇÕES GRUPO I

1.

Testes

D. as teorias científicas são propostas, por dedução, sem ser necessário recorrer aos factos e observações simples.

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1.1. .......................................................... 7,5 pontos 1.2. .......................................................... 7,5 pontos 1.3. .......................................................... 7,5 pontos 1.4. .......................................................... 7,5 pontos 1.5. .......................................................... 7,5 pontos 1.6. .......................................................... 7,5 pontos 1.7. .......................................................... 7,5 pontos

1.8. .......................................................... 7,5 pontos GRUPO II 1. 2. 3. 4.

............................................................. 35 pontos ............................................................. 35 pontos ............................................................. 35 pontos ............................................................. 35 pontos

TOTAL ..................................................... 200 pontos

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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 8 GRUPO I 1. 1.1. B 1.2. B 1.3. C 1.4. C 1.5. D 1.6. B 1.7. A 1.8. A GRUPO II 1. Seria Karl Popper, uma vez que este defende a tese continuísta na passagem do conhecimento vulgar ao conhecimento científico – e no texto os termos são “aperfeiçoamento” e “crescimento”. Na sua perspetiva, a ciência é “senso comum esclarecido” ou, por outras palavras, criticado, corrigido, contestado. Para Popper, a criação da ciência e o seu desenvolvimento representam, fundamentalmente, um processo de constante eliminação de erros. Gaston Bachelard, pelo contrário, não poderia subscrever esta afirmação porque, no seu entendimento, o senso comum é um obstáculo epistemológico com o qual importa romper para que se possa criar conhecimento científico. A sua tese – de rutura entre os tipos de conhecimento em causa – não admite a existência de um “conhecimento vulgar provisório”, porque o conhecimento vulgar não se limita a ser provisório: o senso comum, através daqueles que nele sustentam os seus pontos de vista, opõe-se ativamente à construção do conhecimento científico.

necessidade; mas do facto de não ser explicativo não se depreende a falta de necessidade do conhecimento vulgar. 3. Duas das críticas de que foi objeto a conceção indutivista do método são: a) a observação não é necessariamente o primeiro momento do método científico e, mesmo que o cientista a ela recorra, ela não é inteiramente neutra e isenta; b) o raciocínio indutivo não oferece a consistência lógica que as teorias científicas reclamam. Relativamente à primeira alínea, podemos dizer que a observação pura não existe. No mínimo, os conhecimentos anteriores do cientista, as teorias com que contactou, determinam a observação que efetuará, pelo que, partindo daí, já não é da observação que parte. A sua observação é, portanto, mediada, isto é, não neutra nem isenta. A segunda crítica é de índole lógica. De facto, o raciocínio indutivo amplificante – não o enumerativo, de Aristóteles – constitui um salto lógico, que leva do particular ao geral. A sua validade está, portanto, comprometida. David Hume afirmou, a este propósito, que a generalização indutiva é uma mera crença ou expectativa, fundamentada pelo hábito e suportada pela convicção, e não pela impressão, de que as mudanças na natureza são regulares. A veracidade das leis científicas, por definição universais, está, enfim, comprometida pelo problema da indução.

4. A primeira etapa do método hipotético-dedutivo (ou conjetural) consiste na formulação de uma hipótese ou conjetura a partir de um facto-problema. Constatando-se que existe um problema que não encontra explicação satisfatória no contexto de uma dada teoria, formula-se uma hipótese ou explicação provisória para o mesmo, a qual carece ainda de comprovação empírica. Trata-se de um momento criativo da atividade científica, baseado fundamentalmente na intuição e na imaginação. A segunda fase do método em análise é a da dedução das 2. Do facto de o senso comum não ser explicativo consequências. Formulada a hipótese, são deduzidas as não se infere que esteja, por definição, errado. Só neste suas principais consequências, isto é, depreende-se o que último caso é que se poderia afirmar que ele seria poderá acontecer se a hipótese ou conjetura for desnecessário. A experiência quotidiana também dá a verdadeira. conhecer a relação com o mundo, e é com base nela que se O terceiro momento corresponde à experimentação. Testafazem múltiplas opções no dia a dia que não exigem, à se a hipótese, confronta-se a conjetura com a experiência partida, um conhecimento muito elaborado – ou científico. para aferir a sua veracidade. Sendo validada pela Tal não significa, de modo algum, que se possa dispensar experiência, a teoria é corroborada; não o sendo, a teoria é este último, porque só ele dá a conhecer, com prova, essas refutada, isto é, terá de ser reformulada ou, no limite, e muitas outras opções, bem mais exigentes. Do facto de o abandonada. conhecimento científico ser explicativo infere-se a sua

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TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9 O estatuto do conhecimento científico Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses A racionalidade científica e a questão da objetividade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. Para os indutivistas, uma teoria é científica se for: A. empiricamente verificável; B. falsificável pelos fenómenos; C. verificada pela hipótese; D. refutada pela aplicação de testes experimentais. 1.2. Levantado por Hume, o problema da indução traduz-se na: A. possibilidade de justificar as inferências indutivas; B. impossibilidade de justificar as inferências dedutivas;

C. impossibilidade de justificar as

inferências indutivas; D. possibilidade de justificar as inferências dedutivas.

A. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao raciocínio indutivo; B. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao raciocínio dedutivo e indutivo; C. verdadeira; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao raciocínio dedutivo; D. falsa; para Popper a ciência evolui pela construção de conjeturas e refutações, recorrendo ao raciocínio dedutivo e indutivo. 1.4. Considere os seguintes enunciados relativos à comparação entre as conceções indutivista e popperiana do método das ciências (empíricas). 1. Para os indutivistas, a observação é o ponto de partida para a construção das teorias científicas; para Popper, a observação não constitui um recurso relevante no processo de investigação científica. 2. As duas perspetivas defendem que a observação é o ponto de partida para a construção de teorias científicas.

Testes

1.3. Popper pensa ter ultrapassado o problema da indução ao defender que o desenvolvimento da ciência é independente das inferências de tipo indutivo. Esta afirmação é:

Testes de avaliação e sugestões de resposta

116 3. Para os indutivistas, a confirmação e a verificação empíricas de uma teoria garantem o rigor e a cientificidade dessa teoria; para Popper, a possibilidade de falsificação da teoria constitui o critério de cientificidade. 4. As duas perspetivas defendem que as teorias científicas devem ser avaliadas através da realização de testes para as refutar. Deve afirmar-se que o(s) enunciado(s):

A. 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto; B. 1 e 4 são corretos; 2 e 3 são incorretos; C. 1, 2 e 4 são incorretos; 3 é correto; D. 3 é incorreto; 1, 2 e 4 são corretos. 1.5. Para Popper as teorias científicas são: A. refutáveis e conjeturais; B. refutáveis e confirmáveis; C. confirmáveis e corroboráveis; D. refutáveis e verificáveis. 1.6. Kuhn entende por ciência normal: A. a fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica; B. a fase de questionamento dos pressupostos e fundamentos do paradigma vigente, de debate sobre a manutenção do paradigma (velho) ou a escolha de um novo paradigma; C. a fase de tomada de consciência da insuficiência do paradigma vigente para explicar todos os factos ou anomalias; D. a fase da atividade científica que ocorre no âmbito de um dado paradigma aceite pela comunidade científica, em que se procede à resolução de enigmas (quebra-cabeças) de acordo com a aplicação dos princípios, regras e conceitos do paradigma vigente. 1.7. Para Kuhn, a ciência entra em crise quando: A. surge uma anomalia; B. ocorre uma revolução; C. a ciência normal se desenvolve e cria novos problemas; D. não se consegue resolver as anomalias persistentes. 1.8. Kuhn contribui para a definição de uma nova racionalidade científica ao afirmar que o desenvolvimento da ciência: A. depende de fatores históricos, sociológicos e psicológicos; B. é independente de fatores históricos, sociológicos e psicológicos;

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exclusivamente de fatores subjetivos; D. depende exclusivamente de fatores objetivos.

C. depende

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GRUPO II 1. «Se dizemos que hoje em dia sabemos mais que Xenófanes ou Aristóteles, provavelmente isso está errado, se acaso interpretarmos “saber” em sentido subjetivo. Provavelmente cada um de nós não sabe mais, mas sabe antes outras coisas. Trocámos certas teorias, certas hipóteses, certas conjeturas por outras, muitas vezes melhores: melhores no sentido de estarem mais próximas da verdade.» Karl Popper (1987), Sociedade Aberta, Universo Aberto, Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 105.

Explique em que medida a epistemologia de Popper contribuiu para uma redefinição da racionalidade científica. 2. «[Kuhn constatou que] expressões comuns, como o termo “massa” utilizado por Newton e Einstein, têm efetivamente significados muito diferentes.» Michael Ruse (2002), O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.

Esclareça, no contexto da teoria de Kuhn, as noções de paradigma e de incomensurabilidade dos paradigmas. 3. Uma das críticas levantadas a Kuhn incide sobre a questão da incomensurabilidade dos paradigmas. Explicite-a. 4. Leia os seguintes textos: «A questão de como ocorre ao homem uma nova ideia – quer seja um tema musical, um conflito dramático ou uma teoria científica – pode revestir-se de grande interesse para a psicologia empírica; no entanto, é irrelevante para a análise lógica do conhecimento científico.» «A escolha [entre paradigmas rivais] não é, nem pode ser, determinada meramente pelos procedimentos de avaliação característicos da ciência normal, pois estes dependem, em parte, de um paradigma específico, e esse paradigma está em causa. Quando os paradigmas são incluídos, como devem, num debate de escolha entre paradigmas, o seu papel é necessariamente circular. Cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio.» Thomas Kuhn (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 37.

Elabore um texto argumentativo no qual distinga sustentadamente as conclusões de Karl Popper e de Thomas Kuhn no que se refere à filosofia da ciência (ou epistemologia). Deverá, para o efeito, atender à reflexão que cada um elaborou a respeito dos seguintes aspetos: • Os critérios utilizados na escolha de teorias (ou paradigmas) científicas. •

O progresso da ciência.



A objetividade do conhecimento

científico.

Testes

Karl Popper (2002), in Michael Ruse, O Mistério de Todos os Mistérios, V. N. Famalicão, Quasi, p. 34.

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COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. 1.6.

.......................................................... 7,5 pontos .......................................................... 7,5 pontos .......................................................... 7,5 pontos .......................................................... 7,5 pontos .......................................................... 7,5 pontos .......................................................... 7,5 pontos

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1.7. .......................................................... 7,5 pontos 1.8. .......................................................... 7,5 pontos GRUPO II 1. ............................................................. 35 pontos 2. ............................................................. 35 pontos 3. ............................................................. 30 pontos 4. ............................................................. 40 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 9 GRUPO I 1. 1.1. A 1 . 2 . C 1 . 3 . C 1.4. C

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1.5. A 1.6. D 1 . 7 . D

1 . 8 . A GRUPO II 1. Tradicionalmente, a racionalidade científica encontrava-se associada às noções de «objetividade», «neutralidade», «verdade certa, necessária e universal» e «demonstração». As correntes positivista e neopositivista contribuíram para essa visão da ciência como o modelo único do conhecimento verdadeiro e objetivo. Atualmente, assistimos a uma redefinição da racionalidade científica. Graças ao contributo de novas perspetivas epistemológicas, como o falsificacionismo de Popper, as teorias científicas não são tidas como definitivas, mas como modelos explicativos e provisórios da realidade (conjeturas). A crítica é o pilar central do trabalho científico e a garantia do escape à posição dogmática. Ao procurar detetar o erro (ou ao tentar falsificar as suas teorias), o cientista garante o aperfeiçoamento do conhecimento científico, no sentido de uma tentativa de aproximação à verdade. A nova racionalidade científica não se baseia na ideia de uma verdade absolutamente certa, universal e necessária; apenas admite a possibilidade de haver teorias mais ou menos verosímeis e mais ou menos plausíveis que procuram explicar corretamente os factos. 2. Para Kuhn, o desenvolvimento da ciência está dependente de um paradigma ou modelo científico, isto é, de um conjunto de teorias, factos, crenças e conhecimentos, regras, técnicas e valores, compartilhados e aceites pela maioria dos cientistas. Dizer-se que os paradigmas são incomensuráveis equivale a afirmar que são incomparáveis e incompatíveis. Não se pode comparar objetivamente aquilo que cada paradigma defende, dado que eles correspondem a formas totalmente diferentes de explicar e prever os fenómenos. Como o texto mostra, há termos que, quando integrados em diferentes paradigmas, remetem para significados distintos. Dado que cada paradigma corresponde a um modo qualitativamente diferente de olhar o real, a verdade que cada

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um contém está circunscrita ao que nele se determina. Cada paradigma é uma representação do real. 3. Uma vez que os paradigmas são incomensuráveis, cada paradigma representa um modo totalmente diferente de encarar os problemas e propor as soluções. Dois paradigmas rivais são mundos diferentes em que as mesmas coisas são entendidas de modos distintos. Neste sentido, não se pode aferir qual dos paradigmas em discussão contém mais verdade, porque esta é, em parte, inerente aos paradigmas em discussão. Kuhn foi criticado por ter instaurado uma visão relativista da ciência e uma perceção que acaba por ser subjetivista da verdade. 4. Para Popper, o critério utilizado na escolha de teorias (ou, para usarmos a terminologia de Kuhn, de paradigmas) científicas é o critério da falsificabilidade. São os contraexemplos que, depois de sujeitos à experimentação e de atestada a sua verdade, determinam a escolha de teorias rivais. Para Kuhn, o critério em causa é, em parte, interior aos paradigmas. Além de critérios objetivos como a exatidão, a consistência, o alcance, a simplicidade e a fecundidade, há aspetos de ordem psicológica que interferem na referida escolha. Para Popper, a ciência claramente progride. As teorias substitutas têm maior grau de correspondência à realidade, enquanto as teorias substituídas se encontram mais distantes dela. Para Kuhn, o progresso da ciência não pode ser entendido da mesma maneira. Sendo os paradigmas incomensuráveis, não se pode afirmar que a ciência progride no sentido de uma maior aproximação à verdade. A mudança de paradigma não significa necessariamente progresso cumulativo e contínuo em direção a um fim (a verdade). No entanto, também não

podemos dizer que a ciência não se desenvolve. Kuhn destaca dois momentos fundamentais para explicar como ela evolui: na fase da produção científica normal (ciência normal) e na das revoluções científicas (que permitem a mudança de paradigmas). Por último, no que se refere à objetividade do conhecimento científico, Popper é dela um absoluto partidário. A ideia de “conhecimento sem conhecedor” advogada por Popper é exemplificativa de que, na sua perspetiva, o conhecimento científico não se confunde com o sujeito que o produz; é independente do sujeito e do contexto – e daí a relevância, como o texto sugere, da «análise lógica do conhecimento científico». A validação das teorias obedece ao critério da falsificabilidade, e este garante a sua cientificidade. Alicerçada na lógica, a ciência pode aspirar ao rigor e à objetividade. Para Kuhn, pelo contrário, o conhecimento depende, em parte, do sujeito – de um sujeito integrado numa comunidade científica. Além de fatores objetivos, há também aspetos subjetivos que interferem na avaliação e na decorrente escolha de teorias rivais, o que compromete a objetividade da ciência. Como Kuhn afirma, «cada grupo utiliza o seu próprio paradigma para argumentar em defesa do próprio». Dependente de critérios subjetivos, a ciência vê hipotecada a sua objetividade. Apesar do exposto, para nenhum dos autores a ciência é um conhecimento certo e indubitável. Para Popper, sendo a tentativa de falsificação o procedimento-base, nenhuma teoria pode ser tomada como definitiva e absolutamente certa. Para Kuhn, sendo a mudança na ciência pautada por critérios, em parte, subjetivos, a certeza, ou indubitabilidade, não a pode caracterizar.

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10 A Filosofia e os outros saberes GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. A conceção de verdade como correspondência foi sobretudo defendida por: A. Perelman; B. Aristóteles; C. William James;

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D. Heidegger. 1.2. As bases da teoria da verdade como consenso encontram-se em:

A. Perelman, J.

Habermas e K.-O. Apel. B. Platão, J. Habermas e K.-O. Apel. C. Perelman, Heidegger e K.-O. Apel. D. William James, J. Habermas e Karl Popper. 1.3. Hegel encara a verdade como: A. coerência; B. processo; C. consenso; D. perspetiva. 1.4. A transferência dos métodos de uma disciplina para outra diz respeito à: A. interdisciplinaridade; B. disciplinaridade;

C. transdisciplinaridade;

D. pluridisciplinaridade. 1.5. A visão transdisciplinar propõe-nos que consideremos a realidade como: A. multidimensional, estruturada num único nível; B. unidimensional, estruturada em múltiplos níveis;

C. multidimensional, estruturada em

múltiplos níveis; D. unidimensional, estruturada num único nível.

GRUPO II

2. Refira a principal diferença entre a verdade como correspondência e a verdade como coerência. 3. Critique as conceções tradicionais de «verdade» e de «realidade» à luz das conceções contemporâneas. 4. «Fala-se hoje muito da importância de uma “visão de conjunto” e de um “esforço de síntese”. Atitudes consideradas necessárias para superar os grandes problemas do mundo moderno. Infelizmente, não nos parece que a educação que recebemos nos tivesse preparado para tanto. Basta passar os olhos pela lista das disciplinas universitárias: fragmentam a natureza em outros tantos compartimentos estanques.» Joël de Rosnay (s/d), Macroscópio – para uma visão global, V. N. de Gaia, Estratégias NCON11LP ©Porto Editora

Criativas, p. 13. Justifique, a partir do texto, a necessidade de uma racionalidade pluridisciplinar

e transdisciplinar.

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1. O conceito de «verdade» é, no domínio filosófico, um conceito unívoco? Justifique.

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GRUPO III 1. «Os avanços científico-técnicos verificados desde há uns decénios – muito especialmente no domínio da genética e da fetologia – têm ampliado notavelmente o campo da bioética.» R. Cabral (1997), “Bioética”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, vol. 1, Lisboa, Editorial Verbo, p. 686.

Desenvolva, com base na afirmação, e de forma argumentada, o seguinte tema: A bioética e a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar. No desenvolvimento do tema, deve apresentar o seu ponto de vista pessoal sobre a possibilidade de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar servir o propósito prático de resolução das grandes questões do nosso tempo, nomeadamente das questões da bioética.

1.5. .......................................................... 7 pontos GRUPO II

COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1.

..........................................................

7 1.2.

pontos ..........................................................

7 1.3.

pontos ..........................................................

7 1.4.

pontos ..........................................................

7 pontos

1. ............................................................. 30 pontos 2. ............................................................. 30 pontos 3. ............................................................. 30 pontos 4. ............................................................. 30 pontos GRUPO III 1. ............................................................. 45 pontos

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CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 10 GRUPO I 1. 1.1. B. 1.2. A. 1.3. B. 1.4. A. 1.5. C. GRUPO II 1. Não, no domínio filosófico, o conceito de «verdade» tem sofrido vários enquadramentos e interpretações, constituindo um problema filosófico por excelência. Ora se entende a verdade no seu sentido ontológico tradicional, ora como coerência, ora ainda em sentido pragmático. A verdade pode ainda ser considerada uma forma de consenso ou apenas uma perspetiva de entre várias possíveis. Existem, para além destas, outras conceções de «verdade», o que nos leva a concluir que o conceito de «verdade» é plurívoco em filosofia. 2. A verdade como correspondência diz respeito a uma relação adequada entre a proposição (a crença) e a realidade, ao passo que a verdade como coerência diz respeito à relação das crenças entre si e não à sua relação com algo independente da mente ou do discurso.

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3. Os conceitos tradicionais de «verdade» e de «realidade» foram postos em causa, pois contemporaneamente admite-se que a realidade é multidimensional, está em permanente devir ou mudança. Sendo assim, a própria noção de verdade, que está dependente da que se tem de realidade, sofre igualmente alterações. Hoje admite-se que existem várias verdades (carácter plurívoco da verdade), isto é, que não existe uma verdade universal, mas sim uma verdade para nós. Tal traduz-se no reconhecimento da relatividade e subjetividade da verdade. Além disso, entende-se que a verdade está sujeita à influência do tempo (aquilo que é verdadeiro hoje pode não o ser amanhã), da cultura e da

sociedade. Admitem-se, finalmente, graus de verdade, aproximações gradativas e/ou

probabilísticas. 4. A realidade mostra-se diversa e é bastante limitado o conhecimento que dela podemos retirar. Cada saber, ou cada configuração do real, apreende apenas uma das suas múltiplas dimensões, obtendo, portanto, uma visão parcelar da totalidade. Assistimos, por um lado, a uma excessiva especialização das ciências e, por outro, a uma separação dos saberes científicos relativamente aos que o não são. Tal panorama conduziu a uma visão fragmentada e retalhada da realidade. De facto, se as diversas disciplinas se encontram isoladas e fechadas nas suas fronteiras cada vez mais delimitadas, os conhecimentos adquiridos não são reunidos e integrados numa visão global que lhes dê sentido e coerência. Daí a dificuldade de encontrar uma “visão de conjunto”. É por isso que, contemporaneamente, se reconhece a necessidade e a exigência de uma racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar. GRUPO III 1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno: – reconhecer que a bioética, ligada aos «avanços científico-técnicos», se situa numa zona de interseção de saberes, nomeadamente das tecnociências (sobretudo a biologia e a medicina), das humanidades (filosofia, ética, teologia, psicologia, antropologia), ciências sociais (economia, politologia, sociologia) e doutras disciplinas, como o direito; – salientar o papel da transdisciplinaridade na compreensão do mundo atual, para a qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento; – reconhecer o significado do conhecimento complexo, aliado à ideia de realidade como um tecido complexo; – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devidamente argumentado, sobre a possibilidade de a racionalidade pluridisciplinar e transdisciplinar servir o propósito prático de resolução das grandes questões do nosso tempo, servindo-se do exemplo de questões ligadas à bioética.

Testes

TOTAL ..................................................... 200 pontos

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11 A Filosofia na cidade GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. No contexto da democracia ateniense antiga, os cidadãos eram: A. os homens livres e os escravos; B. todos os homens e mulheres, livres ou não; C. todos aqueles que se dedicavam à filosofia; D. os homens livres, participantes nas decisões públicas da cidade; 1.2. Para os gregos: A. o espaço público sobrepõe-se ao espaço privado; B. o espaço público não se distingue do espaço privado; C. o espaço privado permite ao ser humano a realização plena da sua natureza; D. o espaço privado é mais importante que o público, porque se encontra ligado ao sustento individual. 1.3. A tarefa da reflexão política é a de tentar conciliar as exigências pessoais e individuais com as exigências: A. coletivas; B. familiares; C. da classe social a que se pertence;

D. do partido político a que se pertence.

1.4. A obra A República foi escrita por: A. Aristóteles; B. Hannah Arendt; C. Platão; D. John Locke. 1.5. Equivale à condição daquele que tem liberdades públicas, gozando de certos direitos, e que, por outro lado, cumpre os deveres sociais definidos na lei. Estamos perante a definição de: A. tolerância; B. cidadania; C. igualdade; D. obediência. 1.6. Alguém que tem uma convicção é alguém que: A. é necessariamente intolerante; B. segue uma ideia sabendo por que razões o faz; C. é necessariamente tolerante; D. segue uma ideia sem saber por que razões o faz.

GRUPO II 1. Explicite a importância do espaço público para os gregos dos séculos V e IV a. C. 2. Refira qual o problema central que subjaz às diferentes conceções políticas desenvolvidas ao longo da história. 3. Exponha os princípios fundamentais que se encontram na base do trabalho dos filósofos e politólogos (ocidentais) atuais. 4. Estabeleça a diferença entre «tolerância» e «intolerância» ao nível da necessidade de resolver conflitos nas sociedades democráticas atuais.

GRUPO III 1. «Onde quer que o diálogo foi interrompido, eclodiram os conflitos – quer na esfera pública quer privada. Onde quer que as conversações falharam, instaurou-se a repressão e imperou a lei do mais forte, das elites e dos mais inteligentes.» Hans Küng (1996), Projeto para uma Ética Mundial, Lisboa, Instituto Piaget, p. 186.

Testes

Desenvolva, com base na afirmação e de forma argumentada, o seguinte tema: O diálogo como via de construção da cidadania. Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam, e ter em conta as perspetivas de Apel, Habermas e Rawls relativas a esta temática.

COTAÇÕES GRUPO I 1. 1.1. .......................................................... 5 pontos 1.2. .......................................................... 5 pontos 1.3. .......................................................... 5 pontos 1.4. .......................................................... 5 pontos 1.5. .......................................................... 5 pontos

1.6. .......................................................... 5 pontos GRUPO II 1. ............................................................. 30 pontos 2. ............................................................. 30 pontos 3. ............................................................. 30 pontos 4. ............................................................. 30 pontos GRUPO III 1. ............................................................. 50 pontos TOTAL ..................................................... 200 pontos

Testes de avaliação e sugestões de resposta

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 11 GRUPO I 1. 1 . 1 . D 1 . 2 . A 1.3. A 1.4. C 1.5. B 1.6. B GRUPO II 1. Para os antigos gregos, o cidadão é aquele que participa nas questões de interesse comum, nas decisões públicas da polis. Para além de cumprir as suas obrigações naturais, ligadas à sua subsistência e à da sua família (espaço privado), o cidadão é o homem livre, capaz de se autogovernar e de se realizar politicamente. É no espaço público que o ser humano realiza plenamente a sua natureza, enquanto ser livre, social e político. 2. É o problema da natureza humana. Trata-se de saber se o ser humano é naturalmente bom e justo ou, pelo contrário, se a sua natureza tende para o mal. O aparecimento de diferentes regimes – ditatoriais ou democráticos – ao longo da história esteve associado à resposta a tal questão. 3. Tais princípios são os seguintes: a democracia como o regime preferível; a liberdade e a igualdade como direitos fundamentais; o

diálogo como a via razoável de resolução dos problemas comuns dos cidadãos. 4. Enquanto a tolerância se traduz numa atitude que manifesta posições abertas e razoáveis, no quadro da aceitação das diferenças e da promoção do diálogo, a intolerância exprime-se numa atitude que manifesta posições ou convicções dogmáticas e fechadas, que tendem a não aceitar as diferenças e a recusar o diálogo e o consenso. À negociação e à necessidade de estabelecer consensos (próprias da tolerância), de modo a garantir a igualdade de direitos civis e humanos, opõe-se, assim, a imposição (própria da intolerância) de uma estratégia unilateral de negociação, de forma a garantir a autoridade de uma posição. GRUPO III 1. No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno: – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devidamente argumentado, acerca do papel do diálogo na construção da cidadania, integrando a afirmação citada; – reconhecer que na «ética do discurso», de Apel e Habermas, se parte da ideia de uma situação ideal de comunicação cujos intervenientes partilham de iguais condições de diálogo; – relacionar a importância do diálogo com a possibilidade de estabelecer a validade de normas morais (comuns); – salientar a defesa, por parte de Apel e Habermas, da participação dos indivíduos

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Testes de avaliação e sugestões de resposta

no espaço público, sem descurar o papel do Estado; – reconhecer a importância da democracia como regime preferível, para Rawls; – compreender que, de acordo com Rawls, na base

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da estabilidade de uma sociedade justa se encontram doutrinas razoáveis, orientadas para um consenso duradouro.

TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 12 A Filosofia e o sentido GRUPO I 1. Indique, para cada questão, a opção correta. 1.1. São estes os principais pensadores das filosofias da existência: A. Sartre, Descartes, Heidegger, Marx e Marcel; B. Platão, Górgias, Mill, Camus e Marcel; C. Sartre, Jaspers, Heidegger, Camus e Marcel; D. Kierkegaard, Feuerbach, Camus, Locke e Sartre. 1.2. O sentido prático é o sentido: A. funcional; C. absoluto;

D. divino. 1.3. A vida é-nos dada vazia. Esta afirmação significa que a vida: A. não tem sentido, porque é vazia; B. é vazia, porque não tem sentido; C. é uma tarefa e um conjunto de problemas a que somos indiferentes; D. é algo que recebemos e que temos de preencher.

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1.4. A obra em que Albert Camus desenvolve a tese do absurdo da vida intitula-se: A. A Grandeza de Sísifo; B. O Mito de Sísifo;

Testes

B. incondicionado;

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Testes de avaliação e sugestões de resposta

C. A Angústia de Sísifo;

D. A Genealogia de

Sísifo. 1.5. A memória que consiste na recordação de itens de conhecimento, independentemente da ocasião particular em que os aprendemos, designa-se por: A. memória episódica; B. memória genérica;

C. memória pessoal;

D. memória íntima. 1.6. O facto de as pessoas que procuram a felicidade pela felicidade quase nunca a conseguirem encontrar, enquanto outras a encontram numa busca de objetivos totalmente diferentes designa-se por: A. paradoxo do individualismo; B. falácia da felicidade; C. paradoxo do hedonismo; D. falácia do indivíduo insatisfeito.

GRUPO II 1. «O existencialismo pode considerar-se [uma] reação às construções filosóficas sistemáticas que dissolviam o homem numa série de abstrações.» A lexandre Fradique Morujão (1999), “Existencialismo”, in AAVV, Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia, vol. 2, Lisboa, Editorial Verbo, p. 396.

Explique o sentido desta afirmação. 2. Refira as dificuldades com que nos deparamos quando procuramos descrever intelectualmente o tempo. 3. Exponha as principais características da morte. 4. «A memória é tempo e, portanto, observa o passado, mas também o presente e o futuro.» Joan-Carles Mèlich (2002), Filosofía de la Finitud, Barcelona, Herder, p. 99.

Refira, com base na afirmação, a importância da memória no que se refere à nossa

responsabilidade perante o presente e o futuro.

GRUPO III 1. Desenvolva, de forma argumentada, o seguinte tema: O sentido da vida. Deve, para o efeito, apresentar o seu ponto de vista pessoal e os argumentos que o suportam relativamente à existência ou não de sentido na vida, e confrontar também as perspetivas de Albert 1.6. ......................... ................................ . 5 pontos

Camus e de Susan Wolf

acerca desta temática.

GRUPO II 1. ................................. ............................ 30 pontos 2. ................................. ............................ 30 pontos 3. ................................. ............................ 30 pontos 4. ..................................... ........................ 30 pontos

COTAÇÕES

GRUPO III 1. .................................... ......................... 50

CORREÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO N.º 12

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GRUPO I 1. 1.1. ....................... .............................. ..... 5 pontos 1.2. ...................... .............................. ...... 5 pontos 1.3. ...................... .............................. ...... 5 pontos 1.4. ...................... .............................. ...... 5 pontos 1.5. ...................... .............................. ...... 5 pontos

pontos TOTAL .............................. ....................... 200 pontos GRUPO I 1. 1.1. C 1.2. A 1.3. D 1.4. B 1.5. B 1.6. C GRUPO II 1. De acordo com o existencialismo – ou as filosofias da existência –, a reflexão filosófica deve dar

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atenção ao indivíduo concreto. Este é encarado como uma realidade irredutível, subjetiva, singular, única e original. O conceito de «existência» é também agora aplicado ao «eu concreto». Tal valorização do indivíduo constitui uma «reação às construções filosóficas sistemáticas», as quais privilegiavam «abstrações» e ideias gerais sem terem em conta a existência – que é sempre, na ótica dos existencialistas, a existência individual. Esta, segundo esses filósofos, não pode ser captada pela razão e inserida num sistema. Sendo subjetiva, singular, finita e encontrandose em construção, ela não se pode demonstrar, explicar ou encerrar em conceitos. 2. As dificuldades com que nos deparamos quando procuramos descrever intelectualmente o tempo prendem-se com os seguintes aspetos: o facto de o tempo ser imaterial; de não poder ser circunscrito (já que surge como infinito, universal e englobante); de ser muitas vezes traduzido em termos de espaço, escapando-nos assim a sua verdadeira natureza; de as suas partes constitutivas estarem em movimento, e de ser apreendido quer pela experiência vivida, quer pela inteligência, o que implica realidades diferentes e paradoxais. Por fim, é de salientar o facto de aquele que reflete sobre a natureza do tempo estar também mergulhado no tempo, o que condiciona necessariamente aquela descrição e a reflexão que se possa fazer acerca do tempo. 3. A morte pode ser caracterizada do seguinte modo: é algo que, sendo certo, torna a vida única e

irrepetível, humanizandonos; é necessária, inevitável e irrevogável, não sendo possível estabelecer com ela qualquer pacto; é absolutamente pessoal, intransmissível e solitária: ninguém pode morrer por outro; é individualizadora: ao morrer, cada um é ele próprio e mais ninguém; é igualitária: todos, independentemente da sua condição, estão sujeitos a ela; é iminente: pode acontecer em qualquer altura da vida; é incompreensível: ignoramos o que ela seja em si mesma. 4. Cada pessoa é responsável perante si mesma, mas também perante os outros, os que com ela coexistem e os que farão parte das gerações futuras. Tal significa que a nossa responsabilidade envolve, afinal, toda a humanidade e que o sentido da existência individual se inscreve num contexto que é, cada vez mais, um contexto global. Daí a importância de conhecermos a história da humanidade, como forma de evitar, ou de ajudarmos a evitar, repetir os erros do passado. A afirmação apresentada põe a tónica na importância e no papel da memória enquanto «observadora» do passado, mas também do presente e do futuro. Só uma memória atenta ao passado da humanidade pode ajudar a assumir a responsabilidade no presente e a estabelecer compromissos perante o futuro. O trabalho da

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memória permite a crítica ao presente e a esperança de um futuro melhor, de um futuro onde, pelo menos, não se repita o «mal radical» que ensombrou o percurso da humanidade. GRUPO III No desenvolvimento deste tema, deverá o aluno: – apresentar o seu ponto de vista pessoal, devidamente argumentado, acerca da existência ou não de sentido na vida; – reconhecer que, para Albert Camus, a existência humana é absurda, não tem sentido, e que o absurdo, expressando a relação do eu com o mundo, é experienciado como um divórcio entre o ser humano e a sua vida; – apresentar razões que legitimam a afirmação do absurdo: inexistência de Deus, inutilidade do sofrimento, carácter hostil da natureza, crueldade humana, inevitabilidade da morte; – avaliar a solução proposta pelo filósofo: a opção pela vida e o confronto lúcido com o absurdo;

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– reconhecer que, para Susan Wolf, a vida de cada ser humano poderá sempre ser norteada por algo de significativo, tendencialmente universal e objetivo, explicando em que medida o sentido se encontra para lá da felicidade, do prazer ou das meras preferências, sendo antes o resultado «de se amar objetos merecedores de amor e da entrega a eles de uma maneira positiva»; – referir que uma vida com sentido é, para esta autora,

uma vida que se caracteriza pela entrega ativa a projetos de valor – projetos esses que equivalem a algo objetivamente valioso e que, pelo menos parcialmente, têm êxito.

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