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ANA RITA NEIVA E PATRICIA DIAS EC Resumos mentalidades e cultura portuguesa O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime (trevas) e pregava maior liberdade econômica e política. Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os burgueses tinham interesses comuns. As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspetos como: - Mercantilismo. -Absolutismo monárquico. - Poder da igreja e as verdades reveladas pela fé. Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo defendia: - A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia. - O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão. - O predomínio da burguesia e seus ideais.
As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo - ou mesmo a cabeça -, passaram a aceitar algumas ideias iluministas. Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso iluministas. Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II, da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.
Filósofos das Luzes: Jean Le Ron d’Alembert (frança): Tornou-se famoso pelo enunciado de um principio básico de mecânica, conhecido como principio d’Alembert, bem como pelo estabelecimento das equações derivadas parciais de segunda ordem. Matemático e filósofo francês, Jean Le Rond d'Alembert nasceu em 1717, em Paris, e morreu em 1783, na mesma cidade. Foi abandonado à nascença, tendo sido entregue aos cuidados da esposa de um vidraceiro. Com doze anos frequentou o colégio das Quatro Nações, causando admiração aos mestres pela sua facilidade na especulação filosófica. Recusou dedicar-se à
Teologia e preferiu estudar Direito. Descobriu depois a sua vocação para as matemáticas. Em 1739 ingressou na Academia das Ciências. Dois anos depois foi nomeado adjunto na secção de astronomia. Foi nomeado geómetra associado em 1746 e titular em 1765. Em 1752 estabeleceu equações acerca do movimento dos fluidos. Descobriu a solução de uma equação de derivadas parciais e propôs um método de resolução de sistemas de equações diferenciais. As pesquisas no campo da mecânica e da astronomia representaram um contributo fundamental para o avanço da ciência. Para além da sua atividade como academista, D'Alembert foi também um frequentador de salões, nomeadamente o de M. me Deffand. Deteve um papel fundamental na difusão das novas ideias sem, no entanto, mostrar qualquer agressividade na sua exposição. Fiel ao seu apego a uma determinada atitude mental, foi este o espírito que utilizou na sua colaboração no projeto da Enciclopédia, dirigida por Denis Diderot. Ali D'Alembert não se limitou a escrever e a rever os artigos sobre matemática, como redigiu também o discurso preliminar e o prefácio. O projeto da Enciclopédia contou também com a colaboração de Voltaire e Montesquieu. Depois de uma rutura com Diderot, D'Alembert não se distanciou dos enciclopedistas, antes fez prevalecer o espírito da Academia; a partir daí dedicou-se às Letras e às Artes escrevendo várias obras.
Marquês de Condorcet:
“Sob a mais livre das constituições, um povo ignorante é sempre escravo”. A visão típica dos iluministas: se as pessoas não forem esclarecidas podem ser facilmente manipuladas pelos seus líderes. Para os iluministas a educação e a instrução é muito importante para tornar as pessoas instruídas e acabar com ignorância. A ignorância é o pior dos males para os iluministas pois leva à injustiça, à dominação, etc.
Voltaire:
Foi um dos homens mais conhecidos do iluminismo. “O tratado sobre a tolerância” é uma obra de Voltaire que é marcada pela sua posição e idealismo. Nesta obra é retratada a intolerância religiosa. Tem uma posição crítica em relação à igreja. Em termos políticos não era revolucionário, mas em termos intelectuais defendia a liberdade da sociedade, a tolerância religiosa, a anticlerical (anti igreja), difundiu as ideias de revolução científica, defendia muito o que se passava em Inglaterra pois lá o iluminismo já tinha acontecido antes do que em Portugal.
Diderot (1713 - 1784)
Escritor Defende de uma forma mais radical a tolerância religiosa e a liberdade de expressão da sociedade. Critica o carater moral e religioso, defende a liberdade sexual e o divertimento. Ele procurava libertar todas as pessoas de todos os constrangimentos que viviam. É mais anticlerical do que Voltaire. As obras de Voltaire e Diderot não podiam ser lidas em Portugal, consideravam-se que estas obras iam pôr em causa a religião. A critica à religião não foi tao acentuada no sul da Europa como os restantes países (França, Inglaterra, Holanda, etc.) Os autores iluministas criticavam a religião de várias formas, por exemplo os dogmas. Só a partir do século XIX é que estas questões são tratadas livremente.
Jean Jacques Rousseau:
Escreveu obras que revolucionaram a política e a sociedade. Escreveu o “contrato social”, uma obra avançada para o tempo. Defendia um proposto muito avançada para a época: a democracia direta. É um autor que tem um pé nas luzes e outro no romantismo. Defende que todos os seres humanos são iguais, por isso a democracia é a melhor resposta para isso. Apesar disto, considerava que o lugar da mulher era em casa. Um dos aspetos mais inovadores dele é a educação, defende que o processo educativo deve ser feito em liberdade, na natureza, em que aprendem não só com os professores, mas também com o tempo.
John Locke:
Pai do liberalismo Ainda hoje os seus ideais estão presentes. No campo político também escreveu uma obra sobre a tolerância – um problema muito falado na altura. Defende o sistema inglês. Era protestante. É um dos expoentes do iluminismo. Considerava que a monarquia absoluta era um sistema injusto, levava ao abuso do poder. Inglaterra é o primeiro país ocidental a abolir a monarquia. A religião católica não era tolerável, porém também não tolerava o ateísmo. Toda a filosofia dos direitos humanos (direitos naturais) nasceram com o iluminismo. Antes de haver uma sociedade politicamente organizada tem de haver direitos humanos naturais (propriedade, vida, liberdade, etc.).
Defende a ideologia de que o poder do estado é apenas um: punir quem não respeita os direitos naturais. Para evitar abusos, despotismo e injustiça o estado deve ter apenas o poder judicial, legislativo e executivo. A Inglaterra foi o primeiro país a considerar o iluminismo.
Issac Newton:
Revolucionou a física – homem da ciência. Seguiu as pisadas de Galileu, Copérnico, etc. Inventou a teoria da gravidade. Era idolatrado pelos intelectuais do iluminismo. Escreveu uma das obras mais influentes do mundo: “Princípios matemáticos da filosofia natural.”
Newton é importante para a filosofia por fundamentar a ciência que influenciará os pensadores iluministas. Ele acreditava que a natureza age de modo a simplificar as suas ações ao máximo, as consequências naturais têm o mínimo de causas possíveis. A natureza não desperdiça nem tempo nem energia em seus movimentos, em uma atividade natural é utilizado o mínimo possível de elementos. Além dessa simplificação das ações, na natureza as mesmas consequências tendem a ter as mesmas causas ou causas parecidas. Causas semelhantes têm consequências semelhantes e isso torna a natureza homogênea. Essa homogeneidade gera uma constância nas leis físicas e químicas e é essa constância que possibilita a harmonia do nosso universo.
A partir dos princípios da simplicidade e da homogeneidade, Newton fundamenta o uso do método indutivo pela ciência. Nas leis científicas serão utilizados os raciocínios que partem do particular ou singular para o universal. É possível inferir de certas causas e consequências que todas as causas parecidas ou iguais terão as mesmas consequências.
Newton via o mundo como uma grande máquina cujo funcionamento pode ser entendido se conhecermos o funcionamento das pequenas peças que a compõe. Para ele essa máquina universal só pode ter sido criada por um Ser com capacidade de entender todo o seu funcionamento nos mínimos detalhes e com poderes superiores a todo o universo. A organização do universo demonstra o plano desse Ser inteligente e poderoso. Esse ser infinito perfeito e eterno é Deus que governa tudo como um senhor. Esse Deus não pode ser conhecido da mesma forma que um cego não pode ter noção das variadas cores e projeções de luzes.
No mundo científico de Newton busca-se a funcionalidade, busca-se saber o como a máquina universal funciona. Para ele não é a busca da essência a principal função da ciência. A causa última, o porquê final da gravitação universal não é objeto da pesquisa científica, ela já está contemplada no Ser supremo, não cabe ao cientista buscá-la porque ela não é mecânica, e não pode ser conhecida pelas regras metodológicas da pesquisa científica.
Immanuel Kant
Alemão Kant defendia que o iluminismo era um projeto inacabado. A ideia base é “Usa a tua cabeça para pensar”. O grande lema das luzes é “ousa saber!”. As pessoas não pensavam pela sua própria cabeça, havia diversas instituições a “mandar”.
Kant revela que o espírito ou razão, modela e coordena as sensações, das quais as impressões dos sentidos externos são apenas matéria prima para o conhecimento. O julgamento estético e teleológico une nossos julgamentos morais e empíricos, de modo a unificar o seu sistema. Vale citar que Kant foi um entusiasta do Iluminismo europeu e estadunidense, donde publicou a obra "O que é o Iluminismo?" (1784). Nessa obra, ele sintetiza a possibilidade do homem seguir sua própria razão, o qual seria, ao mesmo tempo, a saída do homem de sua menoridade. Essa é definida como a incapacidade do homem de fazer uso do seu próprio entendimento. Ou seja, o fato de não ousar pensar, por motivos de covardia e a preguiça, principais motivos do permanecimento humano na menoridade. Adam Smith:
Ele aplica a ciência e a física à economia. É um dos pais da ciência da economia. É iluminista – contribuiu para o iluminismo escocês. Considerou, de uma forma pioneira, que aquilo que se passa nas interações entre pessoas (consumidores) funcionava como as leis da física, ou seja, cada um procura os seus interesses. O mesmo acontece na economia, funciona segundo leis próprias, deve se deixar a economia fluir livremente. As leis económicas funcionam como as leis da natureza, ou seja, livremente. O iluminismo atravessa toda a Europa a ritmos diferentes, tendo em conta as culturas.
Declaração dos direitos do Homem e do cidadão A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é um documento culminante da Revolução Francesa, que define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais. Influenciada pela doutrina dos "direitos naturais", os direitos dos homens são tidos como universais: válidos e exigíveis a qualquer tempo e em qualquer lugar, pois permitem à própria natureza humana. A luta pelos direitos das mulheres:
A luta pelos direitos das mulheres começa no século XVIII. Isto foi algo que veio chocar com o tradicional. Veio contribuir bastante para novas ideias. Esta ideia começou a ser defendida nas luzes. Foi no século XIX/XX que esta ideia começou a ser aceite. A pesar do ambiente revolucionário da época esta ideia foi difícil de aceitar. A Olympe de Gouges denunciou que os direitos do homem eram apenas para eles e não se aplicavam às mulheres.
Vetores Fundamentais da mundividência/ filosofia iluminista (Gusdorf)
Vetor Epistemológico; Vetor Antropológico; Vetor Axiológico.
Vetor Epistemológico:
Teoria do conhecimento e da ciência; Interpretação entre a física (filosofia natural) e o que designamos por filosofia (teoria do conhecimento), dialítica entre filosofia e conhecimento. Em termos epistemológicos, qual o paradigma/ modelo dominante na filosofia do século XVIII (luzes)? Segundo Gusdorf, o paradigma epistemológico das luzes identifica-se com a física matemática de Newton (Galileu); Modelo/ Paradigma Epistemológico de inteligibilidade = Modelo Newtoniano de inteligibilidade. Modelo de todos os saberes, da filosofia e não só das ciências da natureza e do homem.
Vetor Antropológico:
Distancia-se da visão religiosa, é a capacidade natural do homem de pensar e compreender;
Vetor Axiológico:
Fala dos valores definidos na época das luzes, foca-se na tolerância, na igualdade e na individualidade.
O modelo Newtoniano de inteligibilidade e a filosofia das luzes
Imanente (observação de fenómenos; experimentação – mundo físico) vs. conceções metafísicas/ transcendentes. Gusdorf: “morte epistemológica de Deus”; Quantitativo/matemático, que se traduz em leis matemáticas. De uma Física qualitativa (Aristóteles, escolástica) passamos a uma Física quantitativa (o processo da filosofia moderna, desde o século XVII).
Ruturas epistemológicas trazidas pelo modelo newtoniano (Gusdorf)
LEI vs. CAUSA ÚLTIMA OU FINAL (Aristóteles) LEI DA GRAVITAÇÃO DE NEWTON – Paradigma da epistemologia das luzes LEI CIENTÍFICA – Traduz, através de um algoritmo matemático, as regularidades invariáveis patentes na relacionação de vários fenómenos observáveis no mundo físico (queda dos graves, movimento dos planetas).
Lei VS Causa final
A lei científica não é uma explicação teleológica, ontológica, ou metafísica do real observável. É uma relação matemática, uma equação. De outra forma: o que é a gravidade ou “atracão universal”? é uma constante (aceleração), uma expressão matemática que permite o cálculo, mas não tem qualquer significado ou conteúdo ontológico.
Uma conceção da natureza humana mais otimista
Rejeição de uma visão marcada pelo “pecado original”. A natureza corrompida ou caída dos seres humanos; Antropocentrismo; Racionalismo; Otimismo e sentimentos; Crença na PERFECTIBILIDADE humana (capacidade de aperfeiçoamento de cada um de nós e da espécie) – Cada indivíduo pode ser melhorado, ou seja, podemos ser pessoas melhores que não se acredita que o ser humano está condenado ao pecado. É possível construir uma moral fundada na razão – Kant; Os autores britânicos tinham uma visão muito mais moderada em relação a este tema, ou seja, mais cética e mais otimista, mas não de modo absoluto; Uma visão que influenciou uma Europa até em termos políticos; Deu origem a certas utopias políticas; A preocupação com a educação e a instrução é bastante defendida; Os problemas que existem na sociedade decorriam devido à falta de instrução; O acesso ao saber era restrito aos mais ricos – aristocracia.
É uma mudança que se da na cultura e no pensamento; Em Portugal não foi aceite na mesma maneira devido ao tradicionalismo.
Os valores (axiologia) e a visão da história iluminista:
Humanidade; Cosmopolitismo; Tolerância; Progresso; Liberdade (igualdade); Educação; Civilização; Utilidade; Felicidade;
Alexander Poper e Kant foram dois dos vários grandes iluministas que se focaram nestes temas. Alguns autores ingleses até acreditavam que os sentimentos eram tão importantes que a lógica e a razão.
Esta visão mais otimista e ainda hoje se aplica em várias crenças: sociais, políticas e económicas. Contudo alguns autores não aprovam a revolução francesa, pois acreditam que a liberdade em demasia iria trazer uma decadência humana, uma vez que o homem não tinha autonomia nem capacidade para compreender uma plena liberdade.
A Receção das Luzes em Portugal (Séc. XVIII) Principais fatores condicionantes da penetração da filosofia e mundividência iluminista nos intelectuais, universidade e sociedade portuguesa:
Fator religioso: Imposição do Catolicismo tridentino nos espíritos e práticas (inquisição, censura) Fator político: Processo de centralização do poder monárquico e do estado, culminando no ABSOLUTISMO.
Concílio de Trento (1543-63) O Concílio de Trento foi o décimo nono conselho ecumênico reconhecido pela Igreja Católica Romana. Foi convocado pelo papa Paulo III, em 1542, e durou entre 1545 e 1563. Teve este nome, pois foi realizado na cidade de Trento, região norte da Itália.
Contexto histórico e objetivos: O Concílio de Trento foi uma reação da Igreja Católica à Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero na primeira metade do século XVI. Com o crescimento do protestantismo na Europa, a Igreja Católica buscou uma reação, que ficou conhecida historicamente como Contrarreforma. Dentro deste contexto, o Concilio de Trento buscou condenar as novas doutrinas protestantes, além de reafirmar os dogmas da fé católica. Muitas das decisões tomadas pela Igreja Católica
foram no sentido de combater as ideias protestantes, muitas delas consideradas heréticas. Vários decretos disciplinares também foram aprovados pelo concílio, visando principalmente a moralidade e a adoção de medidas para melhorar o nível de instrução dos membros do clero (principalmente padres).
Decisões do Concílio de Trento: - Condenação à venda de indulgências (um dos principais motivos da Reforma Protestante, que foi duramente questionada por Martinho Lutero). - Confirmação do principio da salvação pelas obras e pela fé. - Ressaltou a importância da missa dentro da liturgia católica. - Confirmou o culto aos santos e à Virgem Maria. - Reativação da Inquisição (Tribunal do Santo Ofício). - Reafirmou a doutrina da infalibilidade papal. - Confirmou a existência do purgatório. - Confirmação dos sete sacramentos. - Proibição do casamento para os membros clero (celibato clerical). - Criação de seminários para a formação de sacerdotes. - Confirmação da indissolubilidade do casamento. - Medidas e decretos visando à unidade católica e o fortalecimento da hierarquia.
Inquisição em Portugal Séculos XVI – XVIII Ao longo de quase 300 anos esta foi uma das instituições mais temidas em Portugal. Para garantir uma fé católica com elevado grau de pureza, milhares de pessoas foram perseguidas, torturadas e mortas na fogueira. Nenhuma heresia escapava ao Santo Ofício. O ofício deste tribunal eclesiástico era inquirir dos desvios da fé católica, das heresias e das demais práticas pagãs. Todas as denúncias eram aceites, uma carta anónima ou um boato constituíam factos suficientes para iniciar um processo inquisitorial que permanecia secreto para a maioria. Os inquisidores tinham centenas de pessoas ao seu serviço e dispunham de uma rede de informadores a quem atribuíam recompensas e privilégios, como a isenção de pagar impostos, por exemplo. Trabalhar para a Inquisição, como ficou conhecido o tribunal do Santo Ofício, era também uma promoção social. Os poderes conferidos aos inquisidores eram quase ilimitados. Podiam prender, julgar, castigar e torturar sem que os acusados pudessem escolher a sua defesa. O crime tinha de ser confessado e, não menos importante, tinha de haver lugar para o arrependimento, as almas que a Igreja conseguia salvar do inferno. Para isso, os inquisidores dispunham de métodos de interrogatório tão eficazes que o suspeito ou sucumbia nos instrumentos de suplício ou, como acontecia quase sempre, dizia-se culpado.
As sentenças eram proclamadas e executadas em sessões públicas, mais tarde chamadas autos-de-fé. As cerimónias mais famosas eram publicitadas e encenadas como se se tratassem de espetáculos de entretenimento, para atrair, excitar e comover a população; muitos contavam com a presença do rei e da família real. As penitências aplicadas incluíam açoites, prisão temporária ou perpétua, condenação às galés, desterro, confisco de bens e execução pelo fogo. Porém, o direito canónico não permitia que os juízes do Santo Ofício condenassem ninguém à morte, essa parte cabia às autoridades civis, o que é mais uma prova da ligação entre a Igreja e Estado. A Inquisição entrou em Portugal em 1536, quando as viagens dos Descobrimentos afirmavam a nação lusa no mundo. O novo tribunal, a funcionar em pleno em Espanha, foi primeiro pedido sem sucesso por D. Manuel e, de novo em 1531, por D. João III, que incumbira o embaixador em Roma de requerer a sua criação. Os reis queriam sobretudo “uma nova arma de centralização régia”. Para justificar a presença num território em que a unidade religiosa não estava em perigo, quase sem protestantes, a instituição portuguesa elegeu os cristãosnovos, judeus forçados à conversão religiosa, com poder e por isso invejados, os seus maiores inimigos. As perseguições aos hereges duraram 285 anos. Aos poucos, a organização que começou por estar subordinada ao poder do rei, que se fez um estado dentro do Estado, foi perdendo popularidade e vitalidade. O marquês de Pombal manda acabar com a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos e equipara o Santo Ofício a qualquer outro tribunal régio. O golpe final chega em 1861, um ano depois da revolução liberal. Dos registos que existem, sabemos que entre 1543 e 1684, a Inquisição condenou em Portugal 19 247 pessoas, das quais 1 379 foram queimadas, e centenas morreram na prisão enquanto esperavam julgamento. O historiador José Pedro Paiva, coautor do livro “A História da Inquisição Portuguesa, 1536- 1861”, faz um resumo do que foi este Tribunal, que era considerado santo nos meios e nos fins.
Cronologia da Inquisição em Portugal:
1496 – Expulsão dos judeus e mouros que recusaram converter-se. Surgimento dos “cristãos-novos”. (D. Manuel I); 1536 (D. João III) – Inquisição em Portugal; 1759 Reforma do Marquês de Pombal; 1820 Abolição da inquisição (Revolução Liberal).
Censura em Portugal (Séculos XVI – XVIII) A censura oficial, em seu início, atuou através de dois modelos: a censura Inquisitorial nos séculos XVI, XVII e na primeira metade do século XVIII e a Real Mesa Censória que a veio substituir em 1768, por providência do Marquês de Pombal. O primeiro controle sobre a imprensa deu-se por meio de concessão de privilégios de impressão e venda, que os livros em geral exibiam e que eram a única garantia legal da propriedade literária e editorial. É provável que a instauração da censura preventiva date do estabelecimento inicial da Inquisição, em 1536. O primeiro rol de livros proibidos em Portugal saiu em 1547. Em 1551, outra lista é
lançada, desta vez impressa e em língua vernácula. Nela, por exemplo, aparecem proibidos os Autos de Gil Vicente. Novas listas, cada vez maiores, vão sendo elaboradas com o passar do tempo. De 1547 a 1597, Portugal é considerado por Roma o país católico mais protegido do que era considerado heresia e imoralidade literária. Em 1624, surge um novo índice ainda mais completo e pormenorizado. Conservou-se em vigor até 1768, quando foi revogado pelo Marquês de Pombal. A Real Mesa Censória, assim como a censura inquisitorial, também foi usada para forjar uma mentalidade. Sobretudo, a partir de 1755, O Marquês de Pombal propõe três objetivos fundamentais: implantar de fato a soberania de Direito Divino, impedir a entrada de ideias contrárias ao absolutismo, principalmente, as de origem iluminista francesa e 558 eliminar a influência de seus inimigos, em especial os jesuítas, que serão expulsos de Portugal, em 1759. Institui, além da Mesa Censória, a reforma de ensino e a imprensa régia, que irá imprimir textos fundamentais para o ensino e apoiar as instituições oficiais.
A censura oficial, em seu início, atuou através de dois modelos: a censura Inquisitorial nos séculos XVI, XVII e na primeira metade do século XVIII e a Real Mesa Censória que a veio substituir em 1768, por providência do Marquês de Pombal. O primeiro controle sobre a imprensa deu-se por meio de concessão de privilégios de impressão e venda, que os livros em geral exibiam e que eram a única garantia legal da propriedade literária e editorial. É provável que a instauração da censura preventiva date do estabelecimento inicial da Inquisição, em 1536. O primeiro rol de livros proibidos em Portugal saiu em 1547. Em 1551, outra lista é lançada, desta vez impressa e em língua vernácula. Nela, por exemplo, aparecem proibidos os Autos de Gil Vicente. Novas listas, cada vez maiores, vão sendo elaboradas com o passar do tempo. De 1547 a 1597, Portugal é considerado por Roma o país católico mais protegido do que era considerado heresia e imoralidade literária. Em 1624, surge um novo índice ainda mais completo e pormenorizado. Conservou-se em vigor até 1768, quando foi revogado pelo Marquês de Pombal. A Real Mesa Censória, assim como a censura inquisitorial, também foi usada para forjar uma mentalidade. Sobretudo, a partir de 1755, O Marquês de Pombal propõe três objetivos fundamentais: implantar de fato a soberania de Direito Divino, impedir a entrada de ideias contrárias ao absolutismo, principalmente, as de origem iluminista francesa e 558 eliminar a influência de seus inimigos, em especial os jesuítas, que serão expulsos de Portugal, em 1759. Institui, além da Mesa Censória, a reforma de ensino e a imprensa régia, que irá imprimir textos fundamentais para o ensino e apoiar as instituições oficiais.
Luzes “joaninas” Reinado D. João V e “pombalinas” reinado do Rei D. José I O termo Iluminismo nasce ao mesmo tempo que o termo Luzes. Viria a designar o nível civilizacional a que a Europa tinha chegado. Quem aderia às Luzes era considerado "esclarecido". Naturalmente, o termo é aplicado num amplo conjunto de atividades. O Século das Luzes português é o século XVIII. É conveniente fazer a distinção entre Iluminismo joanino e Iluminismo pombalino, que é já despotismo esclarecido. O primeiro reflete uma envolvência muito acentuada da aristocracia e do clero com o patrocínio do rei. O despotismo esclarecido pombalino (início em 1755) é o resultado de uma ascensão governativa e de poder despótico, cujo objetivo era encaminhar Portugal para uma mudança em termos de pensamento. O despotismo iluminado provocaria a nivelação de todas as classes sociais perante o poder do rei. Neste momento, a classe que passa a auferir de maior
importância é a burguesia, que se vai lentamente aristocratizando. Embora a queda de Pombal tivesse provocado o regresso da aristocracia, já a fisionomia cultural do País se tinha alterado e, por isso, se estes quisessem regressar ao seu anterior protagonismo teriam de competir com o grupo constituído por burgueses. A industrialização passou a ser uma preocupação dos iluminados. A evolução de todo o sistema passaria também pela promoção do ensino público. As Luzes em Portugal têm as suas primeiras manifestações a partir de 1688 e sobrevivem até 1820. Esta cronologia inicial decorre da conjunção de diversos fatores que se prendem com a necessidade de ligação de Portugal ao resto da Europa (alianças, prestígio da Corte e recuperação do atraso cultural). Estava bem enraizada já a consciência civilizacional e a necessidade de adesão ao racionalismo. Outros fatores que estiveram na base da difusão da nova atitude cultural refletem a consciência de que os indivíduos têm de procurar viver num século que se pretende excecional, dentro do prestígio cultural da Europa, com uma posição crítica face ao preconceito e defendendo a universalidade da razão. Implicou, pois, uma grande circulação de pessoas e de ideias. Foi de França que nos chegaram as influências das academias, dos salões e o conhecimento de grandes vultos da cultura, cujas ideias começaram a ter grande aceitação entre nós: Descartes, Locke, Newton e Voltaire. Em Portugal, o Iluminismo pôde florescer graças quer à ação dos estrangeirados quer à atitude de D. João V. Destaca-se a ação dos estrangeirados no desenvolvimento cultural, nomeadamente através da reforma do ensino, com destaque para Luís António Verney. O Iluminismo fundamenta-se na razão e caracteriza-se por: posições anti aristotélicas e anti formalistas; oposição a construções filosóficas que não se fundamentem em factos e leis comprováveis; oposição ao espírito do sistema; defesa do uso da via mais clara e curta para chegar à verdade; ação contra os Jesuítas e desconfiança relativamente ao misticismo; aplicação do rigorismo na religião; cuidado na manipulação de textos sagrados; desconfiança da veracidade dos relatos hagiológicos e dos milagres; anticlericalismo; oposição aos excessos devocionais; definição de moral; antirracismo; opinião de que a educação é que molda o Homem; valorização do prazer; fomento das técnicas; valorização do experimentalismo; criação de monopólios; protecionismo; racionalismo jurídico; culto da simplicidade e verosimilhança; reforma do ensino com cariz anti jesuítico; ensino das línguas vivas; depuração da linguagem; apoio às ciências exatas e naturais, revelador de mudança de mentalidades agora voltadas para o exterior; proteção das artes com o convite a artistas estrangeiros para trabalharem em Portugal; desenvolvimento do gosto pela música e pelo teatro; proliferação de publicações periódicas; multiplicação de academias, com especial destaque para a Academia Real das Ciências (1779), onde se propagaram melhor as ideias das Luzes.
Marquês de Pombal (1699- 1782) Utilizando os conhecimentos adquiridos em Londres, Marquês de Pombal implementou satisfatoriamente medidas e reformas para reproduzir o sucesso da economia inglesa em terras lusitanas. Sebastião de Melo pretendia efetivar a racionalização administrativa, mas deixando o poder monárquico intato, conservando para isto elementos da política mercantilista. Neste sentido, durante seu mando durante os anos de 1750 e 1777, o reino de Portugal foi um claro exemplo de política do tipo despótico esclarecido, forma de governo que mistura a monarquia absolutista com o racionalismo iluminista. Aos poucos, o Rei concedeu maiores poderes ao Marquês, tornando-o um governante severo e rigoroso,
características que criaram grandes inimizades com a classe nobre e criando-lhe muitos opositores. O plano de reformas foi significativo e atingia todos os âmbitos do governo. No econômico, buscava aprimorar a produção nacional perante a estrangeira, estabelecendo monopólios de mercado. No campo religioso, foi muito discutida sua decisão de expulsar aos jesuítas de Portugal, com o fim de frear sua intervenção na sociedade portuguesa. Na educação, com a saída da Companhia de Jesus, estabeleceu novos processos educativos sob o mando de instituições civis. Já no tema social, regulou a autonomia da nobreza com o fim de favorecer a ascensão da classe burguesa. Quando o Rei D. José I morreu é sucedido por D. Maria I, sendo a primeira disposição da Rainha a demissão e o desterro do Marquês, devido a que não concordava com as medidas impostas por ele durante seu mandato.
Rostos e obras do iluminismo português Manuel de Azevedo Fortes: -1º intelectual português a defender as ideias de Descartes. -Escreveu a obra “lógica racional geométrica e analítica” -Punha em causa a filosofia escolástica. -1 intelectual a defender as ideias de De kart. Jacob de Castro Sarmento (jesuíta): -Escreveu a obra “A teórica verdadeira das marés”. -Procurou divulgar a teoria de Newton. António Nunes Ribeiro Sanches: -Foi o médico da corte Russa. -Mudança do sistema de ensino. -Jesuítas: Obstáculo de desenvolvimento. -Fugiu de Portugal devido a ter sangue jesuíta. -Escreveu a obra “Método para aprender a Estudar a medicina (criticava a maneira de como a medicina era estudada). -A medicina é um dos domínios que se nota numa mudança radical. -Defendia outra forma de ensino, mudança e conselhos. Padre Teodoro de Almeida: -Escreveu uma obra de divulgação para difundir conhecimentos científicos “Recreação filosófica” (filosóficos do iluminismo) -Homem religioso que pretendeu divulgar de uma forma pedagógica as grandes conceções da filosofia moderna- não havia incompatibilidade entre a visão cientifica e a visão religiosa. -Entre a ciência e a religião até há, de facto, uma certa harmonia.
-É uma espécie de enciclopédia. - Iluminismo português não pretende criticar nem acabar com a religião, mas sim reforma-la. -A congregação do oratório foi algo importante na época. D Luís da Cunha: -Diplomata. -Contribuiu com a obra: “testamento político de D. Luís da Cunha” -Faz críticas em relação à tolerância religiosa em Portugal. -A fuga dos Jesuítas teve grandes repercussões económicas.
1. Testamento político de D. Luís da Cunha: Resumo das perspetivas relativamente à nação portuguesa. Consequências negativas da inquisição. Desenvolve criticas à intolerância religiosa. Argumentos diversos: (inquisição, efeitos negativos económica e socialmente; afastou uma elite(judeus) o que prejudicou o desenvolvimento económico). Esta obra nunca foi impressa. É uma obra que critica o efeito nefasto da Inquisição que acabava de dividir a sociedade; Ele critica a intolerância religiosa e a perseguição aos “cristãos-novos”. Tal como outros autores, também este criticou alguns aspetos da sociedade portuguesa e outros.
Conde de Ericeira (nobreza): -Academia dos Condes da Ericeira (estabelece a transição entre as academias literárias e recreativas do barroco e as modernas académicas cientificas); -Espaço de sociabilidades intelectuais renovadoras e de divulgação de conceções modernas (v.g Cartesianismo de A. Fortes); -Academias com sentido recreativo; -Caráter festivo e exuberante; -Estabelece a transição entre o mundo barroco e o mundo moderno; -Não era ainda uma academia cientifica, mas também não era uma academia barroca; -Foram favoráveis à divulgação das conceções cientificas; Martinho de Mendoça de Pina e Proença -Uma das obras importantes da época. -Dedica-se à nobreza- pretendia-se educar a nobreza- eram ignorantes ociosos- era importante educa-los para que estivessem mais preparados para os cargos políticos. -É influenciado por John Locke.
Marquesa de Alorna (D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre): -Iluminista -A sua vida não foi muito fácil -Uma das intelectuais portuguesas. -Nasce no Reinado de D. José I- vive num período avançado do séc. XIX. -Nobreza.
Enquadramento Cronológico das Luzes em Portugal (séc. XVIII)
Reinado de D. João V (1706-1750)
No início do século XVIII, na Europa, têm grande difusão as ideias que defendem o poder absoluto do rei (absolutismo), ou seja, o governo do país dependia da vontade do rei, que tinha todos os poderes e mandava cada vez mais. D. João V vai seguir esta tendência política, governando Portugal como rei absoluto – Monarquia Absoluta. Durante o seu reinado, de 44 anos (1706 – 1750), nunca reuniu as cortes. Graças às grandes quantidades de ouro e diamantes que vinham do Brasil, a que se juntavam os lucros obtidos no comércio do tabaco, açúcar, vinho e sal, D. João V detinha uma grande riqueza, com a qual conseguia manter a nobreza debaixo do seu domínio (distribuindo cargos, pensões e títulos), assim como enviava riquíssimas embaixadas a vários países.
Reinado de D. José I (1750-1777)
O reinado de José I é sobretudo marcado pelas políticas do seu secretário de Estado, o Marquês de Pombal, que reorganizou as leis, a economia e a sociedade portuguesa, transformando Portugal num país moderno. Quando subiu ao trono, José I tinha à sua disposição os mesmos meios de ação governativa que os seus antecessores do século XVII, apesar do progresso económico realizado no país, na primeira metade do século XVIII. Esta inadaptação das estruturas administrativas, jurídicas e políticas do país, juntamente com as condições económicas deficientes herdadas dos últimos anos do reinado de João V, vai obrigar o monarca a escolher os seus colaboradores entre aqueles que eram conhecidos pela sua oposição à política seguida no reinado anterior. Diogo de Mendonça Corte-Real, Pedro da Mota e Silva e Sebastião José de Carvalho e Melo passaram a ser as personalidades em evidência, assistindo-se de 1750 a 1755 à consolidação política do poder central e ao reforço da posição do marquês de Pombal, com a consequente perda de importância dos outros ministros.
Reinado de D. Maria I (1777-1792)
Embora Maria I seja tradicionalmente reconhecida como a primeira Rainha reinante em Portugal, isso é questionável, visto que à luz de uma nova perspetiva da história, Teresa de Leão já havia sido reconhecida como tal pelo papa, em 1112. Seu primeiro ato como rainha, iniciando um período que ficou conhecido como a Viradeira, foi a demissão e exílio da corte do
marquês de Pombal, a quem nunca perdoara a forma brutal como tratou a família Távora durante o Processo dos Távora. Rainha amante da paz, dedicada a obras sociais, concedeu asilo a numerosos aristocratas franceses fugidos ao Terror da Revolução Francesa (1789-1799). Era, no entanto, dada a melancolia e fervor religioso de natureza tão impressionável que quando ladrões entraram em uma igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretou nove dias de luto, adiou os negócios públicos e acompanhou a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa. O seu reinado foi de grande atividade legislativa, comercial e diplomática, na qual se pode destacar o tratado de comércio que assinou com a Prússia em 1789. Desenvolveu a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas a Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique, e a fundação de várias instituições, entre elas a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Real Biblioteca Pública da Corte. No âmbito da assistência, fundou a Casa Pia de Lisboa. Fundou ainda a Academia Real de Marinha para formação de oficiais da Armada. A 5 de janeiro de 1785 promulgou um alvará impondo pesadas restrições à atividade industrial no Brasil. Durante seu reinado ocorreu o processo, condenação e execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Luzes Joaninas: contributos e realizações
Publicação de obras marcantes (ver slides); Abertura a inovações (ciência, cultura, artes) e aos contributos dos “estrangeirados”) Academias Científicas (abertura à divulgação das novas conceções filosóficas) Aula de Física Experimental (Palácio das Necessidades, a cargo dos Oratorianos) Contributos da Congregação do Oratório (concorrência à Companhia de Jesus) Sobrevivências de aspetos tradicionais
Iluminismo VS Barroco Padre António Vieira (1608-1697): Expoente do Barroco na literatura, filosofia, cultura e na mentalidade (mundividência). O Barroco ainda se prolongou até ao século XVIII em Portugal;
O Padre António Vieira destacou-se no sermão, no discurso; O barroco manifesta-se, por exemplo, na igreja de S. Francisco no Brasil, na catedral Basílica de Salvador, etc. O barroco é muito útil no campo literário, da arte, etc. Do ponto de vista artístico o iluminismo não era muito rico; Na arte Barroca existe elementos religiosos; A arte barroca deve servir para transmitir uma realidade, o que não aconteceu no iluminismo.
Contributos e realizações das luzes pombalinas (D. José I)
Plano sistemático e profundo de reformas no domínio do Estado, Igreja, Educação, Economia, Inquisição, Colónias, etc. de acordo com um modelo de iluminismo católico e no quadro do absolutismo esclarecido. Reforma da Universidade de Coimbra (1772) e de todos os graus do ensino; A inquisição não foi abolida, mas foi mudada radicalmente; Em Portugal, o iluminismo chamava-se “iluminismo católico”; As reformas na educação (escolas) foram as mais bem estruturadas; Não era possível realizar estas reformas sem eliminar o ensino que existia (tiveram de contratar professores estrangeiros. As relações entre o estado e a igreja receberam um avanço: a igreja no seu lugar sem se meter nos assuntos do estado; O poder de educar é papel do Estado não da igreja; Houve reformas em domínios muito importantes.
Arquitetura
Onde a racionalidade impera; Essa racionalidade está presente na reconstrução do país no pós terremoto de 1755 (onde as ruas paralelas substituíram as curvas acentuadas).
O iluminismo dos países do Sul Procurou limitar o poder jurisdicional da Igreja; assumiu a defesa da filosofia moderna; difundiu o espírito laico; renovou a atividade científica, fundando Academias e promovendo a publicação de obras inspiradas nessa Filosofia; propagou a instrução pública mediante uma série de reformas pedagógicas de carácter essencialmente secular; reformou muitas das instituições sociais e políticas; Procurou desenvolver a riqueza protegendo o comércio e a indústria; tentou levantar o nível de vida das populações; e, enfim, para conseguir tudo isso, esforçou-se por utilizar o melhor que pôde as duas grandes ideias que se tinham desenvolvido no mundo ocidental europeu desde o fim da Idade Média: a ideia nacional e a de Monarquia Absoluta. Este iluminismo foi, pode dizer-se, essencialmente Reformismo e Pedagogismo. O seu espírito era, não revolucionário, nem anti-histórico, nem irreligioso como o francês; mas essencialmente progressista, reformista, nacionalista e humanista. Era o iluminismo italiano: um iluminismo essencialmente cristão e católico.”
Luís António Verney
Verdadeiro Método de Estudar (1746) O seu contributo teve na publicação dos seus livros; Muitas das ideias que ele desenvolve nesta obra foram postas em prática por Marquês de Pombal; O autor não assumiu a autoria da obra pois foi publicada em anonimato; A obra foi retirada pela inquisição;
Como a obra é muito critica, o autor teve receio de sofrer represálias pelo facto de criticar de modo aprofundado, direto e irónico a educação em Portugal; Esta obra causou muitas críticas, mas depois acabou por ser usada por Marquês; Verney era católico, mas seguiu o iluminismo católico; Considera que toda a gente devia ter acesso à educação.
Estrutura do Verdadeiro Método de Estudar CARTA I – [Introdução ao estudo da língua portuguesa] CARTA II – [Introdução ao estudo da gramática latina] CARTA III - [Introdução ao estudo da latinidade] CARTA IV – [Introdução ao estudo do Grego e do Hebraico] CARTA V E VI – [Introdução ao estudo da retórica; oratória de púlpito] CARTA VII – [Introdução ao estudo da poesia; poesia portuguesa e engenho] CARTA VIII - [Introdução ao conjunto das Cartas sobre Assuntos Filosóficos: Filosofia Escolástica e Filosofia Moderna] CARTA IX - [introdução à análise da Metafísica] CARTA X - [Introdução ao estudo da Física] CARTA XI - [Introdução ao estudo da Ética] CARTA XII - [Medicina] – defende que devia de ser uma ciência experimental CARTA XIII - [Jurisprudência] CARTA XIV - [Teologia] CARTA XV – [Direito Canónico] CARTA XVI - [Estudos Elementares: Elementos de Fé e normas de civilidade; ler, escrever e contar]
Defende que as mulheres do ponto de vista intelectual têm as mesmas capacidades que os homens. Também defende a eficácia e o método de estudar tem de ser útil e aplicável.
Conceção da filosofia Considera a filosofia como uma ciência “Eu sobponho que a filosofia é conhecer as coisas pelas suas causas, ou conhecer a verdadeira causa das coisas (…)”
Rejeição do princípio de Autoridade
Não é pelo facto de um cientista formar uma opinião que quer dizer que seja verdadeira; Não devemos seguir uma opinião pelo facto de a pessoa que a fez ter autoridade; Deve ser a experiência e a razão que nos leva a formar a nossa própria opinião; Foi muito difícil mudar esta mentalidade no ramo da ciência.
A origem das ideias Segue o John Locke – Afirma que todas as ideias vêm da experiência (foi seguida pela Universidade de Coimbra)
A física segundo Verney: Carta 10ª
O critério da ciência é a experiência; Afirma que os escolásticos só têm “conversa” e não mudam nada; Ou vamos pelo paradigma moderno (defende) ou pelo paradigma escolástico – que leva ao afastamento (horror ao vazio)
O “sistema moderno” é não ter sistema, afirma Verney (A ética de Verney, carta 11ª)
A ética segundo Verney (Carta 11ª) “Não entendo por Ética aquela infinita especulação que não estabelece máxima alguma útil para a vida civil ou religião, mas que passa o seu tempo em disputar mil questões curiosas, e superficialmente toca as necessárias, e, em lugar de mostrar ao Homem as suas obrigações, é causa de perder tempo com coisas ridículas e metafísicas sumamente desnecessárias.”
Definição de ÉTICA:
“O que entendo por Ética é aquela parte da Filosofia que mostra aos Homens a verdadeira felicidade, e regula as ações para o conseguir.” (p. 254)
Igualdade moral e nobreza em Verney:
Fundamentação moral de uma conceção moderna da igualdade de todos os homens (e mulheres), com laivos protoburgueses e meritocráticos; relacionada com a matriz do direito natural (conceções éticas de Verney); Contraposição entre “Nobreza hereditária” (titulada ou de sangue) e Nobreza enquanto “merecimento” moral (equivalente mérito).
Pombalismo e Filosofia política (1750-1777): do jusdivinismo ao jusnaturalismo
JUSDIVINISMO – Direito divino dos reis JUSNATURALISMO ou JUSRACIONALISMO– Direito Natural Moderno (Filosofia Política e Jurídica de acordo com os parâmetros de secularização/ metodologia racionalista da ilustração)
V.G. HOBBES, LOCKE, ROUSSEAU, PUFFENDORF, BURLAMAQUI, VATTEL, ETC – procuravam justificar a tese do direito natural com os argumentos. A cultura política que se procurou ensinar as pessoas era que havia apenas um regime aceitável (a monarquia absoluta - poder concentrado nas mãos do monarca).
Modelo do Direito Natural Moderno ou jusnaturalismo
ESTADO DE NATUREZA (situação imaginária ou primitiva em que não existe Estado, Governo ou Leis). Igualdade/liberdade Contrato(s)
ESTADO CIVIL (sociedade politicamente organizada - Estado, Governo, Leis, etc.; liberdade natural mais ou menos limitada, desigualdade entre governantes/governados
Tese fundamental do artigo: Fundamentação teórica do absolutismo esclarecido mudou de acordo com as diferentes conjunturas sociais e económicas no reinado de D. João I. Duas fases ou momentos: (1750-70) – “confronto” com a igreja; (1770-77)
“confronto” com a sociedade civil. Usou-se a Bíblia, os livros, etc. para justificarem esta teoria. Uma primeira impressão de liberdade foi em relação à nobreza – liberdade, mas com obediência.
1ª Fase da Doutrinação:
Discurso teológico e jus canónico Histórico e jurídico
2ª Fase de Doutrinação: - “Incorporação do discurso jusnaturalista na ideologia do absolutismo” (p.2) A religião foi usada e instrumentalizada para justificar a tese de que deviam ser submetidas ao poder do rei, ou seja, era uma forma de manter as pessoas controladas. Se não seguissem o regime iam pôr em causa a religião e isso custaria às pessoas o seu papel no “céu”. Quem pusesse em causa o regime político punha em causa a sua devoção de Deus. Esta visão dominou até à revolução liberal, as pessoas eram impedidas de ler, escrever obras proibidas e de exprimirem o que pensavam, de modo a reprimir o pensamento das pessoas.
Um autor que se distinguiu foi Pereira de Figueiredo:
O pensamento deste trata exclusivamente do problema das relações entre o Estado e a Igreja; Procura justificar: a autonomia do Estado nos aspetos temporais; a “incompetência da igreja fora do campo puramente espiritual”.
Do absolutismo ao liberalismo (1777-1820)
Reinado de D. Maria I (1777-1792) – “A viradeira” Regência (1792-1816) e Reinado de D. João VI (1816-1826):
- Final do absolutismo; - Este processo de evolução do absolutismo ao liberalismo teve diversos fatores: - Fatores, tendências, dinâmicas, contributos; - Reformistas; - Revolucionários (algumas correntes consideravam que através da revolução se podia chegar ao liberalismo);
Diogo Inácio de Pina Manique – Intendente Geral da polícia (1780 – 1802):
É o criador da casa Pia; Era considerado um terror pois andava por tolo o lado e era contra quem se impusesse contra o regime; Era o terror de todas as revolucionárias; Ele participou nas reformas pombalinas porque implantou a luz em algumas regiões; Ele interpretava que a importação de vestuário vindo de França era perigoso, pois era um país revolucionário; Quanto mais repressivas as sociedades mais tempo demora a mudança.
Fatores Reformistas Institucionais:
Reforma da Universidade de Coimbra (1772) - Ensino e difusão da ciência moderna/ Método Experimental; - Ensino do Direito Natural (jus naturalismo) na faculdade Direito;
Fundação da Academia Real das Ciências de Lisboa (1779) As sua Memórias Literárias e Científicas estavam isentas de censura prévia. Criação de uma sociabilidade científica mais livre e de uma nova elite intelectual e científica.
Estes fatores fizeram com que as pessoas fossem mais propicias a pensamentos diferentes e modernos (liberalismo) e levaram ao fim do absolutismo.
Contributos revolucionários:
Os poetas e a difusão de ideais revolucionários e liberais através da poesia; O impacto e a projeção da Revolução Francesa (1789) na intelectualidade europeia.
A revolução Francesa (1789) A França, em 1789, era um país falido. Os exageros da corte, os gastos excessivos com guerras, a indisposição com a Inglaterra e os privilégios dispensados ao clero e à nobreza, fizeram aumentar a insatisfação da população. A sociedade civil era dividida entre o clero, a nobreza e a burguesia, essa última, formada por parte da população que pagava impostos. Esse impostos eram altos, e serviam para custear a boa vida da corte, do clero e da nobreza. Esse foi um dos motivos que levaram a população a se revoltar. A incapacidade do rei no governo também motivou a revolução. Além de levar o país à falência com a péssima administração econômica, ele ainda controlava os tribunais e fazia condenações injustas, de acordo com a sua vontade. Os presos eram levados à fortaleza da Bastilha, que depois foi invadida pela população.
O que foi a Revolução Francesa Com tantas injustiças, a população se revoltou contra o rei e seu poder absoluto. As principais reivindicações eram o fim dos privilégios que o clero e a nobreza desfrutavam e a instauração da igualdade civil. O movimento teve o apoio dos burgueses, que viam a má administração como um empecilho para o desenvolvimento do capitalismo. Vários intelectuais também denunciavam a situação, e buscavam conscientizar as pessoas.
As principais causas da Revolução Francesa:
A crise financeira sofrida pelo país antes da revolução (uma das principais causas); Os envolvimentos da França na Guerra de Independência dos Estados Unidos, além da participação e derrota na Guerra dos Sete Anos; O regime político do país, que era governado pelo absolutismo do rei; A ascensão da classe burguesa, que desejava mais liberdade em relação ao comércio e o fim dos altos impostos; O movimento cultural e intelectual iluminista, que buscava a reforma social e o fim dos pensamentos medievais;
Fases da Revolução Francesa: A revolução francesa pode ser dividida em fases, e uma série de medidas que motivaram ainda mais a revolução. A primeira fase foi marcada pela convocação da Assembleia dos Estados
Gerais, em 5 de maio de 1789, pelo rei Luis XVI. Os estados eram o clero, como 1o estado, a nobreza como 2o, e os representantes da maioria da população, que eram deputados do 3o estado. O principal motivo dessa convocação era a preocupação do rei em relação à situação econômica do país. Ele propôs a criação de um novo imposto, a ser cobrado do 1o e 2o estado, mas isso gerou revolta entre os membros do clero e da nobreza, que votaram, obviamente, contra esse novo imposto. Como consequência, uma nova votação foi realizada, para cobrar mais impostos do 3o estado. Como cada estado tinha direito somente a um voto, e não era por representante, essa proposta venceu com dois votos a favor, do 1o e 2o estado e um voto contra do 3o estado, que afinal, era a parcela da população que já sofria com as cobranças abusivas. A reação dos representantes do 3o estado foi de exigir que a votação fosse por representante, mas foi negada pelo rei. Com a rejeição, o 3o estado então se auto proclamou Assembleia Geral Nacional. Com isso, as decisões não seriam mais votadas entre os estados. O rei ficou surpreso com a audácia, e determinou o fechamento da sala onde ocorria assembleia. Os deputados do 3o estado então se reuniram em uma sala onde a nobreza costumava participar de jogos, e decidiram que ficariam ali reunidos até instauração de uma constituição. Após esse evento, a população invadiu a fortaleza de Bastilha em Paris, em 1789, com o objetivo de demonstrar simbolicamente a queda do absolutismo. A Queda de Bastilha foi o evento máximo e decisivo para o início da Revolução Francesa, pois era a prisão para a qual o rei enviava injustamente os condenados. Foi um evento tão importante, que até hoje o dia de 14 de julho é um feriado nacional, comemorado na França como a “Festa da Federação “. Após a invasão de Bastilha, a Assembleia Geral Nacional se transformou em Assembleia Constituinte, onde os deputados elaboraram uma constituição que determinou o fim dos privilégios feudais e de nascimento, a igualdade de todos perante a lei e a garantia de propriedade. Foi feito um juramento, que deu origem ao lema da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.
Em 1791, foi votada e aprovada a constituição que estabelecia a Monarquia Parlamentar e limitava o poder do rei pela atuação do parlamento, que era formado por uma parte da burguesia. Na prática, o poder continuava nas mãos de uma minoria privilegiada. O povo francês ainda permanecia sob os abusos dos impostos, e isso gerou uma radicalização do movimento revolucionário. O fim dessa fase marca o momento mais tenso da Revolução Francesa, quando a população é convocada para lutar contra o conservadorismo que dominava a Assembleia. Segunda fase da Revolução Francesa A segunda fase é considerada a mais popular do movimento. Os burgueses haviam proclamado uma república – a República Girondina, em setembro de 1792, transferindo o poder do rei para a própria burguesia, dando fim à monarquia.
O rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta buscavam reestabelecer o poder, e para isso se aliaram à Áustria, que tinha intenções de invadir a França. Os burgueses descobriram e prenderam Luís XVI e Maria Antonieta, acusados de traição. Luís XVI foi condenado e morreu em janeiro de 1793 na guilhotina, e em setembro do mesmo ano, Maria Antonieta foi decapitada. Com isso, o movimento revolucionário, agora mais popular, crescia cada vez mais, e era liderado pelo grupo chamado de Jacobinos. Em um cenário de guerra civil, os Jacobinos conseguiram derrubar os Girondinos do poder, e instituíram uma nova constituição, em 1793. Entre os pontos mais importantes da constituição, estavam alguns princípios que agradavam as classes populares:
Extinção da escravidão negra nas colônias francesas; Criação do Tribunal Revolucionário, que julgava os contrários a revolução, que eram condenados à guilhotina; A reforma Agrária, que confiscava as terras do clero e da nobreza, dividindo-os em lotes para serem vendidos aos camponeses, que podiam pagar em 10 anos; A organização do Comitê de Salvação Pública, formado pelos responsáveis do poder executivo, e o Comitê de Segurança Pública, responsável por investigar os suspeitos de traição; Venda de bens públicos e de emigrados para reestabelecer a economia pública; A Lei do Preço Máximo, estabelecendo um teto para salários e preços de produtos; O Sufrágio Universal, que determinava que todos os cidadãos homens maiores podiam votar.
Apesar de agradar a maioria da população, o governo dos Jacobinos se tornou ditatorial. Eles decidiram que, para se estabelecer uma democracia e garantir as conquistas instituídas, era necessário impor o poder à população, e condenar os suspeitos de traição à guilhotina. Esse período ficou conhecido como a Era do Terror, e teve como líder supremo o jacobino Maximilien Robespierre. Foi o momento da Revolução Francesa que mais se utilizou a guilhotina, até mesmo líderes jacobinos próximos a Robespierra foram guilhotinados. O caráter repressor do novo governo motivou os Girondinos a articularem um golpe de estado, que daria origem à terceira fase da Revolução Francesa.
Terceira fase da Revolução Francesa Na terceira fase, o Comitê de Salvação Pública condena Robespierre e outros líderes jacobinos à morte, dando fim à Era do Terror em 27 de julho de 1794. Essa data ficou conhecida como “9 do Termidor”, e caracterizou o golpe que retornaria os Girondinos ao poder. Era o fim da participação popular na Revolução Francesa. O novo governo foi denominado Diretório, e foi responsável por elaborar a nova constituição. Com o apoio do exército, o governo Diretório manteria a burguesia protegida da república jacobina e do antigo regime. Apesar disso, as outras camadas sociais não respeitavam o governo, os burgueses mais influentes percebiam os riscos de uma queda do Diretório diante dos inimigos internos e
externos. Eles acreditavam que era necessária uma intervenção militar para manter a ordem e os lucros. O general francês mais popular da época, Napoleão Bonaparte, que havia retornado do Egito, teve o apoio de alguns diretores e de toda a burguesia para extinguir o Diretório e instaurar o Consulado. Esse golpe, que ocorreu em 9 de novembro de 1799, ficou conhecido como “18 de Brumário “, e deu início à era napoleônica na França. A Revolução Francesa foi um dos acontecimentos mais conturbados da História e uma das mais importantes revoluções, que estimulou o início da Idade Contemporânea.
José Anastácio da Cunha (1744-1787)
Foi perseguido pela censura; Poeta notável com um estilo inovador, mas também pelo conteúdo que defende; O mais importante não é o aspeto literário, mas sim o facto de transmitirem o que defendem através da poesia (o amor e as suas ideias); Defendiam ideias que na altura eram inaceitáveis e perigosas para a sociedade.
Bocage (1765 – 1805)
É uma figura muito importante neste processo de questionamento; O amor é uma ideia presente nos seus poemas (a partir do século XVIII); Como o amor não é controlável é perigoso para as sociedades; Quando mencionava o amor punha em causa a política e a religião; Considerava-se que o amor livre de 2 pessoas pera aceitável; Deu à mulher um papel livre no seu poema, ou seja, defende o papel feminista.
Ofício sobre prisão de Bocage (Pina Manique, 1797) “Consta nesta Intendência que Manuel Maria Barboza de Bocage e o autor de alguns papeis impios, sediciosos e críticos, que nestes últimos tempos se tem espalhado por esta Corte e Reino; que desordenado nos costumes, que não conhece as obrigações da Religião, que tem a fortuna de professar, e que há muitos anos não satisfaz aos Sacramentos, a que obriga o preceito de ir todos os anos buscar os Sacramentos da Penitencia e Eucharistia á freguesia onde vive.” Poema “Epístola a Marília”
Fala sobre o amor/paixão/ desejo carnal de uma forma banal e não como um pecado como até ali era dito (“amor livre”).
Constitui uma crítica contundente ao conceito de um Deus castigador, punitivo e pouco sensível ao sofrimento da humanidade – à revelia dos ideais cristãos – que grande parte do clero perfilhava; mas também consubstancia um ato de subversão na medida em que convida Marília "à mais velha cerimónia do mundo", independentemente da moral vigente e dos valores cristalizados. Estava, à luz dos conceitos da época, de certa maneira, a minar as bases da sociedade, pondo em causa a própria família. Os referidos poemas, bem como o seu estilo de vida, estiveram na origem do seu encarceramento, por ordem irreversível de Pina Manique, irrepreensível guardião da moral e
dos costumes da sociedade. A prisão do Limoeiro, os cárceres da Inquisição, o Mosteiro de S. Bento e o Hospício das Necessidades, por onde sucessivamente passou para ser "reeducado", não o demoveram da sua filosofia de vida, estuante de liberdade, interveniente, pugnando pela justiça, assumindo-se integralmente, ferindo os sons da lira em demanda do apuro formal que melhor veiculasse as suas legítimas preocupações. Só cerca de cinquenta anos após o falecimento de Bocage, foram publicadas pela primeira vez as suas poesias eróticas.
Filinto Elíseo (1734-1819)
Fala sobre questões políticas e sociais Faz uma critica a todos os abusos de poder Defende que tudo isso vai contra as dinâmicas da justiça e da liberdade. Defende a revolução francesa.
O liberalismo e a construção de um Portugal moderno (1820-1851)
Interessa os fatores mentais (do ponto de vista político); Século XVII é o século atribuído a grandes transformações (guerras, conflitos)
Sociais, políticas, económicas, literários – influencia das ideias liberais
Neoliberalismo: recuperação da ideia do pensamento (pensamento liberal tem uma ideia moderna)
Introdução ao estudo da ideologia liberal
O que é o liberalismo? Quando surgiu? Que grupos/classes sociais ou defenderam? Liberalismo (ideologia política, filosofia política, doutrina social e política); Conceção que defende a liberdade individual como o valor primacial, face à opressão/ interferência do ESTADO/ SOCIEDADE.
O seculo XIX foi o seculo do liberalismo para Portugal, mas em muitos países não é bem aceite. O liberalismo era a defesa da liberdade do individuo (valor primacial), mas não é liberdade absoluta. O liberalismo combateu a monarquia absoluta pois não havia liberdade individual. Para o liberalismo há muitas dimensões de liberdade:
- Económica (mercado livre sem interferência do estado), liberdade de trocar, vender, comprar produtos. Havia uma intervenção abusiva do estado na monarquia – a grande figura do liberalismo económico foi Adam Smith. - Liberdade Religiosa: Ainda hoje as pessoas não são livres devido à sua religião. As pessoas não eram livres de escolher outra religião para além da católica. Apesar de os liberalistas defenderem a liberdade religiosa ainda não teria sido conseguido. um dos direitos básicos individuais do homem é a liberdade de expressão e muitas das culturas não aceitavam a liberdade religiosa porque não havia individualismo. Génese e surgimento do liberalismo (séc. XVII)
Século XVII (Locke) – um dos pais do liberalismo; Século XVIII (Adam Smith) – em termos económicos; O termo “liberal” (partidário ou defensor de uma conceção liberal, diferente do socialismo ou do conservadorismo) só apareceu no século XIX, em Espanha, em 1812 (“Partido” espanhol dos liberais) – começa a adotar-se um termo; nos EUA o termo significava uma mentalidade mais avançada.
Contributo de Adam Smith e do “iluminismo escocês”
Pensamento de Adam Smith Plano liberal de IGUALDADE LIBERDADE JUSTIÇA
Em plena época do Iluminismo, Adam Smith tornou-se um dos principais teóricos do liberalismo econômico. Sua principal teoria baseava-se na ideia de que deveria haver total liberdade econômica para que a iniciativa privada pudesse se desenvolver, sem a intervenção do Estado. A livre concorrência entre os empresários regularia o mercado, provocando a queda de preços e as inovações tecnológicas necessárias para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar o ritmo de produção. As ideias de Adam Smith tiveram uma grande influência na burguesia europeia do século XVIII, pois atacavam a política econômica mercantilista promovida pelos reis absolutistas, além de contestar o regime de direitos feudais que ainda persistia em muitas regiões rurais da Europa. A teoria de Adam Smith foi de fundamental importância para o desenvolvimento do capitalismo nos séculos XIX e XX